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Magalu ganha forte aliado tecnológico com AliExpress, avaliam especialistas

Por| Editado por Léo Müller | 26 de Junho de 2024 às 08h00

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Danilo Berti/Canaltech
Danilo Berti/Canaltech
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O anúncio da parceria entre Magalu e AliExpress agradou o mercado financeiro e fez as ações do Magazine Luiza (MGLU3) subirem 13%, na manhã da última segunda-feira (24). O Canaltech conversou com dois especialistas em e-commerce para entender o novo momento das empresas, assim como os ganhos em tecnologia com a colaboração.

Recapitulando a parceria

Na última segunda-feira (24), o Magalu e o AliExpress firmaram uma parceria histórica para facilitar o acesso não só de produtos importados no mercado brasileiro, como também de bens duráveis na plataforma chinesa.

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A partir de 31 de julho, o AliExpress vai se tornar um vendedor no marketplace do Magalu, comercializando itens da categoria Choice, com aplicação do certificado de Remessa Conforme. Já o Magalu irá ter a própria página no AliExpress, onde venderá bens duráveis e de alto custo, como eletrodomésticos e móveis.

Ainda sobre os produtos, tanto o Magalu quanto o AliExpress garantem que haverá um controle para evitar a venda de itens irregulares. As duas plataformas vão continuar usando técnicas já estabelecidas para impedir a entrada de possíveis produtos piratas nos catálogos.

Em relação aos impostos, a parceria não muda as taxas que os clientes de ambas as lojas já pagam, de acordo com o programa Remessa Conforme. O e-commerce brasileiro ainda explicou, em comunicado oficial, que não haverá diferença na taxação dos produtos entre Magalu e AliExpress.

Parceria inédita para ambos os lados

A parceria com o AliExpress é um movimento inédito no mercado de comércio digital do Brasil. Em vez de enxergar a plataforma chinesa como um concorrente, o Magalu se uniu aos asiáticos para que ambas as empresas pudessem crescer em seus respectivos territórios.

Em conversa com o Canaltech, Rafael Coimbra — professor do MBA em Marketing e Inteligência de Negócios Digitais da FGV —, explicou que, há muito tempo, a competição no mundo do e-commerce não é mais nacional.

Para Coimbra, o Magalu saiu na frente na corrida pela diferenciação e, no caminho, ganhou um forte aliado tanto em termos de tecnologia quanto estratégia de marketing.

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“Apesar do AliExpress não faturar tanto quanto outras empresas, ele tem grande circulação de exposição, estratégias de marketing muito agressivas de gameficação e usam muito a tecnologia para o consumidor ficar voltando para fazer mais compras”.

Essas tecnologias incluem uma extensa gamificação da experiência de compra, que garante recompensas, cashback que aumenta conforme o número de itens no carrinho, descontos progressivos, entre outras. A ideia é que os consumidores voltem à loja de forma recorrente para adquirir os produtos de preços mais baixos.

Tecnologia no e-commerce

Ainda no campo da tecnologia, as plataformas asiáticas estudam bastante o público pelas redes sociais antes de lançar um produto. Coimbra deu como exemplo a Shein, que trabalha com produção sob demanda ajustada.

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Em vez de produzir 50 mil camisas logo de cara, a Shein anuncia o produto pelo aplicativo e pelas redes sociais para ver se as pessoas têm interesse. Se a resposta for forte, a loja aciona os fornecedores e ajusta a produção, eliminando a necessidade de estoque.

É esse tipo de experiência tecnológica que o AliExpress pode oferecer ao Magalu. Como os produtos serão importados por meio da Remessa Conforme, dá para otimizar a logística e evitar uma possível importação excessiva.

Inovação

No ano passado, o Magalu fez um movimento inovador parecido ao anunciar o Magalu Cloud, tornando-se a primeira empresa varejista a migrar para uma nuvem pública no Brasil. Antes, a Amazon dominava o mercado com a Amazon Web Services (AWS).

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Assim como aconteceu com o Magalu Cloud, a parceria com o AliExpress é uma aposta para não só se diferenciar no mercado, como também oferecer mais opções aos consumidores.

Coimbra concluiu dizendo que, embora a parceria seja inovadora, a tendência é que outras empresas adotem estratégias parecidas no futuro. Afinal, quem decide onde comprar ainda é o consumidor.

Para o professor, as demais companhias do setor vão sofrer pressão a curto prazo para inovar no mesmo sentido que o Magalu.

“Quem tem mais sortimento, vende mais”

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O Canaltech também conversou com Roberto Wajnsztok, analista e sócio-diretor da Gouvêa Consulting, empresa da Gouvêa Ecosystem, que considerou o movimento positivo para o Magalu. Segundo o especialista em e-commerce, a parceria aumentará o número de vendas devido à maior oferta de produtos.

“No e-commerce, quem tem mais sortimento, vende mais. O link é perfeito, e o Magalu sabe disso. É com essa tacada que o Magalu tem, automaticamente, o potencial grande de aumentar o faturamento”.

Marketplace é o futuro do e-commerce

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Wajnsztok acredita que o modelo de marketplace (ou 3P) é o novo padrão do comércio digital. A Americanas S.A., por exemplo, adotou o modelo 3P para 90% da operação, após iniciar o processo de recuperação judicial.

“O produto brasileiro não tem competitividade. Não importa taxa de blusinha, Remessa Conforme ou o que inventarem. Não temos, hoje, no Brasil, capacidade de competir com produtos asiáticos, mesmo com taxações mais agressivas. O nosso produto já de largada é mais caro, por todos os motivos internos. Tanto é que os varejistas brasileiros, há décadas, importam de outros países”.

Buscando aumentar o sortimento da loja, o Magalu firmou a parceria com o AliExpress. Por outro lado, o Alibaba — dono da plataforma chinesa — passa a ter um aliado local que pode atuar como protetor no mercado brasileiro, segundo Wajnsztok.

O analista concluiu dizendo que a colaboração só foi possível devido à maturidade do Alibaba em relação ao mercado brasileiro. A empresa já conhece o Brasil e, por isso, também faz um movimento positivo com a parceria, na visão do especialista.