China terá indústria de NFTs com blockchain própria bancada pelo governo
Por Alveni Lisboa • Editado por Douglas Ciriaco |
A Blockchain-Based Services Network (BSN) fez uma parceria com o governo da China para lançar uma infraestrutura de apoio à criação de tokens não fungíveis (NFTs) até o final deste mês. A ideia é fortalecer o mercado chinês de NFTs que não está vinculado a criptomoedas, como artistas, músicos e outras categorias.
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O executivo-chefe da Red Data Technology, empresa responsável pelo suporte técnico da BSN, disse ao jornal South China Morning Post que as NFTs são bem aceitas pelos políticos chineses, desde que se distanciem de criptomoedas como o Bitcoin e o Ethereum. He Yifan esclareceu que um protocolo novo ajudaria a desvincular as artes digitais dos moedas.
A BSN-Distributed Digital Certificate (BSN-DDC) oferecerá interfaces de programação de aplicativos para empresas ou indivíduos interessados em construir suas próprias soluções de gerenciamento de NFTs. Para comercializar as criações, será preciso usar a moeda corrente local, o yuan chinês.
Mesmo com a restrição a Red Data está bastante otimista com o mercado. “NFTs na China terão uma produção anual de bilhões no futuro”, declarou Yifan na entrevista. A "nova blockchain" seria totalmente gerenciada por um grupo designado pelo governo chinês, como forma de acompanhar as transações.
Os custos de criação e manutenção devem ser totalmente absorvidos por três órgãos estatais: China Mobile, China UnionPay e State Information Center. Quando estiver plenamente funcional, a expectativa é que movimentações de tokens deixem as mais de 20 redes públicas atuais para serem centralizadas na BSN-DDC.
Outra suposta vantagem da BSN-DDC seria a interoperabilidade entre sistemas e as taxas reduzidas. Para cunhar um NFT, por exemplo, o gás da rede Ethereum pode chegar a centenas de dólares em momentos de pico, enquanto na rede chinesa seria algo próximo a US$ 0,07.
NFTs centralizadas na China
Uma das premissas mais básicas do mundo das criptomoedas e dos NFTs é algo completamente oposto à ideia de Pequim: a descentralização de serviços. Artes digitais podem ser lançadas e negociadas em blockchains públicos de qualquer lugar do mundo, sem interferência bancária ou regulamentação de Estados.
A China, contudo, considera ilegal essa prática, porque todos os sistemas de internet locais precisam identificar cada usuário. A justificativa é que órgãos reguladores podem atuar quando notam atividades ilegais, atividades criminosas ou lavagem de dinheiro. Opositores dizem, no entanto, ser apenas uma desculpa para monitorar cidadãos e minar qualquer tentativa de rebelião contra o Partido Comunista da China.
Embora as autoridades locais torçam no nariz para as criptos, é nítido que o país está ávido por arrecadar mais recursos e, principalmente, monitorar a atividade de NFTs do país. O comércio eletrônico dos tokens já se mostrou algo altamente lucrativo e atraiu a atenção do mundo inteiro, inclusive de milionários chineses nos últimos anos.
NFTs não são ilegais por lá e várias Big Techs chinesas já tem soluções voltadas para esse mercado, como é o caso da gigante do comércio Alibaba e seu marketplace. A rival Tencent também já adotou o termo e lançou uma dezena de coleções desde o ano passado, caminho seguido também pela JD.com e Baidu.
Fonte: South China Morning Post