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Análise | Kirby Fighters 2 é game infantil de luta, mas que não deu certo

Por| 18 de Novembro de 2020 às 17h15

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Wagner Wakka/Canaltech
Wagner Wakka/Canaltech

Kirby é uma das figuras mais maleáveis da Nintendo. O personagem foi criado em homenagem a John Kirby, advogado que ganhou a ação da empresa contra a Universal, pelos direitos de King Kong.

Trata-se de uma bolinha rosa, fofa e que já se espremeu em todo tipo de jogabilidade. Kirby tem game de tetris, mini golfe, desenho, aventura e, no caso desta análise, porradaria. A franquia é geralmente uma mesa de experimentação da Nintendo, por isso, com tanto diferentes temas e gêneros.

Isso torna curioso KirbyFighters 2, um game de luta que empresta mecanismos de Super Smash Bros, com pouca novidade e de modo completamente enfadonho. Deixando de lado a experimentação, faz uma cópia rasa e sem brilho, diferente de outros games da franquia. Como experimentação, Kirby também tem altos e baixos, com títulos realmente bons e outros sofríveis. Infelizmente, Fighters 2 tende ao adjetivo negativo.

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A começar, a série não deveria nem mesmo ter sido lançada como game independente. A ideia de Kirby Figthers 1 nasceu em 2014 como um modo menor dentro do jogo Kirby: Triple Deluxe, do 3DS. Com um reduzido sucesso do modo, a Nintendo resolveu lançar uma versão independente dele também em 2014, chamada de Kirby Fighters Deluxe. Ou seja, a proposta era de que esta franquia nem mesmo andasse sozinha com seus próprios pés.

Seis anos depois, a Nintendo lança Kirby Fighters 2, título que também poderia ser somente um modo, por exemplo, dentro de Super Smash Bros. Como jogo independente, manca bastante ao tentar andar também com seus próprios pés.

Este game foi lançado pela Nintendo sem alarde, do dia para noite, o que não é comum dentro do universo de games. Isso mostra como nem mesmo a companhia parece muito apostar nele.

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Quase Super Smash

Quem olhar de relance para Kirby Fighters 2, por alguns segundos, pode pensar que se trata de uma luta de Super Smash Bros, em que todo mundo escolheu a bolinha rosa fofa. A semelhança entre os dois games são bastantes, mas parece que Fighters 2 preferiu ficar com tudo que há de menos interessante de Super Smash.

No game de Kirby, até quatro pessoas podem batalhar em uma plataforma 2D, a qual também ataca os participantes. Os jogadores podem brigar entre si ou em duplas, de acordo com a vontade dos participantes.

A primeira grande diferença para Super Smash aqui está na velocidade. Kirby Fighters 2 é um game voltado para o público infantil, portando, é bem mais lento que seu irmão mais velho. É preciso dar ênfase: ele é lento em uma medida que acaba atrapalhando a jogatina.

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A questão é que todas as mecânicas, como golpes, itens e esquivas, emprestadas de Super Smash, ficam automaticamente piores quando o personagem é lento. A graça do jogo de luta é exatamente essa velocidade na tela, o que não acontece em Kirby Fighters 2.

Isso faz com que o game de luta tenha um peso esquisito e ofereça uma sensação de atraso para os golpes. Ou seja, você tem a impressão de que aperta um botão de ataque e só, depois de alguns milésimos, o personagem reage na tela. Isso é péssimo para um jogo de luta, no qual precisão é um dos elementos mais importantes.

Escolhas ruins

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Veja bem, Kirby Fighters 2 não é um game péssimo, mas recheado de boas ideias executadas diante de escolhas ruins. Uma delas é o leque de personagens.

Estamos falando de um game de luta de Kirby, portanto, todos os personagens são variações de Kirbys. Isso mesmo, você pode escolher o Kirby artista (que bate com um pincel), o cavaleiro (com uma espada), o besouro (que ganha um chifre de ataque), entre muitos outros.

Contudo, no fim, você é ainda apenas um Kirby, com sua movimentação e trejeitos básicos. Imagine que há um Mortal Kombat em que você só pode escolher variações do Sub-Zero. Por mais que haja mudanças, a mecânica sempre vai ser baseada em congelar o outro, certo?

Assim, todos os Kirbys ainda pulam como se fossem uma bola de ar, agarram o adversário sugando para dentro de seu corpo, e movimentam com a mesma lentidão. Com isso, a Nintendo nos coloca diante de um game de luta que você meio que sempre joga com o mesmo personagem, apesar da vasta tela de seleção.

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Isso faz de Kirby Fighters 2 um game muito repetitivo, com personagens que, apesar de carismáticos, não trazem personalidade.

O conjunto fica ainda pior com o sistema de pontos de lutador. O jogo tem uma progressão geral de nível que pode passar de 100, sendo que cada camada oferece um item, fase ou lutador novo. O jogador acumula tais pontos na medida em que ganha lutas, seja online, no modo solo ou na campanha.

Isso quer dizer que toda mecânica de progresso de Kirby Fighters 2 é baseada na repetição dentro de um game que não é nada variável em seus personagens e modos de jogo. Lá pelas duas horas com ele, você já se percebe em um looping eterno que não parece mais divertido.

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Desta forma, os sistemas colaboram para jogar contra tudo que um bom game de luta deve ter: agilidade, personagens únicos e boa responsividade.

Historinha

Kirby Figthers 2 tem uma pequena narrativa que tenta convencer o jogador a enfrentar algumas horas de repetição cansativas. Aqui, Meta Knight e King Dedede se uniram e convidaram nosso protagonista para um torneio amistoso. Como eles estão em dupla, toda sua jornada da campanha também é feita com seu buddy, podendo se controlado por um segundo jogador ou pelo computador.

A trama é que King Dedede e Meta Knight convidaram Kirby para a batalha, mas sabendo que ele é muito forte, se esconderam no topo de uma torre. Assim, o jogado tem que chegar até lá para a luta final.

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A mecânica aqui é semelhante a de Super Smash também. É preciso enfrentar uma sequência de inimigos, com apenas uma vida que se regenera a cada batalha. Entre os confrontos, o jogador pode escolher melhorias (como mais força, vida, modificadores) que vão influenciar na próxima luta.

O sistema é bem interessante, mas fica completamente apagado diante de uma luta que não tem peso. Ainda, depois que você termina o primeiro (de quatro) capítulo, enfrentando cinco lutas, o jogo inicia novamente do primeiro andar da torre e você precisa passar tudo de novo para avançar na história.

Ou seja, novamente aqui estamos falando de um game que pede de você repetição atrás de repetição sem que tenha criado mecanismos para evitar que isso fosse pedante.

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Nada é bom? 

Como estamos falando de um game voltado para o público infantil, Kirby Fighters 2 quer dar uma segunda chance, mesmo para quem já foi eliminado na batalha. Caso seu Kirby seja morto na luta, é possível se transformar em um simpático fantasma e colaborar com seu companheiro. Ainda, se você pegar um item de vida pelo mapa, reencarna no personagem e volta para a batalha. Aqui, temos uma novidade com potencial.

Tal mecânica é interessante, tendo em vista que dá uma nova camada e oferece motivos para continuar jogando, mesmo depois que você morreu. Contudo, novamente, diante de uma movimentação lenta, é difícil que alguém se recupere depois de virar um fantasma.

Assim, Kirby Figters 2 é uma tentativa de Nintendo em fazer um jogo de luta que possa ser acessível e seguro para crianças. Contudo, esbarra em mecânicas que não conversam com o gênero, baseando o ciclo de jogabilidade em repetição sem que isso seja divertido.

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É preciso deixar claro que eu, com mais de 30 anos, me reconheço obviamente como fora do público de um game voltado para os menores. Contudo, sei apreciar quando um título cria boas ideias que se concatenam em um gênero. Infelizmente, não é um caso de Kirby Fighters 2.

Felizmente, o jogo não é um título lançado com preço cheio para um game AAA da Nintendo em sua loja. Assim, é possível comprá-lo por R$ 99, o que, em se tratando de lançamentos para o Switch, é um preço razoável.

Kirby Figthers 2 foi lançado em 25 de setembro para Nintendo Switch, com desenvolvimento pela HAL Laboratory.

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Esta análise foi realizada com uma cópia cedida pela Nintendo para Switch.