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Que fim levou o Concorde, um dos aviões mais incríveis da história?

Por| Editado por Jones Oliveira | 03 de Abril de 2021 às 09h30

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Daniel Janin/AFP
Daniel Janin/AFP

Em janeiro de 2021 completaram-se 45 anos do primeiro voo comercial do Concorde, o mais icônico avião supersônico de passageiros já construído. As rotas iniciais foram inauguradas em 21 de janeiro de 1976, com o jato operado pela Air France saindo do aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, parando para abastecer em Dakar, no Senegal, e depois partindo para o pouso final no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Já a outra rota foi feita com outra unidade sob controle da Britsh Airways partindo de Londres com destino ao Bahrein.

Essas rotas foram feitas ao mesmo tempo porque o Concorde era um projeto feito em conjunto entre a Inglaterra e a França, já que os custos para construir um avião com essa tecnologia na época eram exorbitantes. O próprio nome "Concorde", que significa união, em francês, foi escolhido devido a essa parceria entre os dois governos e algumas empresas locais. Então, nada mais justo do que os voos inaugurais acontecerem nas capitais das duas nações.

Entretanto, mesmo com duas potências globais financiando o sonho de se voar com duas vezes a velocidade do som, o Concorde não teve vida longa. Foram apenas 27 anos de serviço, realizando voos espetaculares, mas que, diante do alto custo, acabaram não compensando. Sendo assim, em maio 2003, três anos após um grave acidente em Paris, o único na história do supersônico anglo-francês, tanto a Britsh Airways quanto a Air France decidiram encerrar as operações com ele, deixando o mundo da aviação órfão de um projeto dos mais espetaculares.

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Por que o Concorde era tão especial?

O Concorde era um avião supersônico, capaz de voar a duas vezes a velocidade do som, algo em torno dos 2.179 km/h. Com isso, a rota inicial de Paris ao Rio de Janeiro, mesmo passando por Dakar, durava apenas seis horas, metade do tempo que jato comercial comum levava. Além disso, graças à sua fuselagem e motorização ultrapotente, o supersônico anglo-francês era capaz de voar a uma altitude de 18.300 metros, ou 60 mil pés, o suficiente para que pudéssemos ver a curvatura da Terra com todo o seu esplendor.

Para fazer tudo isso, foram anos e anos de testes e muita tecnologia embarcada. E para chegar na excelência tecnológica, uniram forças as britânicas British Aircraft Company (BAC) e Rolls Royce, e as francesas Aérospatiale e a Société Nationale d’Étude et de Construction de Moteurs d’Aviation (SNECMA). A BAC e a Aérospatiale ficaram responsáveis pela engenharia e planejamento da aeronave, enquanto a Rolls Royve e a SNECMA pelos quatro motores MK 610 de pós-combustão.

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O desempenho descomunal do Concorde também acontecia por conta de sua aerodinâmica diferenciada, já que ele apresentava um design mais pontiagudo e asas em formato delta para facilitar na hora do pouso, já que ele não possuía spoilers como os aviões convencionais. Além dessa ajudinha da engenharia, três dos quatro motores do supersônico eram capazes de atuar de modo reverso, o que também ajudava na hora da aterrissagem.

Para tudo isso acontecer, era necessária uma fuselagem que suportasse o enorme atrito com o ar e o barulho ensurdecedor de uma viagem com duas vezes a velocidade do som. Em contrapartida, devido à altura em que o Concorde voava, quase não haviam turbulências ou demais dificuldades por causa do clima. O avião, aliás, para aterrissar no Rio de Janeiro, precisava começar a descer mais ou menos quando estava sobrevoando a Bahia.

Nem tudo são flores na vida do Concorde

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Viagens rápidas, luxo à bordo e a chance de ver a Terra em todo o seu esplendor são coisas realmente legais, mas que tem um custo. Tanto a British Airways quanto a Air France tiveram enorme prejuízo na operação de seus Concordes. Mesmo com os britânicos obtendo lucros em meados dos anos 1980, as operações desses supersônicos estavam com o prazo de validade bem curto.

Bem que o consórcio anglo-francês tentou vender o avião mundo afora, mas os altos custos de operação e a fama de problemático que foi originada pelo seu rival soviético, o Tupolev TU-144, afastaram potenciais clientes. Para que o leitor do Canaltech tenha uma ideia, na época do auge do Concorde, uma passagem padrão de Londres-Nova Iorque custava US$ 10 mil, cinco vezes mais do que um bilhete para voo convencional.

No fim, apenas 20 aeronaves foram construídas, sendo seis protótipos usados no desenvolvimento e 14 aeronaves para uso comercial, com metade indo para cada país.

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Do acidente ao fim das operações

Nota da redação: em respeito às vítimas e seus familiares, não colocaremos vídeos e fotos sobre o acidente.

Mesmo com os custos elevados de operação e o lucro ínfimo, o Concorde ainda estava nos planos da British Airways e Air France — ou não. Mas, em meados dos ano 2000, mais precisamente em 25 de julho, o início do fim de um dos aviões mais icônicos da história começava.

Nessa data, um Concorde da Air-France caiu em um hotel nas imediações do aeroporto Chales de Gaulle logo depois da decolagem, matando 109 pessoas a bordo e quatro no solo. A causa do acidente, em si, não foi culpa necessariamente da aeronave, mas serviu de alerta — e de bode expiatório — para que o supersônico tivesse, ao menos, questionamentos técnicos.

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Depois de uma rígida investigação, ficou constatado que a causa do acidente foi uma peça que estava na pista, mais precisamente um pedaço de titânio com 40 cm de comprimento e 3 cm de largura. Sem a visão dessa peça, os pilotos acabaram passando por cima dela com o avião, que teve um de seus pneus estourados. Com a força desse movimento, o tanque de combustível do Concorde explodiu. Os pilotos viram e, sem espaço para frenagem, decidiram decolar, o que não funcionou.

Com um tempo parado, o avião teve um reforço em seu tanque de combustível com o acréscimo de placas de kevlar. A volta das operações se deu em 7 de novembro de 2001, dois meses depois dos ataques terroristas ao World Trade Center, em Nova Iorque. Com o medo de voar, as pessoas se afastaram das viagens e, somado ao incidente de 2000, a volta comercial do Concorde foi um verdadeiro fiasco.

Com apenas mais dois anos de serviço, o supersônico anglo-francês deixava os céus do mundo para entrar na história como um dos aviões mais legais já feitos.

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E aí, Canaltechers? Gostariam de ter voado no Concorde? E se ele voltasse a operar regularmente, pagariam os US$ 10 mil para ter essa oportunidade? Deixem nos comentários!