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Sem celular, desempenho e socialização melhoram em escolas no Rio de Janeiro

Por  • Editado por Melissa Cruz Cossetti | 

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Sonhador Trindade/Unsplash
Sonhador Trindade/Unsplash

Desde o início de 2024, a Prefeitura do Rio de Janeiro proibiu o uso de celulares nas escolas municipais. A medida, que depois se tornou lei federal, trouxe mudanças significativas no desempenho escolar e no convívio social dos estudantes. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, os resultados já podem ser medidos em números e vivenciados no dia a dia das salas de aula.

Dados divulgados pela prefeitura mostram que, após a proibição, os alunos do ensino fundamental registraram melhora de 25,7% em matemática e 13,5% em português. O impacto foi analisado por um pesquisador da Universidade de Stanford, que aplicou métodos estatísticos para isolar outros fatores.

O secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha, destacou que, em matemática, por exemplo, é como se os alunos tivessem aprendido um bimestre a mais dentro do mesmo espaço de tempo. O ganho não foi apenas imediato, mas progressivo ao longo do ano, comprovando que a concentração dos alunos aumentou sem a distração dos celulares.

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Do vício à “desintoxicação digital”

No início, a resistência foi grande. Alunos reclamavam e alguns chegavam a se recusar a guardar os aparelhos. Professores relatam que o vício era visível, com estudantes que preferiam jogar ou usar redes sociais até mesmo nos intervalos, em vez de conversar ou brincar.

O professor de História Aluísio Barreto lembra: “Mesmo os bons alunos, que normalmente se dedicam, eu estava perdendo para o celular.” Com o tempo, a adaptação trouxe benefícios. A socialização voltou a ocupar o espaço dos corredores e pátios. Jogos, conversas e esportes substituíram a postura de “cabeças abaixadas” no recreio.

Melhor convivência e comportamento

A medida não impactou apenas o aprendizado. Diretores e professores relatam melhorias no comportamento dos alunos. Casos de indisciplina e até situações de exposição inadequada nas redes sociais diminuíram. A escola passou a ser vista novamente como um espaço de convivência saudável. Segundo o secretário Ferreirinha, houve redução de bullying e cyberbullying, além de maior acolhimento entre os colegas.

Vale lembrar que um dos pontos decisivos para o sucesso da proibição foi o apoio das famílias. As escolas realizaram reuniões e conversas constantes, garantindo quase 100% de adesão. Muitos pais relataram que também percebiam dificuldades em casa devido ao uso excessivo de telas.

Nas atividades esportivas, o impacto também foi positivo. Em ginásios educacionais olímpicos, como o GEO Reverendo Martin Luther King, os treinos ganharam mais foco e disciplina. A estudante Sophia Magalhães, que antes passava horas no celular, hoje se dedica ao xadrez e conquistou o título de campeã estadual.

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Um futuro com menos telas

A experiência no Rio de Janeiro mostra que limitar o uso de celulares na escola pode gerar ganhos significativos para o aprendizado e para a socialização. O secretário Ferreirinha defende que essa medida seja apenas o começo: "Acho que o próximo passo deve ser restringir o uso de redes sociais para menores de 16 anos".

Com os resultados alcançados, o debate sobre o excesso de tecnologia entre crianças e adolescentes ganha força no Brasil. O exemplo das escolas no Rio de Janeiro pode servir de modelo para repensar os limites digitais também fora da sala de aula.

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VÍDEO | Dicas de uso de celular para crianças

Fonte: Agência Brasil