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Crítica Till | Filme acerta ao mostrar os horrores do racismo

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Divulgação/MGM
Divulgação/MGM

Lançado nos cinemas em 2022, Till - A Busca Por Justiça acaba de chegar ao Prime Video com uma trama baseada em uma história real. Dirigido pela nigero-americana Chinonye Chukwu (que também assina Clemência, longa que fez sucesso na Netflix), a obra chama atenção para um assunto tão contemporâneo quanto antigo: o racismo e as consequências dele.

Abusando de uma fotografia iluminada, repleta de tons claros e vibrantes como amarelo, rosa e azul, o filme nos conduz para o oposto: uma história triste e cinza sobre injustiça e impunidade. Para começar, a trama acompanha a vida de Mamie Till-Mobley, uma mulher jovem e negra que tem como principal companhia o seu filho Emmett, de 14 anos.

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Os dois vivem juntos em uma casa simples em Chicago, local onde o racismo impera, porém de forma mais branda. Acontece que Emmett está de férias e quer viajar para o Mississipi para rever os parentes e brincar com os primos. E isso não seria um problema se o estado não fosse um dos que mais mata negros sem razão aparente.

Angustiada e com o coração na mão, Mamie, então, deixa o filho ir, mas pede que ele cumpra uma recomendação: ser pequeno! Isso quer dizer não causar tumulto, não fazer alarde, não conversar com estranhos ou quaisquer outras atitudes que faça com que ele fique na mira de supremacistas brancos.

Chegando ao local, porém, Emmett acaba conversando com uma moça branca, dona de uma loja de doces, e isso é gatilho suficiente para que ele seja sequestrado, espancado e morto com um tiro.

O retrato silencioso de uma dor sem tamanho

A partir desse ponto de Till – A Busca Por Justiça,o que vemos é um show de atuação de Danielle Deadwyler, atriz que vive a protagonista e que tem em seu currículo títulos como Recomeço e Vingança e Castigo. Sem dizer muitas palavras, ela entrega uma performance espetacular nas cenas em que recebe Emmett dentro de um caixão e também quando o vê totalmente desfigurado.

A boa direção de Chukwu também é fundamental para que as cenas consigam passar o impacto necessário e sejam um verdadeiro retrato da dor de uma mãe vendo seu filho morto pela discriminação racial.

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Quando sai desse momento torpe, no entanto, Mamie se transforma e passa a lutar para que a memória do seu filho receba a justiça necessária e para que os assassinos sejam presos. Para isso, ela tem que enfrentar um tribunal repleto de pessoas brancas e uma misoginia escancarada, que faz com que todos questionem porque ela teve dois casamentos anteriores e porque não está casada com seu atual companheiro.

Aqui Chukwu acerta mais uma vez em conseguir separar os assuntos, mas ainda mostrar como eles se relacionam de certa forma. Isso porque até os homens negros questionam a postura de Mamie, fato que prova que, independentemente da cor de pele, qualquer pessoa pode ser misógina. Mas, é claro, que por ela ser negra, seu status civil tem um peso maior.

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E vale falar que se em um primeiro momento Danielle dá um show em silêncio, a partir desse ponto da história ela usa bem das palavras e da linguagem corporal para dar outro show em cena. Gritando ou falando baixo, ela não se acanha e mostra porque será incansável na luta por justiça.

Coadjuvantes também agradam

Falando em personagens, não é só Danielle que brilha em Till – A Busca Por Justiça. Embora ela realmente se destaque, o restante do elenco não faz feio. Jalyn Hall agrada como Emmett e Sean Patrick também faz um bom trabalho como Gene (o namorado de Mamie).

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Outra que surpreende é Whoopi Goldberg. A atriz famosa na comédia não aparece muito em cena, mas se encaixa bem no drama e serve como um contraponto à Mamie. Já nos bastidores, Goldberg também assina como produtora.

Outro ponto que também agrada é a caracterização. Os figurinos recatados nos levam diretamente para os Estados Unidos da década de 1950 e ajudam a contar a história.

Brilhante e dolorido

Com mais acertos do que erros, Till tem uma história potente e bem contada, que faz as mais de duas horas de tela passarem rápido. Danielle, a protagonista, brilha em cena e faz o público se questionar porque ela não foi cotada para o Oscar 2023. Além disso, a bela fotografia contrasta bem com a dureza da trama.

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Se você ficou curioso e quer assistir ao filme, Till – A Busca Por Justiça está no catálogo do Prime Video.