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Dia de Ada Lovelace: Uma data para pensar sobre a presença feminina nas exatas

Por| 09 de Outubro de 2018 às 13h56

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Dia de Ada Lovelace: Uma data para pensar sobre a presença feminina nas exatas
Dia de Ada Lovelace: Uma data para pensar sobre a presença feminina nas exatas

Em todos os anos desde 2009, a segunda terça-feira do mês de outubro é conhecida como o Dia de Ada Lovelace, a primeira pessoa a elaborar um algoritmo e, por isso, é considerada a fundadora do ofício de programador. A data comemorativa começou a ser celebrada por iniciativa de Suw Charman-Anderson, ex-diretora executiva do Open Rights Group, uma organização do Reino Unido que luta pela preservação dos direitos e liberdades digitais, tendo ampla atuação no ativismo pelo acesso das mulheres ao mercado de trabalho e carreiras acadêmcias voltadas à tecnologia e ciências exatas, incluindo aí a programação.

Quem foi Ada Lovelace?

Nascida Augusta Ada Byron em 1815, Ada era a única filha legítima do poeta vitoriano Lord Byron com sua esposa Anne Isabella Byron, a Baronesa de Wentworth, que também fora uma mulher excepcional, com o privilégio de ter sido educada, sobretudo no que diz respeito à matemática. Já o pai poeta vivia de forma boêmia e abandonou sua família quando a garota tinha pouco menos de um mês de idade. Segundo as leis vigentes naquele período, o pai tinha a preferência da guarda dos filhos em caso de divórcio, mas Lord Byron não teve interesse em acompanhar o desenvolvimento de sua filha, frustrado por Ada não ser um menino. Lord Byron deixou a Inglaterra para sempre quando Ada tinha cerca de 5 meses de vida e morreu pouco tempo depois que a garota completou 8 anos de idade, durante a Guerra da Independência Grega.

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A mãe de Ada, a nobre lady e matemática Anne Isabella, fez de tudo para que a menina tivesse o máximo de incentivos durante sua infância e juventude para não seguir a carreira de poesia, o que ela considerava ser um caminho para a loucura de seu pai. Assim como sua mãe, Ada rompeu com os hábitos vitorianos e foi amplamente educada, sobretudo em matemática e lógica, em razão da aversão que sua mãe acabara nutrindo por seu pai.

Ada cresceu rodeada de intelectuais e acadêmicos, apesar de serem tempos de raro acesso à academia por mulheres. Teve como um de seus mentores Augustus De Morgan, o primeiro professor de matemática da Universidade de Londres, instituição que se tornaria a primeira Universidade da Inglaterra a permitir que mulheres se graduassem, em 1878, 26 anos após a morte de Ada.

Apesar de ter se casado, em 1835, quando tinha 20 anos de idade, com o Barão Willian King, a então Augusta Ada King continuou desenvolvendo-se academicamente mesmo tendo três filhos, o que também era um comportamento atípico para uma nobre vitoriana. Ainda na juventude, a aptidão de Ada para compreender os números e sua habilidade em lidar com a lógica levaram-na a uma relação de trabalho e amizade com o matemático britânico Charles Babbage, que a chamava carinhosamente de "A Feiticeira dos Números". Ela também era amiga de Mary Somerville, conhecida como grande cientista da época e que atuava com a tradução de artigos científicos em Cambridge.

Carreira Acadêmica

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Quando, em 1842, Charles Babbage ministrou um seminário na Universidade de Turim sobre a sua Máquina Analítica, o jovem engenheiro italiano Luigi Menabrea transcreveu a palestra traduzindo-a para o italiano. Babbage, então, pediu para que Ada fizesse a tradução da transcrição para o inglês, permitindo que nesse trabalho ela fizesse ponderações pessoais sobre a obra de Babbage num apêndice da tradução.

As notas de Ada ficaram mais extensas que o artigo de Menabrea, sendo publicados no The Ladies' Diary e no Memorial Científico de Taylor, enquanto Ada ainda era viva. Entretanto, foi apenas em 1953, mais de cem anos após a morte da matemática vitoriana, que as notas de Ada sobre a Máquina Analítica de Babbage foram republicadas, muito pela influência do seu trabalho nas obras de Alan Turing, que acabou sendo conhecido como o pai da programação. Na década de 1950, quando Turing desenvolveu a maior parte de seus pensamentos sobre Inteligências Artificiais, a Máquina Analítica ficou sendo reconhecida como o primeiro computador e o trabalho de Ada, agora Condessa de Lovelace em razão do título de Conde concedido ao seu esposo, como o nascimento do pensamento de programação.

As notas de Ada ao trabalho de Babbage eram sete no total e foram classificadas pela pesquisadora de A a G. Na última nota, Lovelace defendeu que a Máquina era capaz de muito mais que apenas realizar cálculos matemáticos e descreveu os algoritmos para computar a Sequência de Bernoulli, sendo considerado o primeiro algoritmo da história da computação.

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Ada Lovelace morreu de câncer de útero aos 36 anos de idade. Em seu leito de morte, pediu para ser enterrada ao lado de seu pai, o poeta inglês Lord Byron, que nunca conhecera em vida. Seu trabalho só teve o devido reconhecimento quase duzentos anos após sua morte.

A importância de Lovelace na Programação

Ada Lovelace não apenas desenvolveu o primeiro software da história, como também inventou o conceito de subrotina: uma sequência de instruções que poderiam ser usadas diversas vezes em vários contextos. Ela também foi responsável pela descoberta das repetições ou loops, descrevendo em seus trabalhos o que ela chamava de "desvio condicional": uma leitora de cartões que desviaria para outro cartão no caso de ter uma condição satisfeita, o que hoje é a base para o pensamento de programação.

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A Máquina Analítica de Babbage era um projeto bastante audacioso para aquela época e caro demais para ser materializado, de forma que só foi construído mais de um século depois da morte de ambos, seguindo as instruções deixadas no trabalho traduzido e incrementado por Lovelace. Ele foi a primeira tentativa de se construir uma máquina de computação que atuasse de forma automatizada, mas adaptável; além de ser um dos pontos de partida para a indústria de máquinas na Inglaterra, berço da Revolução Industrial.