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Crítica Brasil 2002: Os Bastidores do Penta | Filme funciona, mas sem empolgar

Por| Editado por Jones Oliveira | 11 de Outubro de 2022 às 19h30

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Reprodução/Netflix
Reprodução/Netflix
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Quem acompanha e gosta de futebol já deve ter visto inúmeros documentários e reportagens sobre as Copas do Mundo vencidas pela Seleção Brasileira (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002). Seja por saudosismo ou pura curiosidade, é bom demais ver como o Brasil era dominante no futebol mundial com o seu selecionado.

Geralmente, esses materiais são pomposos e apelam para o emocional de quem está assistindo, sobretudo quando são abordadas as Copas do Mundo mais antigas e até mesmo aquelas em que nem vencemos, como é o caso da de 1982, citadas por muitos como a derrota mais dolorida da história da Seleção antes do 7 a 1 da Alemanha em 2014.

Os documentários são feitos com imagens sempre captadas pelas próprias TVs ou pela FIFA, que tem seus próprios filmes sobre os mundiais e as Seleções. Mas, recentemente, os serviços de streaming têm se aproveitado disso e investido mais nesse tipo de conteúdo, como a Amazon Prime, por exemplo, com seu documentário sobre a Copa América de 2019.

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No caso de Brasil 2002: Os Bastidores do Penta, da Netflix, quem parece conduzir todo o filme dirigido por Luis Ara são os próprios jogadores da campanha vencedora da Seleção Brasileira em 2002, com imagens captadas, segundo a própria película parece revelar, pelo lateral direito reserva Belletti. O resultado: um filme que te prende, mas não empolga.

Emoção restrita à nostalgia

Assim que começamos a assistir Brasil 2002: Os Bastidores do Penta pensamos que a narrativa se daria do fim para o começo. Mas foi interessante contextualizar os traumas de 1998, após a derrota na final para a França por 3 a 0, em que muito se falou sobre teorias da conspiração e um ciclo pós-Copa em que a Seleção quase não se classificou para o mundial da Coreia do Sul e do Japão.

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O filme parte contando como a Copa do Mundo é importante para o Brasil e como a Seleção de 2002 foi forjada dentro do caos absoluto, muito embora isso tenha sido contado de maneira muito vaga e sem a participação de pessoas importantes nesse processo.

Deixando isso um pouco de lado, a Copa do Mundo de 2002, a última vencida pelo Brasil, ficou na memória do torcedor por várias maneiras. Pelos gols de Ronaldo, pelas defesas de Marcos, pela cambalhota de Vampeta na chegada ao país, e por aí vai. Tudo isso é embalado pelo sentimento da nostalgia, que é o que mais toma conta por aqui. No mais, parece que estamos diante de mais um documento genérico sobre uma conquista do escrete Canarinho.

A ideia de usar imagens inéditas feitas pelos próprios jogadores, algo raro em 2002, foi boa. No caso, o então lateral-direito reserva Belletti parece o autor da maioria das captações. Um jogador de pouco — ou quase nenhum — destaque na conquista, mas que é alçado a quase produtor dessa película.

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E são registros legais de um grupo que ficou conhecido por seu bom relacionamento, algo que, certamente, ajudou na conquista da Copa do Mundo — além do gritante talento de uma das maiores gerações de futebolistas que já tivemos em todos os tempos.

Para quem consome filmes e documentários de futebol, geralmente ricos em detalhes e com conteúdos emocionantes, Brasil 2002: Os Bastidores do Penta deixa a desejar nesse aspecto, e há algumas explicações para isso. Uma delas, falaremos a seguir.

Uma família sem pai

Entendemos que a ideia de Luis Ara era de contar a história da Copa do Mundo de 2002 pela óptica dos jogadores da Seleção Brasileira. Tanto que os "apoios" utilizados foram de jornalistas, como o já cansado e chato Juca Kfouri, que parece falar sempre as mesmas coisas em todos os documentários em que aparece.

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Mas um dos slogans mais famosos daquela Seleção foi o da Família Scolari, algo criado pelo próprio técnico Luiz Felipe Scolari para trazer uma espécie de uniformidade ao grupo e ajudar na gestão das pessoas que ali estávam, ora traumatizadas por 1998, ora motivadas para a conquista do Penta.

Tirar Felipão do contexto de qualquer material sobre o Penta é um pecado mortal e que tira qualquer emoção do material. Futebol e Seleção Brasileira ainda despertam a emoção das pessoas — embora digam que não. E o treinador, com sua alcunha de paizão, é receita certa de sucesso nesse tipo de apelo.

Vale a pena para aquecer

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Se você for fã de futebol e já quiser ir se aquecendo para a Copa do Mundo de 2022, que começa no dia 20 de novembro, Brasil 2002: Os Bastidores do Penta vale a pena se for apenas mais um de alguns materiais que forem consumidos até o mundial do Catar.

Ver os craques do passado falando sobre suas experiências e "vivenciar" aquele dia a dia dos bastidores da Seleção pentacampeã do mundo é bacana, mesmo que a emoção seja restrita à nostalgia. Quem sabe não é um aquecimento para o hexa, 20 anos depois?

Brasil 2002: Os Bastidores do Penta está disponível na Netflix.