A Internet de Todas as Coisas já está chegando ao Brasil
Por Marco Barcellos | 02 de Setembro de 2013 às 13h53
A próxima transição de mercado ocorrerá no mundo com todas as coisas conectadas à Internet. Este é o fenômeno que já abordamos aqui: Internet of Everything (IoE) – ou simplesmente a Internet de Todas as Coisas. E um dos aceleradores desta mudança é a nova geração que já nasceu conectada em rede. São pessoas com interesses comuns que compartilham e vivenciam experiências em tempo real.
A maioria dos jovens não consegue viver sem conexão à rede, e eles já fazem parte da força de trabalho no mercado mundial. A Internet ganhou status de recurso essencial, assim como: ar, água, alimento e moradia. Em alguns casos, é mais importante do que carros e “baladas”. Por isso, dizemos que a “nova” Internet de Todas as Coisas é o resultado da conexão em rede de pessoas, processos, dados e coisas.
Além disso, a miniaturização de sensores e a nanotecnologia estão provocando mudanças que transformam objetos estáticos em coisas dinâmicas, agregando inteligência ao meio. Tal fato favorece a criação de produtos e serviços inovadores através de objetos conectados, e com capacidade de interagir com outros sistemas. O desafio é imaginar como um objeto poderá ser conectado à Internet e nos fornecer informações para melhorar o mundo em que vivemos.
Mas este cenário futurista não está longe de nossa visão. No Brasil, já temos exemplos que começam a combinar a Internet of Things (Internet das Coisas), com mobilidade, computação em nuvem e Big Data. O cenário está pronto para a Internet de Todas as Coisas.
Por exemplo, na Copa das Confederações o governo utilizou o caminhão CiCCM (Centro integrado de Comando e Controle Móvel). Trata-se de um veículo equipado com computadores de última geração, servidores, camêras de vídeo, telas, sistema de captação de áudio e softwares de integração e análise de dados. O CiCCM é integrado às polícias civil, militar, federal, Bombeiros e SAMU, e pode identificar desde carros estacionados de forma irregular à venda de produtos piratas, ou mesmo evitar ataques terroristas e tumultos em geral.
Interior do caminhão CiCCM (Centro integrado de Comando e Controle Móvel)
Ainda em segurança pública, os chamados ITS (Intelligent Transportation Systems) utilizam recursos avançados de informática no sistema de transporte para reorganizar e monitorar o trânsito, além de fornecer informações aos motoristas. O ITS possui sensores e câmeras que contam a quantidade de veículos em movimento e identificam carros em direção perigosa, gerando um alarme para os agentes de trânsito. Esse sistema já está em operação no Túnel Rebouças, no Rio de Janeiro.
Um outro exemplo “carioca” pode ser visto no Rio Design Leblon, onde o cliente que possui o aplicativo do shopping no seu smartphone é reconhecido ao entrar no estabelecimento e recebe mensagens de ofertas. Já na surf-shop Billabong, os tablets mostram as peças disponíveis no estoque central e podem ser usados para fechar a compra.
Um novo medidor de eletricidade está sendo desenvolvido no país para integrar os dados de sensores com análise preditiva e capacidade de localizar especialistas, tudo através de uma rede inteligente de dados. No caso das grandes cidades, o uso de redes elétricas inteligentes –Smart Grid, será essencial para garantir a distribuição eficaz de energia, por exemplo, durante os grandes eventos.
Podemos citar ainda diversos exemplos como o Pirajuba, um submarino-robô desenvolvido pela USP, que é capaz de monitorar a qualidade da água e eventuais danos ambientais através de controles enviados por rádios e sensores espalhados pelo casco. Ou ainda um protótipo de jaqueta chamado BioBodyGame, desenvolvida na Universidade Anhembi Morumbi, que monitora a resposta neuroemocional, o fluxo sanguíneo e a respiração para integrar as emoções do jogador com a tela do videogame.
De fato, ao realizar estas conexões entre pessoas, processos, dados e coisas, esta “nova” Internet transformará tudo mais uma vez. Mas traz também grandes desafios, pois exige uma rede distribuída centrada em aplicações, armazenamento e plataformas de computação que conectem coisas e pessoas de maneiras inimagináveis até então. A Internet precisará ser uma rede com infraestrutura inteligente, gerenciável, altamente segura e dimensionada para suportar centenas de bilhões de dispositivos conectados.
Para obter mais valor nesta nova economia, as empresas devem investir em uma infraestrutura de rede com alta qualidade. Será fundamental adotar e seguir práticas inclusivas que permitam que os funcionários colaborem, além de desenvolver práticas eficazes de gerenciamento da informação. A maior parte dos lucros gerados pela Internet de Todas as Coisas virá da combinação do aumento de receitas com a redução de custos entre as corporações.
Enfim, a Internet comercial que surgiu há pouco mais de duas décadas, está prestes a ver toda a revolução que ocorreu até hoje ficar pequena. A Internet de Todas as Coisas vai afetar todos os tipos de empresas e setores, o que significa novas oportunidades em negócios, experiências e serviços. E o sucesso não será baseado na localização geográfica ou tamanho da empresa, e sim em quem se adaptará mais rapidamente. E então, o que você está esperando?
Marco Barcellos é Diretor de Marketing da Cisco e colunista do Canaltech.