Crítica O Chamado 4 | Filme agrada ao ser mais tecnológico e menos assustador
Por Diandra Guedes • Editado por Jones Oliveira |
É verdade que a história de Samara, a menina que sai de dentro de um poço, já foi contada algumas vezes no cinema, mas foi a versão de O Chamado criada nos Estados Unidos pelo diretor Gore Verbinski que ficou mais famosa e conquistou o público. O que poucas pessoas sabem, no entanto, é que a trama é baseada em um livro japonês de 1991, escrito por Koji Suzuki, e que em 2022 o autor decidiu tomar as rédeas da história para si e criou uma nova adaptação cinematográfica, desta vez abusando da tecnologia para torná-la mais moderna e palpável.
Junto do roteirista Yuga Takahashi e do diretor Hisashi Kimura, ele criou O Chamado 4: Samara Ressurge, que só agora chega aos cinemas do Brasil. O filme segue na mesma saga, mas pode ser assistido de maneira independente, sem ter qualquer comprometimento no enredo. A trama acompanha Ayaka (Fuka Koshiba), uma jovem de Q.I 200 que consegue desvendar mistérios com facilidade.
Ela é convidada de um programa de televisão que a coloca frente a frente com Kenshin, um médium que ganha dinheiro explorando a fé dos outros. Juntos, os dois têm que argumentar se acreditam ou não no novo viral da internet: um vídeo que mostra uma mulher saindo de um poço e que, segundo os internautas, amaldiçoa a pessoa que o assiste.
Cética e racional, Ayaka tenta a todo modo provar que tudo não passa de uma lenda urbana ou de um efeito placebo que causa terror nas pessoas. Acontece que, à medida que os dias avançam, ela vai se convencendo pouco a pouco de que nem tudo nesse mundo pode ter uma explicação científica.
O terror dá espaço para a tecnologia
Uma característica bem marcante de O Chamado 4: Samara Ressurge que não estava presente nas outras produções é o uso da tecnologia. Aqui, a maldição surge da mesma forma, por meio de uma fita VHS, mas o vídeo foi renderizado para novos formatos e é disseminado por meio das redes sociais. Isso faz com que ele atinja as pessoas mais rapidamente, e que a ameaça se torne mais brutal.
Tal fato poderia ser um ponto macabro e que fortalecesse o medo, mas a racionalidade exagerada da protagonista faz o espectador se questionar o tempo todo se tal maldição é real ou fruto de um jogo macabro. Assim, o longa se centra muito mais no suspense e na expectativa do "será?" do que propriamente no terror.
Outro ponto que chama a atenção é que a fotografia do filme é clara e moderna, e deixa de lado aquela atmosfera sobrenatural vista nos outros longas.
Mudanças no roteiro trazem frescor à obra
Outra alteração significativa é que a racional Ayaka só começa a acreditar na maldição quando sua irmã mais nova, Futaba, começa a ser perseguida por visões do seu tio, Shizuoka, que está no hospital. As alucinações começam logo após ela ter assistido ao vídeo, e Ayaka tem, então, menos de 24 horas para desvendar a maldição se quiser mantê-la viva.
Essa é uma mudança interessante no roteiro, que fez o filme se diferenciar dos demais e ser mais dinâmico. Não é Samara que começa a perseguir suas vítimas, e sim visões de familiares ou pessoas queridas que elas conhecem. Só depois a mulher de cabelos pretos na cara aparece para arrematar a tortura e matar os perseguidos.
Vale dizer, então, que apesar de ter seu nome no título e ser a peça chave da maldição, Samara é uma das personagens menos importantes da história, e uma das que menos aparece. Claro que quando surge em cena, sua aparição impacta, mas de uma maneira bem diferente do que nos outros filmes da saga.
Isso faz o filme se tornar pobre? De maneira nenhuma! O Chamado 4: Samara Ressurge é uma nova forma de contar uma história já batida e de atrair a geração Z para um dos clássicos do terror.
Vale a pena assistir a O Chamado 4?
Inovando no roteiro, com um time de atores que agrada em cena, e sem perder a essência do filme tradicional, O Chamado 4: Samara Ressurge é uma boa opção para quem nunca assistiu a saga e até mesmo para os fãs da história. Além disso, é uma oportunidade de ver o enredo contado pelo próprio Koji Suzuki, o idealizador da trama.
Para os aficionados pelo terror e por bons sustos, vai uma dica: não espere por grandes sobressaltos, uma vez que a produção foca mais no mistério do que no medo em si. Com as expectativas alinhadas, no entanto, é possível curtir as quase duas horas de duração sem se entediar.
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