Triângulo da Tristeza | Sobre o que é o filme indicado ao Oscar 2023?
Por Durval Ramos | Editado por Jones Oliveira | 07 de Fevereiro de 2023 às 16h00
Triângulo da Tristeza é um daqueles filmes que passam despercebidos por muita gente e que são descobertos graças ao Oscar. Com três indicações ao maior prêmio do cinema — incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor —, o longa vem despertando a curiosidade de todo o mundo graças à sua trama bastante particular e provocante.
Não por acaso, ele foi também indicado a Melhor Roteiro Original, não deixando dúvidas do quanto sua história é interessante e provocativa. Tudo isso porque essa sátira sobre os nossos tempos toca em feridas muito abertas da nossa sociedade e de nós mesmos — e tudo isso com um tipo de humor bastante ácido.
E com o longa chegando aos cinemas na próxima semana, é natural que mais e mais pessoas queiram saber o que há por trás desse passeio de barco tão peculiar. Contudo, como você deve imaginar, as coisas não são bem como parecem, principalmente quando tudo aquilo em que você acredita vira de cabeça para baixo.
Luta de classes a bordo
Sem muito rodeio, podemos dizer que Triângulo da Tristeza é um filme que discute de forma até bem irônica as relações de trabalho e brinca com a ideia de luta de classes. Você certamente já ouviu falar sobre o conceito nas aulas de História ou Sociologia, mas é muito diferente quando vê a ideia sendo aplicada à prática.
Afinal, quem detém o poder de verdade: aquela minoria de pessoas com muito dinheiro ou a massa trabalhadora que fazem as engrenagens do mundo girar e que, sem elas, a própria sobrevivência dessa elite está ameaçada? Parece uma pergunta enviesada — e é —, mas que ilustra muito bem o microcosmo desse barco de luxo onde o filme se passa.
No longa, megaempresários, celebridades e modelos que embarcam nessa viagem para uma paisagem paradisíaca para poderem descansar e curtir todo o luxo e mordomia que o dinheiro pode comprar. Para isso, eles vão contar com toda uma tripulação treinada para servi-los no que for preciso.
Mas o que acontece quando essa embarcação naufraga e todos a bordo se veem perdidos em uma ilha deserta? De repente, as relações de força se invertem. Afinal, o dinheiro não quer dizer mais nada naquela situação e são justamente os trabalhadores acostumados com o trabalho braçal do dia a dia é que se mostram mais aptos a sobreviver e isso força uma mudança drástica nessa relação de poder que sempre pareceu tão clara.
E mais do que ser um filme perfeito para ser exibido em qualquer centro acadêmico, Triângulo da Tristeza faz essa brincadeira com o conceito de relações de trabalho e luta de classes de uma forma muito ácida e irônica, brincando com estereótipos e colocando todos os personagens em situações bem chocantes tanto para expor seu discurso quanto para impactar o público com muita graça.
Assim, mesmo tendo um elenco pouco conhecido — Woody Harrelson é o nome mais conhecido da película, vivendo o capitão marxista do navio —, o diretor Ruben Östlund conseguiu personificar os exageros da nossa sociedade atual nesses ilustres desconhecidos e fazer com que esse contraste social funcione tão bem.
Triângulo da Tristeza chega aos cinemas brasileiros no dia 16 de fevereiro, embora alguns cinemas tenham anunciado que haverá sessões especiais já a partir do dia 9.