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Idosos: um público cada vez mais adepto à tecnologia

Por| 17 de Novembro de 2019 às 18h10

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Idosos: um público cada vez mais adepto à tecnologia
Idosos: um público cada vez mais adepto à tecnologia

Mobilidade. Conforto. Facilidade em vários aspectos do nosso cotidiano. É inegável que a ascensão da tecnologia trouxe uma gama de benefícios, os quais aproveitamos ao máximo. E por incrível que pareça, os idosos representam o grupo que mais aumentou percentualmente entre os novos usuários da web nos últimos tempos. Isso porque, em apenas 1 ano, o número de internautas no Brasil aumento em cerca de 10 milhões de pessoas. É o que aponta um levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) feito no quarto trimestre de 2017: dentre os 10 milhões de novos usuários de internet, 23% tinham 60 anos ou mais. Em 2016, o percentual de idosos acessando a internet em relação ao total de internautas era de 24,7%, e saltou para 31,1% em 2017, uma variação de 25,9%.

Um dos benefícios que a tecnologia pode apresentar aos idosos é o combate à solidão. Segundo o psicólogo Rodrigo Casemiro, especialista em Psicologia Hospitalar, a solidão pode chegar como um fardo pesado a muitos senescentes, pois os filhos deixam os lares para constituir um novo ramo da família, cônjuges podem falecer, bem como os amigos. Muitas são as situações que levam o idoso ao isolamento e sentimento de solidão. “A vida social pode ficar mais restrita, em alguns casos, inexistente. As leituras e atividades como assistir a filmes, séries, novelas, promovem um aproveitamento do tempo, mas ainda assim, um sentimento de necessidade de interação pode surgir. A tecnologia e as redes sociais podem ser facilitadores de interrelações”, afirma o profissional.

Segundo o psicólogo, a invisibilidade afeta demais os idosos, pois a subjetividade deles é negada: seus desejos, suas experiências, suas histórias de vida. Na recém lançada autobiografia da atriz Fernanda Montenegro, ela escreve uma boa quantidade de páginas no início do livro sobre os antepassados, desde os bisavós, nos contando, deliciosamente, como a personalidade dela recebeu influência da resiliência e força batalhadora deles, imigrantes. Rodrigo afirma, ainda, que a sociedade brasileira parece ignorar a história, que nos serviria para evitar repetir erros. Somos um país com muitos imigrantes refugiados de guerra, especialmente da Segunda Guerra, e as gerações recentes demonstram simpatia por pensamentos destrutivos, criminosos e de ódio, tão em voga naquele período. Os registros históricos são questionados, invalidados, são alvo de deboche. E assim, junto com a história, cruel, perde-se a força de reconstrução que tivemos com os refugiados do século passado, por exemplo. Só que renegar a história não está somente em ignorar os fatos, mas também ignorar os idosos, que podem ser bons contadores de histórias e fatos históricos: eles são depositados em asilos e casas de repouso, mesmo sem a necessidade de cuidados especiais. Isto gera um sentimento enorme de abandono e solidão. O profissional ressalta que os idosos presenciaram fatos do passado que os livros não deram conta de propagar, pois somos um país muito deficitário no estudo histórico; por isso, o que não foi bem registrado ou estudado acaba por ser distorcido, como o período dos anos de chumbo. Com isso, temos também muitos idosos sofrendo de quadros de ansiedade, vítimas da própria lembrança distorcida.

Rodrigo explica que, além de estimular a atividade cerebral com novos aprendizados, a tecnologia promove, através das redes sociais, ou ferramentas de comunicação como o e-mail, um sentimento de pertencimento e proximidade de pessoas queridas. A tecnologia pode favorecer o fortalecimento de vínculos com os descendentes, com os amigos, sejam estes de longa data ou novos, em amizades feitas através dos aplicativos. “Cada vez mais percebemos idosos ligados à arte através da tecnologia, na escrita de literatura, dramaturgia e poesia, por exemplo, manifestando todo o potencial criativo que estava guardado. A tecnologia também desempenha um papel importante na educação daqueles que tiveram que interromper os estudos na juventude”, o psicólogo relata.

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Outro benefício observado pelo psicólogo é o resgate da conexão com os familiares. Rodrigo conta que a vida contemporânea é caracterizada por um excesso de atividades, muito tempo despendido em locomoção, e as relações familiares podem se fragilizar. A tecnologia amplia as possibilidades de comunicação e interação, e aquele idoso que está ou se sente abandonado recebe e dá afeto, muitas vezes, pelos aplicativos. Tendo isso em mente, o vínculo entre gerações também é fortalecido: os mais novos ensinam os idosos como utilizar a tecnologia, criando assim, uma experiência positiva para todos.

A primeira YouTuber sênior do Brasil

A atriz Regina Vogue, de 75 anos, tem mais de 50 anos de carreira e é referência em teatro para crianças. Por seus espetáculos passaram talentos que hoje ganharam projeção nacional, com Guta Stresser, Alexandre Nero, Fabiula Nascimento, Daphne Bozaski e Simone Spoladore. Em 2004, abriu seu próprio teatro, o Teatro Regina Vogue, no Shopping Estação, um dos principais espaços culturais de Curitiba. No entanto, Regina está embarcando em um novo projeto: um canal no YouTube, chamado Gira Regina. O canal conta com episódios semanais com temas abertos, a serem definidos durante o processo de produção. Nos episódios estarão temas como solidão, sexo, vivências da infância. Em entrevista ao Canaltech, a YouTuber falou um pouco sobre a relação entre a melhor idade e a tecnologia.

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Regina concorda com o ponto de vista do psicólogo Rodrigo Casemiro: ela também acha que a tecnologia ajuda a suprir o sentimento de solidão. “Com certeza as redes sociais diminuem o sentimento de solidão. As amigas e amigos estão a um clique, uma mensagem de voz, um like. Só de passear pelo Instagram ou Facebook, é como se eu estivesse encontrando as pessoas. Eu acho a tecnologia maravilhosa, acho que ela veio para nos beneficiar, e muito”, conta a YouTuber. Questionada sobre esse sentimento de solidão, a sênior conta que atualmente ele é o mesmo de quando ela era criança. “Eu nunca gostei de ficar sozinha. Mesmo quando meus filhos estavam em casa, eu sempre tive amigos que moravam conosco. Agora, faz dois meses que eu moro sozinha. Acho que é a primeira vez na vida que moro sozinha, aos 75 anos. E tem sido uma experiência ótima, de ouvir a mim mesma! Mas eu nunca passo muito tempo sozinha, saio todos os dias, vejo pessoas, encontro amigos. Tenho uma vida bem agitada”, acrescenta.

A atriz relembra que ingressou as redes sociais há aproximadamente sete anos, e diz que se considera uma pessoa conectada. “Uso as redes sociais para divulgar meus trabalhos, conheço muita gente apenas pelas redes sociais e muitas vezes meço minha simpatia pelo número de curtidas nas minhas postagens. Hoje, deixar de curtir alguém numa rede social, virou sinônimo de ofensa. Eu tento não levar isso tão a sério, mas confesso que às vezes fico incomodada quando um seguidor fiel não curte uma ou outra postagem minha”, afirma. Além disso, a YouTuber de 75 anos conta que muitas pessoas acham que ser idoso é sinônimo de ser ultrapassado. “Ao meu ver, colocamos o idoso dentro de um estigma que já não cabe mais. Os crescidos de hoje não são mais os mesmos dos idosos de 50 anos atrás. A qualidade de vida atualmente é priorizada por todos e cada vez mais presente em nossa sociedade. Então ao falar de idosos, devemos falar de crescidos, falar de seres humanos”, finaliza.

Cuidados e Companhia

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O aplicativo CuidaSenior, compatível com os sistemas operacionais IOS e Android, funciona intermediando a contratação de cuidadores, em plantões de 6h, 12h ou 24h para ambientes domiciliares ou hospitalares – sem a necessidade de um contrato longo mensal, como nas agências. Estes profissionais irão ajudar os idosos nas atividades básicas de um cotidiano de autocuidados, como alimentação, idas ao banheiro, vestir roupas, higiene pessoal, banho, apoio no andar e auxílios com cadeiras de rodas. A plataforma também oferece a possibilidade de contratação de médico de família — médico generalista capacitado para atender em diversas áreas em medicina, muitas vezes encaminhando a queixa inicial do doente para outro especialista — com visita agendada.

O cuidador que será contratado também terá a responsabilidade de dar suporte às atividades mais complexas e instrumentais do cotidiano do idoso, como gerenciamento e oferta das medicações via oral (conforme prescrições médicas), acompanhar o cliente em atividades externas quando necessário (consultas médicas e atividades sociais), comunicação das intercorrências do cliente aos familiares responsáveis, cuidados e organização dos utensílios e pertences usados pelo cliente, proteção contra possíveis acidentes domésticos, curativos simples em feridas (sob prescrição médica ou de enfermeiro) e alimentação por sonda ou gastrostomia. Vale lembrar que todos os cuidadores selecionados pela plataforma têm obrigação de apresentar o certificado de conclusão do curso profissionalizante na área, além de atestado de antecedentes criminais.

Por outro lado, o aplicativo Broder não se trata da busca pelo cuidador de idoso, mas sim por um acompanhante para alguma atividade. O broder é uma pessoa, em geral um universitário, que passou por um rigoroso processo de seleção. Envolveu entrevista online, dinâmica presencial e verificação de dados. O profissional pode ajudar apenas em atividades externas, de preferência em locais públicos ou de uso comum: "Pode lhe dar ajuda para se locomover, caso tenha alguma dificuldade que não exija apoio de um profissional de saúde treinado. Pode bater um papo enquanto fazem a atividade solicitada. Ou lhe orientar no uso de celular e mídias sociais, se desejar. Enfim, o apoio que um amigo ou familiar lhe iria proporcionar", descreve o site oficial do aplicativo.

O broder não é um cuidador, nem um outro profissional da área de saúde. Ele(a) não pode realizar atividades especializadas de cuidado e tratamento de saúde. Também não pode entrar em sua residência, a não ser em caso de emergência e o mais breve possível. O broder é uma companhia para passeios em áreas externas. Os broders, a princípio, podem atuar fora de horários comerciais. Como as solicitações são realizadas 24h antes, eles entram em contato com você, para saber os detalhes da solicitação, em caso de horários muito distantes do horário comercial. O valor do serviço é de R$ 15,00 por hora. O período mínimo a ser solicitado é de duas horas, atualmente. A cobrança é realizada por fração de hora (R$ 3,50 a cada 15 minutos), se o tempo de atendimento inicialmente solicitado for excedido.

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Qualidade de vida

Além disso, a tecnologia dispõe de aplicativos que podem ajudar a tornar a navegação no smartphone muito mais fácil e fluida para o idoso. O app iDosos, por exemplo, ensina, através de tutoriais, como utilizar as funções básicas de um celular, como ligações, mensagens, agenda e alarmes. Tudo é bem ilustrado com emojis, que mostram como determinada tarefa deve ser realizada, quantas vezes forem necessárias. Todas as falas são acompanhadas de um áudio narrativo.

Além de facilidade na hora da navegação, há alguns aplicativos que incentivam os idosos a praticar exercícios, como é o caso do Idoso Ativo, para iOS. Basicamente, trata-se de um programa de exercícios funcionais que foi elaborado por profissionais fisioterapeutas, com o objetivo de orientar e estimular esse público.