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Jogos, aliados ou adversários da Saúde Mental?!

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Pexels/cottonbro
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Cuidar da saúde mental é uma prioridade crescente, que vai muito além de simplesmente equilibrar a rotina corrida da vida moderna. Segundo levantamento da Organização Mundial de Saúde, uma em cada oito pessoas vive com algum tipo de transtorno mental, entre depressão, ansiedade, distúrbios alimentares, estresse pós-traumático e mais, e apenas um terço dessas pessoas tem acesso a algum tipo de tratamento para essas doenças.

Tanto por isso, campanhas como a do Setembro Amarelo são de extrema importância, por ampliar a compreensão sobre o tema, derrubando estigmas, facilitando diagnósticos e colaborando para expandir tanto o acesso como as possibilidades de tratamento. O acompanhamento profissional é indispensável, mas muitas ferramentas não convencionais auxiliam no tratamento de transtornos mentais, e, comprovadamente, os games são excelentes aliados nessa jornada.

Games modernos promovem integração, não isolamento

A tendência ao isolamento é um dos sintomas mais comuns tanto de depressão quanto de ansiedade, ainda que por motivos distintos, e fugir da interação social potencializa esses comportamentos. Por essa razão, é comum associar o consumo de games como prejudicial para pacientes com esses transtornos, contudo, essa afirmação é relativamente datada, e leva em consideração apenas o perfil de jogos do início dos anos de 1990, nos quais a interação do jogador é apenas com a tela.

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Atualmente, a maioria esmagadora dos jogos trazem fortíssimos componentes sociais, com modo multijogador online, chats de voz, e atividades que exigem habilidades de interação e colaboração para alcançar os objetivos. Tomando como exemplo o League of Legends, cada um dos cinco jogadores tem papéis complementares cruciais, e precisam se comunicar constantemente para coordenar a movimentação e estratégia da partida.

Em jogos de multiplayer massivo (MMOs), com Final Fantasy XIV, praticamente todo o conteúdo avançado é direcionado para missões grandiosas com até 24 pessoas. Além de os jogadores também terem papéis distintos, o avanço das missões e combates com chefes trazem mecânicas que envolvem mais do que apenas apertar botões, focando em movimentação precisa, coordenação para acionar mecanismos específicos em momentos exatos, e tudo isso combinado trabalha agilidade de raciocínio, coordenação, comunicação e colaboração.

Isso sem mencionar que o simples fato de que todas essas pessoas demonstram interesses em comum, e a interação dentro dos jogos costuma levar à formação de comunidades fora deles. Em 2023, a agência Live conduziu a pesquisa “Mundo Infinito dos Games”, e segundo o levantamento realizado, graças os games online, 42% dos jogadores brasileiros ampliaram seus círculos de amizade, criando vínculos saudáveis, duradouros e preciosos que saíram do digital para o real.

Ajudando a enxergar contextos mais amplos

Naturalmente, além do fortíssimo fator social dos jogos modernos, mesmo os jogos narrativos são excelentes ferramentas para trabalhar outras questões que ajudam a combater alguns sintomas de doenças mentais. Isso porque, assim como livros, filmes e séries, produções como o novo Star Wars - Outlaws levam o jogar por jornadas incríveis em universos riquíssimos, ajudando a desligar um pouco do estresse do cotidiano e relaxando a mente.

Inclusive, muitas dessas histórias são construídas para muito além das sagas grandiosas, mas trazendo paralelos com situações corriqueiras, que até certo ponto estão presentes em nossas vidas, como dramas familiares ou de relacionamentos. Um dos benefícios da psicoterapia é conseguir analisar os problemas de uma certa distância para visualizar o contexto geral e enxergar possíveis soluções.

Sendo assim, lidar com esses problemas - ou versões ressignificadas deles - dentro de uma saga intergalática pode ajudar a criar o nível de abstração necessário para, também, colaborar na busca por uma solução ou formas de lidar com ele na vida real. É claro que isso não substitui, um acompanhamento especializado com médicos e psicólogos, mas pode, sim, servir como uma ferramenta suplementar no tratamento de depressão, ansiedade e outros transtornos.

Inicialmente criados como hobbies, os games já são parte das nossas vidas em diversos níveis, e os estudos apontando seus benefícios só aumentam com o passar dos anos, atualmente desempenhando papéis significativos para acelerar o desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas, emocionais e sociais. Se combinado a tratamentos direcionados, mergulhar nesses universos fantásticos tem um enorme potencial ser uma ferramenta fortíssima, não para fugir de gatilhos de transtornos mentais, mas para entendê-los melhor e desenvolver estratégias saudáveis de como lidar com eles.

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