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El Salvador é primeiro país a adotar Bitcoin como moeda legal

Por| Editado por Claudio Yuge | 08 de Setembro de 2021 às 18h20

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Envato/bestproject
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El Salvador decidiu adotar, experimentalmente, o Bitcoin como moeda legal. A atividade com o ativo começou na terça-feira (7), mas o início foi tumultuado: em razão de falhas técnicas e, em meio à notícia de que o governo desconectou a carteira para atender à demanda, a cotação caiu 17% em Nova York e chegou a US$ 43.050 (R$ 228 mil).

Esse é seu nível mais baixo em um mês. Por volta das 17h, depois de recuperar parte do valor, o ativo custava US$ 46.886 (R$ 248,5 mil). No Twitter, o presidente Nayib Bukele informou que o serviço teve de ser interrompido em razão de problemas de instalação que atingiram alguns usuários.

Isso porque houve dificuldade no download da carteira de criptomoedas nas plataformas dos sistemas Apple, Google e Huawei. “O sistema é desconectado enquanto a capacidade dos servidores é aumentada. É um problema relativamente simples, mas não pode ser corrigido com o sistema conectado”, explicou.

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A carteira do governo, Bitcoin Chivo, vem carregada com US$ 30 (cerca de 0,00057 Bitcoin ou R$ 159) para quem se registrar com um número de identidade nacional salvadorenho. Empresas e governo aceitarão o ativo em troca de bens e serviços e no pagamentos de impostos, respectivamente.

No Twitter, relatos informaram que o pagamento com Bitcoin estava liberado para diversos serviços, como o café da manhã no McDonald's. Mesmo assim, comerciantes tecnologicamente incapazes de receber a moeda eletrônica ficam isentos da lei.

Maior teste para o ativo

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Esse é o maior teste para o Bitcoin em seus 12 anos de história. O ativo circula no país paralelamente ao dólar americano e a ideia é observar se ele é adotado por um número significativo de indivíduos para fazer transações e se traz benefícios ao país. O dólar americano, adotado em 2001, continua a ser a moeda nacional para fins de contabilidade pública.

Para Garrick Hileman, chefe de pesquisa do Blockchain.com, com sede em Londres e Miami, tudo é desconhecido ainda. “Estou feliz em ver esse experimento e acho que aprenderemos muito com ele.”

Bukele espera atrair mais pessoas para o sistema financeiro e baratear o envio de remessas. Segundo ele, o Bitcoin pode ajudar os salvadorenhos a economizarem US$ 400 milhões (R$ 2,1 bilhões) por ano em taxas pagas por transações de envio de dinheiro do exterior — no ano passado, foram US$ 6 bilhões (R$ 31,5 bilhões), o que representa cerca de 1/5 do produto interno bruto (PIB) do país.

Para facilitar a troca da criptomoeda por dólares americanos, o governo instalou 200 caixas eletrônicos de Bitcoin no país — a transação não terá comissão. El Salvador tem 550 moedas, no valor de cerca de US$ 26 milhões (R$ 137,8 milhões), e o Ministério das Finanças criou um fundo de US$ 150 milhões (R$ 795 milhões) no Banco de Desenvolvimento da República de El Salvador (Bandesal) para apoiar as transações.

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Uma pesquisa da Universidad Centroamericana de El Salvador Jose Simeon Canas aponta que a lei de Bitcoin não é popular: ⅔ dos entrevistados dizem que deveria ser revogada. Além disso, mais de 70% preferem usar dólares americanos. Uma das maiores preocupações está relacionada à volatilidade da criptomoeda, que pode perder centenas de dólares em valor por dia, como ocorreu na própria terça-feira, primeiro dia do experimento.

Instituições financeiras

Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), usar Bitcoin é arriscado: a moeda perdeu quase metade de seu valor de abril a maio. Já o Banco Mundial citou desvantagens ambientais e de transparência ao negar ajuda ao governo de El Salvador na adoção do ativo.

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Para Nathalie Marshik, diretora-gerente da Stifel Nicolaus & Co., ainda não se sabe se o fundo estabelecido pelo Bandesal é suficiente. “A criptografia é sexy, mas não testada e complicada, especialmente para um país como El Salvador”, ressalta. Críticos do experimento apontam que a adoção do Bitcoin pode facilitar a lavagem de dinheiro.

No mês passado, Cuba legalizou a criptomoeda. Outros países, como Panamá e Uruguai, propuseram legislação semelhante. As Bahamas lançaram moeda digital própria neste ano, o Sand Dollar, e a Venezuela tem o Petro, mas eles são regulados pelos respectivos bancos centrais. Isso é muito diferente de uma criptomoeda descentralizada como o Bitcoin, que é independente de governos.

Fonte: CNN, iG, Seu dinheiro