Eletrodomésticos com IA valem a pena? Entenda o que muda na prática
Por Elisa Fontes |

A inteligência artificial começou a transformar os eletrodomésticos e ampliou o conceito de casa inteligente. Antes restrita a dispositivos conectados pela internet das coisas (IoT), a smart home agora inclui eletrodomésticos capazes de aprender hábitos, otimizar recursos e tomar decisões sozinhos. Mas, na prática, a IA realmente melhora a experiência do consumidor?
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Produtos smart prometem mais otimização, como lavadoras de roupa que gastam menos água e ares-condicionados que consomem menos energia. Isso tudo porque os eletrodomésticos recebem a tecnologia que consegue identificar padrões, registrar o comportamento dos usuários e ajustar automaticamente seu funcionamento.
Diferente de uma simples automação de processos e de rotinas pré-estabelecidas, a IA nos eletros é capaz de tomar decisões com base em parâmetros e sensores, de acordo com o pesquisador do Laboratório de Sistemas Integráveis e professor da Escola Politécnica da USP, Renato Franzin.
Em entrevista ao Podcast Canaltech, o especialista usou como exemplo um forno capaz de identificar um alimento que é colocado nele e indicar a temperatura e o tempo ideal para assá-lo.
“Antes você tinha um parâmetro que era a temperatura. Agora você pode regular a temperatura e se a casca [do alimento] está mais dourada ou não, esse tipo de coisa, através de uma câmera. Essas possibilidades de agregar novos parâmetros no dia a dia desses eletros faz com que você tenha mais parâmetros para tomar decisões sobre o que está acontecendo lá dentro. E, na hora que você fala em tomar decisões, você pode usar alguma coisa mais sofisticada como a IA”, indicou.
Eletros que decidem por conta própria
A introdução da IA nos eletrodomésticos vai além de uma evolução apenas na maneira em que essas máquinas são fabricadas. De acordo com o especialista, até mesmo a relação do usuário com esses produtos muda, já que muitas vezes elimina o ciclo de aprendizado que o consumidor adquire ao utilizar os eletros.
As tentativas e erros com uma máquina de lavar ou uma secadora de roupas, por exemplo, podem ser substituídas pelo comando de uma IA. Antes, era preciso descobrir o que fazia uma roupa sair encolhida da secadora. Agora, esse tipo de erro é praticamente reduzido a zero quando o próprio equipamento se autorregula.
Quem realmente se beneficia da IA doméstica?
O pesquisador explicou que o avanço da IA nos eletrodomésticos só foi possível devido a três fatores principais:
- Miniaturização da eletrônica: componentes que se encaixam em qualquer espaço;
- Sensores mais acessíveis: isso permitiu medição de novos parâmetros;
- Reaproveitamento tecnológico: linhas de produção de tecnologias que se tornaram obsoletas rapidamente ficaram economicamente viáveis para serem usadas em eletrodomésticos, barateando o custo de hardware e software.
Fabricantes coreanos, como Samsung e LG, são considerados pioneiros no avanço de eletros com IA, principalmente por vislumbrarem o mercado americano de alto consumo. Olhando para o Brasil, o custo desses eletrodomésticos ainda é considerado alto para boa parte da população. Popularizar o uso desses produtos é uma questão que depende não apenas do custo, mas também da complexidade em fazê-los funcionar.
“Não adianta nada você tirar 10 minutos de trabalho de você na máquina de lavar roupa e colocar 20 minutos para programar alguma coisa no celular para que aquela máquina funcione”, pontuou Renato.
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