Os 4 estágios do desenvolvimento adulto, segundo psicólogos
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Ao longo dos anos, pensadores e psicólogos buscaram delimitar os estágios do desenvolvimento humano, cravando os passos que trilhamos até chegar na vida adulta, ou maturidade. Embora a teoria de Freud seja a mais famosa, estabelecendo, de forma importante, que certas pessoas podem ficar presas em cada etapa, há ideias mais recentes — como a de Stephen R. Covey, que, apesar de ser um escritor de auto-ajuda, gerou considerações bastante úteis à psicologia, dividindo o desenvolvimento humano em 3 etapas.
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Os estágios de Covey e mais um
Covey publicou a obra Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes em 1989, que ficou famosa na área da auto-ajuda e apresentou a ideia do Contínuo de Maturidade, onde o crescimento pessoal até se tornar um adulto pleno passaria por três fases:
- Dependência — Na infância, esse estágio é caracterizado pelos pais ou responsáveis provendo para todas as necessidades da criança;
- Independência — Nesta fase, adolescentes e jovens adultos crescem e adquirem individualidade, buscando se tornar autossuficientes;
- Interdependência — O adulto percebe que, para atingir melhor seus objetivos, deve trabalhar junto a outros humanos e usar essa ajuda mútua para alcançar metas conjuntas, embora os caminhos possam ser diferentes.
Já neste ano, no site Psychology Today, o psicólogo e trabalhador social Bob Taibbi adicionou um 4º estágio, relatando que as fases de Covey o ajudaram muito a cuidar de diferentes casos de pessoas com dificuldades psicológicas. Ficando entre a dependência e a independência, ele seria a “Contra-dependência”, ocorrendo quando os adolescentes se rebelam e vão contra seus pais ou responsáveis, se afastando deles e buscando grupos de amigos como fonte primária de ajuda e suporte.
As fases dependem da idade?
Embora seja claro que os estágios sigam uma linha cronológica da infância à vida adulta, a idade não é um determinante obrigatório — a evolução da maturidade mental e emocional pode demorar a chegar. Várias experiências de vida, segundo Taibbi, podem fazer com que fiquemos presos em algum dos estágios do desenvolvimento. Alguns adultos ainda podem mostrar sinais de dependência, geralmente os que não puderam desenvolver autossuficiência no início da vida.
Outros acabam ficando na contra-dependência por muito tempo, ou entram nessa fase mais tarde na vida caso não tenham passado pela rebeldia na adolescência. Ficar preso na independência, no entanto, pode fazer com que a pessoa não consiga pedir ajuda, crendo que é preciso cuidar de tudo na vida sozinho.
Na sociedade ocidental, é especialmente fácil cair na armadilha do individualismo, já que a ideia da atomização do indivíduo e autossuficiência completa é bastante difundida, dizendo que somos capazes de tudo sem ajuda caso nos esforcemos. No seu modelo, no entanto, Covey mostra que a ideia é atingir, por fim, a interdependência, reconhecendo que a vida humana é coletiva — essa é uma das bases do ser humano, a tendência a buscar conexões com outras pessoas.
É necessário, segundo Taibbi, passar da autossuficiência para aceitar que não é possível fazer tudo sozinho, que é normal procurar ajuda com outras pessoas e que isso não quer dizer que sejamos fracos, e nem pode afetar a nossa autoestima. É possível ter objetivos, posicionamentos e caminhos na vida enquanto confia em seus próximos para ter suporte. Isso pode ser feito de diversas maneiras, e a chave, segundo o psicólogo, é buscar criar as experiências que cada estágio requer.
Caso você esteja preso na autossuficiência independente, experimente abrir mão de um pouco de controle ou de sentir que precisa fazer tudo. Já se sentir que está muito na contra-dependência, dirija a raiva da rebeldia para caminhos construtivos, praticando tomar decisões e fazer planos sem pensar na reação de terceiros sobre eles — pense no que faz sentido para você, segundo os conselhos de Taibbi.
Fonte: Psychology Today, Medium via IFLScience