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Crítica Destinos à Deriva | Distopia entrega duas horas terríveis de angústia

Por| Editado por Durval Ramos | 03 de Outubro de 2023 às 20h05

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Provando que segue investindo em produções espanholas, a Netflix trouxe o suspense de sobrevivência Destinos à Deriva, um filme tão angustiante e deprimente que chega a ser difícil de assistir. Dirigido por Albert Pintó, o longa retrata uma distopia na qual a Europa está destruída enfrentando a miséria e a fome. Para tentar contornar essa situação, o governo totalitário decide matar os idosos, as crianças e as mulheres grávidas, já que eles são aqueles que mais dão despesas.

É nesse cenário absurdo que Mia (Anna Castillo) se encontra. Grávida, ela e seu marido Nico (Tamar Novas) tentam migrar para a Irlanda em um contêiner clandestino. Para isso, os dois juntam o pouco de economia que têm e embarcam em uma viagem macabra repleta de situações absurdamente assustadoras.

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O terror começa quando ela é separada do marido e fica no contêiner apenas com um grupo de pessoas desconhecidas. Aqui, o filme avança na morbidez e logo entrega uma sequência chocante de balançar o coração até dos mais insessíveis: um massacre seguido do assassinato de uma criança pequena cujos olhos clamam pela chance de viver. Sem titubear, os fascistas o matam com um tiro na cara, chocando o espectador e provando que o filme não poupará esforços para causar desconforto durante os próximos longos minutos.

O que se segue é que Mia, agora única sobrevivente, tenta fazer a travessia sozinha. Acontece que, como desgraça pouca é bobagem, a caixa na qual ela está cai do navio, deixando-a à deriva. Nesse ponto do filme, o espectador já foi atormentado com vários momentos deprimentes, mas ainda há mais por vir.

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Os erros e acertos de Destinos à Deriva

Sem balancear as cenas de tensão com a esperança de sobrevivência, o filme espanhol se tornou uma narrativa tão triste e melancólica que ficou difícil querer assistir até o final. É sabido que filmes do gênero irão entregar momentos angustiantes colocando seus protagonistas à prova, mas Destinos à Deriva exagerou e, ao que parece, quis apenas chocar com uma trama depressiva.

Nos minutos seguintes, vemos Mia fazendo de tudo para tentar se manter viva: comendo placenta, pescando comida no mar, costurando a própria perna depois de um acidente e lutando com um telefone quebrado para tentar falar com Nico. Aqui cabe dizer que a história fica um pouco inverossímil, assim como nas cenas em que sua barriga de grávida aparece. A produção poderia ter investido em uma prótese melhor e poupado o público de ver aquela barriga de plástico artificial.

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Por outro lado, a direção de fotografia e arte conseguiu criar um excelente ambiente claustrofóbico e trazer o público para mais perto da história. É como se estivéssemos presos dentro daquela caixa de metal tendo que pensar em alternativas para sair dali junto com a protagonista.

Outro acerto foi a escalação de Castillo para o papel principal. A atriz, que já é conhecida na Espanha, conseguiu encontrar o tom da personagem e oscilar entre o desespero e a vontade de viver e cuidar de Noá, sua bebezinha. Alguém com menos talento poderia tornar o filme risível, mas a atriz soube dosar as emoções e não pecar no exagero.

Sua personagem, no entanto, poderia ter sido mais bem trabalhada, já que ficou resumida a uma mãe que perdeu a filha mais velha e que agora tenta a todo custo salvar a caçula. Também não dá para negar que o filme deveria ter se aprofundado na distopia ao invés de gastar tanto tempo em um drama tão cruel e melancólico. A parte mais interessante termina nos primeiros minutos do longa e o que resta é tristeza e sofrimento.

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Destinos à Deriva é um suspense triste com final feliz

Por fim, o longa de Pintó é nada mais que um passeio de quase duas horas por uma trama que desperta ansiedade e abatimento. Pode agradar os aficionados por suspense, mas é indicado para aqueles que não se impressionam facilmente com as desgraças da vida.

Felizmente não é baseado em uma história real, mas reflete uma situação igualmente triste; a dos imigrantes no geral. Quem quiser assisti-lo, já o encontra na Netflix.