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Mercado Livre | Vendedores alertam para “golpe da pedra” no marketplace

Por| 07 de Junho de 2018 às 12h53

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Pedras, tijolos, reboco, areia e cimento têm sido as novas armas de golpistas que utilizam o Mercado Livre para a prática do estelionato. É uma artimanha não necessariamente nova, mas que vem ganhando força ao longo dos últimos anos com base em políticas de devolução de dinheiro do próprio marketplace, além de leis brasileiras que garantem a desistência e o retorno de produtos comprados pelo comércio eletrônico, seja por arrependimento, defeitos de fabricação ou avarias durante o transporte.

É o chamado “golpe da pedra”, com cada vez mais ocorrências sendo registradas principalmente no YouTube. Ao receber um produto de alto valor, normalmente smartphones ou videogames, o comprador mal-intencionado registra uma reclamação junto ao Mercado Livre exigindo a devolução por defeito ou quebra no transporte. O serviço, então, aceita o pedido, gerando uma etiqueta para retorno. É aí que o estelionato acontece.

Ao receber a caixa de volta, o vendedor se surpreende com a presença de lixo, pedras ou tijolos em seu interior, como uma forma de simular o peso do produto original. Enquanto isso, o golpista fica com o produto e também com o dinheiro. Tentativas de contato, é claro, se mostram infrutíferas e, muitas vezes, os criminosos fazem uso de artimanhas como contas e endereços falsos para não serem rastreados.

Aconteceu, por exemplo, com Odilon Ribeiro, que enviou uma denúncia ao Canaltech após a venda malsucedida de um smartphone Moto X4 no valor de R$ 1.200. Ele diz que, desde o início, desconfiou do nome de usuário esquisito usado pelo comprador, constituído por letras e números aparentemente aleatórios, além de ter notado que o endereço utilizado não existia.

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O produto foi retirado em uma agência dos Correios devido à impossibilidade de entrega e, na sequência, veio a reclamação. Tentativas de contato entre vendedor e comprador não tiveram sucesso, com o Mercado Livre intervindo e autorizando o retorno do produto, com devolução do dinheiro, mesmo com Ribeiro alertando ao serviço sobre a possibilidade de golpe. Ele não ficou surpreso quando a caixa chegou e, em vez de conter um celular, ela estava cheia de pedras.

A greve dos caminhoneiros, que parou o país nas últimas semanas, teria tornado o processo ainda mais demorado, entre a postagem e a devolução do dinheiro até a constatação do golpe. O vendedor afirma, ainda, que não obteve nenhum tipo de resposta do Mercado Livre sobre o assunto e que permanece com o prejuízo.

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Ganhou notoriedade, em meados de maio, outro caso desse tipo sofrido pela loja Marketplace Imports. Em um vídeo que, até o momento de produção desta reportagem, já acumula quase 700 mil visualizações, o vendedor Alberto Scherrer registra a abertura da caixa onde deveria estar um Xbox One X, supostamente avariado durante o transporte. No interior da embalagem do console, porém, estão peças de espuma e duas pedras, um desfecho do qual ele já desconfiava devido a inconsistências no peso da caixa e, também, por conseguir ouvir areia em seu interior.

O alcance da publicação, entretanto, levou a uma resolução amigável para o vendedor, que afirma ter contado até mesmo com o apoio de populares para falar diretamente com o comprador. Em uma segunda postagem, também no YouTube, ele afirma já ter recebido parte do pagamento, com valor total de R$ 2.960, e negociado o restante do ressarcimento pela compra do console em quatro parcelas.

Em nenhum momento, porém, ele cita ter contado com o auxílio do Mercado Livre nessa resolução. Scherrer também não respondeu ao contato do Canaltech sobre o assunto.

Leis e normas distorcidas

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O principal ponto a ser ressaltado aqui é a existência não apenas de políticas do próprio Mercado Livre que permitem esse tipo de golpe, mas também de leis federais que parecem ter dado origem à prática. Em seus termos de uso, por exemplo, o marketplace garante a devolução do dinheiro aos compradores no caso de desistência ou problemas, desde que a transação tenha sido feita pelo seu sistema de pagamentos, o Mercado Pago.

O serviço, por exemplo, afirma ter um programa de proteção ao vendedor, voltado, justamente, para evitar problemas desse tipo. Comprovantes de envio ou entrega dos produtos são exigidos durante disputas desse tipo, com a companhia afirmando defender os lojistas no caso de tentativas de golpe por meio de contestações nas transações de cartão de crédito.

Já o artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor também legisla sobre o assunto, dando ao comprador o direito de se arrepender da compra de produtos adquiridos fora de um estabelecimento comercial – pela internet ou por telefone, por exemplo – em até sete dias corridos, obrigando a loja a devolver os valores pagos de maneira integral. No caso de defeitos, o tratamento é feito de maneira diferente, mas muitas lojas aplicam as mesmas normas como forma de reduzir os transtornos aos clientes.

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É justamente esse o caminho usado pelos clientes para realização dos golpes. De olho nas normas, as reclamações são registradas no momento do recebimento dos produtos, com a devolução sendo aceita pelo Mercado Livre e o dinheiro devolvido uma vez que o item é postado de volta. Ao mesmo tempo, interrompem qualquer contato com o vendedor.

Atualização 08/06/2018 15h44: Em resposta, o Mercado Livre disse repudiar qualquer atitude que prejudique sua comunidade de usuários e que irá investigar os casos citados pela reportagem. Além disso, a empresa também afirma estar analisando o atendimento dados aos vendedores que passaram pelos problemas, em busca de soluções.

Confira a nota na íntegra:

O Mercado Livre repudia qualquer atitude que vise a prejudicar sua comunidade de usuários. A companhia irá investigar os casos em questão e, assim que tiver as confirmações, aplicará as sanções previstas nos termos e condições de uso da plataforma. O atendimento prestado aos vendedores também está em análise interna para que se tomem as medidas necessárias para a solução do ocorrido.

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Atualização 08/06/2018 20h52: Em novo contato com o Canaltech, o Mercado Livre prestou mais esclarecimentos e deu novas informações sobre os golpes que vêm sendo realizados em sua plataforma. De acordo com Adriana Lutfi, gerente de comunicação corporativa da empresa, o e-commerce atuou ao lado dos vendedores durante todo o processo de mediação, realizando, inclusive, o bloqueio dos compradores citados por eles e também o reembolso total dos valores dos produtos.

No caso de Scherrer, por exemplo, a empresa afirma ter realizado a devolução do valor total da compra, R$ 2.960, após o fim desse processo. "[O vendedor] recebeu suporte total desde a abertura da mediação, que ocorreu em 10 de maio e terminou no dia 17 de maio. Nesse período, solicitamos as imagens da embalagem e do produto, fizemos a análise do comprador e das informações de envios", afirma Lutfi.

O mesmo, de acordo com ela, valeu para Ribeiro, o leitor que fez a denúncia ao Canaltech e que motivou a reportagem. A executiva explica que o processo de mediação do caso começou em 1º de junho e também contou com o envio de imagens e informações, bem como com o suporte total do Mercado Livre. A empresa afirma que o reembolso, no valor de R$ 1.274,90, já se encontra na conta do vendedor.

Ainda, por meio da executiva, o Mercado Livre afirma lamentar que casos de fraude ainda aconteçam no e-commerce brasileiro, mas garante que sempre atenderá aos usuários que relatarem problemas, buscando a melhor solução caso algum dos envolvidos no processo de compra e venda seja lesado. Além disso, lembra que, caso o Mercado Pago seja utilizado, "a garantia de resolução é total", por isso o uso do termo "Compra Garantida" nos termos de uso de seu programa de proteção a clientes e lojistas.

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