Análise | Pikmin 3 Deluxe traz melhorias e conteúdos para além do original
Por Wagner Wakka |
Quando a série Pikmin foi lançada lá no GameCube, a indústria dos games ainda vivia um momento curioso que se estendeu até o começo da geração atual (em 2013). O que definia um console potente, além dos gráficos bem definidos, era quantidade de itens na tela. Foi assim que Knack se lançou como o jogo de apresentação do PlayStation 4, com um boneco que se destruía em várias e várias partículas na tela. Neste mesmo cenário de 2013, Pikmin 3 chega imerso no espírito de seu tempo. Para mostrar o potencial (capenga) do Wii U, recheava a tela com uma centena de pikmins de um lado para o outro. Quanto mais partículas simultâneas, melhor.
No game, o jogador controla três astronautas que caem em um planeta misterioso chamado PNF-404, depois de uma entrada turbulenta na atmosfera do lugar. Alph, Brittany e o capitão Charlie se esperaram e precisam sobreviver no ambiente repleto de ameaças. É aí que você conhece os pikmins, pequenas criaturas da região que respondem aos comandos dos astronautas. Desta forma, você precisa organizar e direcionar cada um deles para ajudar na busca pelos companheiros e descobrir os mistérios do planeta PNF-404.
Como a maioria dos games de Wii U, Pikmin 3 ficou esquecido e acabou conhecido apenas pela pequena fatia de jogadores que se propuseram a comprar o console da Nintendo (eu, incluso). Por conta disso, a empresa resolveu relançar o título em 2020 em uma versão Deluxe com algumas boas e bem-vindas mudanças para o Switch.
Como funciona o jogo?
Pikmin 3 é basicamente um game de estratégia em tempo real, com movimentação e exploração 3D. Aqui, você controla somente os astronautas que são capazes de enviar comandos para um exército de diferentes pikmins. Ou seja, é pelos astronautas que se organiza a horda de bichinhos para lá e para cá de acordo com as suas necessidades, garantindo que eles não morram.
Além de precisar reunir sua tripulação, outro objetivo é pesquisar por frutas e animais pelas fases. Nisso, você usa os pikmins como força de trabalho para criar caminhos, eliminar inimigos e levar as frutas para serem analisadas em sua nave.
Cada conjunto de pikmins tem uma cor diferente e que representa uma característica distinta. Por exemplo, os vermelhos são mais fortes, enquanto os amarelos são resistentes à eletricidade. Pikmin 3 adiciona duas novas cores ao conjunto. Os pretos são formados de pedra, podendo quebrar cristais pelas fases e carcaças de animais. Já os cor de rosa são alados e passam por cima de rios, também alcançando objetos no alto.
Outra mecânica desta versão está no sistema de contagem do tempo em dias. Toda vez que o jogador pousa a nave em uma região nova, pode ficar por ali somente enquanto houver sol. Pela noite, os predadores saem e é preciso novamente subir com a nave para órbita do planeta (como se não fosse possível pousar do outro lado claro, mas tudo bem).
Isto posto, o jogador precisa gerenciar seu tempo de exploração, já que, se escurecer e você não guardar seus pikmins de volta na nave, eles serão deixados como alimento para os predadores noturnos, e você fica com exército desfalcado.
O que muda na versão Deluxe?
Em outras análises de jogos remasterizados e versões de luxo, sempre destaquei um questionamento: quais são os motivos que justificariam um relançamento deste game? Bom, o primeiro e mais claro é a acessibilidade. Como o Wii U amargou como um dos consoles menos vendidos da Nintendo, uma versão para o Switch dá a oportunidade para que mais gente conheça este jogo. Contudo, só isso não justificaria.
É por isso que a Nintendo adicionou uma série de pequenas, mas importantes mudanças que melhoraram bem o game. A começar, agora é possível jogar em multiplayer cooperativo para até duas pessoas pelas fases. Isso muda bastante a forma de interagir com Pikmin 3.
Como dito no começo deste texto, o jogador controla três astronautas que, após resgatados, andam juntos pelo cenário. No modo single player, o jogador precisa, sozinho, gerenciar a movimentação dos três. Por exemplo, se há uma plataforma elevada, é possível jogar seu outro astronauta e mudar o controle lá para seguir com a missão. Se estiver com multiplayer, esse trabalho em equipe é muito mais simplificado.
Vale lembrar que o jogo tem um sistema de passagem do tempo em dias, logo, não há muito espaço para falhas e movimentação devagar. Assim, ter mais uma pessoa para colaborar na organização dos pikmins faz toda diferença.
Mais conteúdo
Além do modo cooperativo, Pikmin 3 Deluxe também traz um novo modelo em que se pode jogar com Olimar e Louie, dois personagens icônicos da série. Aqui, você controla os astronautas para conseguir recuperar o máximo de frutas em menos tempo (no sistema time trial), além de poder visitar fases do jogo original do GameCube. Os melhores tempos e resultados são compartilhados e ranqueados com amigos.
Estes modos são completamente alheios às missões principais e são abertos depois de algumas boas horas de jogo, como uma extra do título que não é lá tão grande assim. A ideia é que, depois que você entendeu como funcionam todas as mecânicas do game, possa testá-las em fases de mais alto nível.
Melhorias de vida
Além dos conteúdos adicionais, a Nintendo também fez uma listinha de pequenas mudanças que melhoram (e muito) a vida do jogador. A primeira e mais importante é poder escolher se prefere jogar com ou sem o sistema de passagem do tempo ligado.
Isso é extremamente importante, tendo em vista que muita gente se sente estressada ou ansiosa ao perceber que tem tempo limitado para fazer as missões. Junto disso, há também um botão opcional de dicas, que se pode acionar caso você esteja empacado pelo mapa. Diante do curto tempo diário, essa ajudinha é bem-vinda, por vezes.
A melhor mecânica de jogabilidade de Pikmin 3 Deluxe, contudo, está no sistema de trava de mira. Agora, usando o ZR, o jogador trava o alvo para lançar os pikmin, sem necessitar da previsão do analógico esquerdo. Só isso faz da movimentação e gerenciamento muito mais fáceis.
E no Switch?
Pikmin 3 Deluxe se aproveita muito pouco da melhoria de desempenho do Switch. No comparativo gráfico feito pelo GameExplain, é possível ver que não há tanto ganho de visual. O título no Switch está, talvez, um pouco mais colorido — e nada mais. O game roda de forma excelente no console mais novo, mesmo quando há uma centena de pikmins perambulando pela tela.
Há um pequeno problema, entretanto, quando se joga com o Switch na mão: a tela é pequena demais e dificulta o olhar. Veja bem, para fazer caber as dezenas de pikmins na visão do jogador, a Nintendo teve de optar por uma visão mais distante. Ou seja, por natureza, o game traz personagens pequenos.
Junte isso a uma tela portátil na mão e terá certa dificuldade de ver, com boa definição, todos os minúsculos personagens, ou de ajustar a mira certinho para onde quer que os bichinhos sigam. Não é um grande problema, uma vez que a trava de mira resolve isso, mas incomoda um pouco.
Assim, Pikmin 3 Deluxe é uma excelente pedida para jogar em dupla ou sozinho, principalmente, se você tem uma criança em casa. O game pega bastante na mão do jogador e é bastante cuidadoso em explicar as mecânicas com foco nos pequenos.
Ainda, se você se interessou pelo game, mas não sabe exatamente se valem os R$ 300 do preço de lançamento, há uma demo jogável gratuita no Switch. Ela basicamente permite que o jogado explore o título até o primeiro chefão. Portanto, não há motivo para não testar.
Pikmin 3 Deluxe foi desenvolvido e publicado pela Nintendo, com lançamento em 30 de outubro de 2020 para o Switch.
Esta análise foi realizada com uma cópia digital cedida pela Nintendo.