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Taxas de conveniência para compra de ingressos online pode ser cobrança abusiva

Por| 27 de Novembro de 2018 às 19h05

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Taxas de conveniência para compra de ingressos online pode ser cobrança abusiva
Taxas de conveniência para compra de ingressos online pode ser cobrança abusiva

Comprar ingressos para shows, eventos, cinemas ou outras produções culturais sem sair de casa tem ficado cada vez mais fácil. Sites e aplicativos oferecem agilidade e muitos deles ofertam praticidade na hora de retirar os ingressos, com entrega em domicílio ou mesmo a possibilidade de imprimir as entradas em casa. Rafael Santos, do site Ingresso Rápido, explica: "A taxa de conveniência permite ao consumidor escolher a melhor forma de adquirir seu ingresso, seja no site, no aplicativo, nos pontos de venda autorizados, como se estivesse na própria bilheteria do evento. Isto com comodidade sem precisar se deslocar até o local, o que provavelmente geraria gastos com transporte, estacionamento e perda de tempo no trânsito".

O problema é que nem sempre essa comodidade custa barato. Em alguns sites, a taxa de conveniência chega a dobrar o valor do ingresso, mesmo para clientes que pagam meia entrada. Para o PROCON, taxas que ultrapassem 20% do valor do evento ou serviços que cobrem taxas dobradas na compra de dois ingressos podem ser consideradas cobranças abusivas. No estado do Rio de Janeiro, há uma legislação que limita a 10% do preço do ingresso o valor máximo para a taxa de conveniência, a fim de se evitar o exagero. No âmbito federal, há projetos de lei em andamento que visam limitar as cobranças, sendo que diversos órgãos e associações de direito dos consumidores já entraram com ações coletivas na Justiça contra empresas que oferecem os serviços.

Segundo Rafael Santos, do site Ingresso Rápido, quando um cliente opta por comprar uma entrada para um evento no site, o valor referente ao ingresso é repassado aos organizadores do espetáculo e a taxa de conveniência fica como lucro para a empresa. Sérgio Bicca, diretor nacional do programa de qualidade da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc Brasil), afirma que "a venda online de ingressos é um serviço e, portanto, é justo que as empresas que oferecem este serviço sejam remuneradas". Entretanto, Bicca também pondera: "o modelo ainda pode ser aperfeiçoado, com uma taxa menor ou isenção para compra em pontos de venda físicos ou valor máximo em vez de percentagem quando o preço do ingresso é alto". Para ele, a tendência é que, com a concorrência na área aumentando, assim como novas opções de meios de pagamento, os custos totais para os consumidores finais sejam reduzidos.

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Bicca parece estar certo. O setor de eventos corresponde a aproximadamente 4% do PIB brasileiro e tem ofertado aos consumidores novas opções para a conveniência na aquisição de ingressos. Dentre os novos serviços ofertados está o aplicativo Vamo, disponível para Android  e iOS. O Vamo foi fundado em 2014 com a proposta de baratear a compra de ingressos para os consumidores finais. Apostando em processos automatizados e estrutura enxuta, o Vamo cobra apenas 4,9% de taxa de conveniência. Segundo o gerente geral e COO do aplicativo, Matheus Bourg, o modelo de negócios é possível devido ao desenvolvimento de um gateway de pagamentos próprio: "Isso faz com que a gente não dependa de um terceiro player para processar as transações decorrentes da venda de ingressos, o que acaba barateando o processo de compra para o consumidor final".

Bourg também explica que ofertar taxas de conveniência mais baixas para o consumidor final significa um maior número de vendas para os organizadores dos eventos: "Hoje a taxa de conveniência funciona como uma barreira entre o público geral e o evento, já que ela por si só pode representar a diferença entre um consumidor ir ou não a um evento no qual ele tem interesse. O preço do ingresso, que a princípio seria o fator determinante para uma venda acontecer ou não, acaba ficando em segundo plano, já que além do valor base do ticket o usuário ainda precisa se preocupar em desembolsar um valor adicional por algo que nem sempre é justificado de maneira transparente".

Entretanto, não são todos os consumidores que se sentem confortáveis em desfrutar da comodidade que os serviços de conveniência ofertam. Embora a compra de ingressos online tenha aumentado nos últimos anos, a adesão ainda é tímida se comparada ao crescimento das vendas em e-commerce em geral. " Ainda existe uma série de barreiras — algumas bem particulares a cada região do país — que fazem com que a venda offline de ingressos ainda seja a primeira dos consumidores, mesmo com alternativas à disposição. A taxa de conveniência é, e isso já tem alguns anos, talvez a maior dessas barreiras", explica Bourg.