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Crítica Assassinos da Lua das Flores | Scorsese entrega mais um épico marcante

Por| Editado por Durval Ramos | 17 de Outubro de 2023 às 20h05

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Reprodução/Apple, Paramount Pictures
Reprodução/Apple, Paramount Pictures

Martin Scorsese é um gigante do cinema. A cada novo filme do diretor, a certeza de que será algo especial é constante, por mais que todo o impacto das histórias que ele conta muitas vezes demore um pouco para chegar. Assassinos da Lua das Flores é um desses casos, com três horas de duração que se desenvolvem em um ritmo que parece um pouco lento, mas que, quando o espectador percebe, já está completamente imerso na história.

Com um elenco liderado por Leonardo DiCaprio (O Lobo de Wall Street), Robert De Niro (Taxi Driver) e Lily Gladstone (Certas Mulheres), o filme é baseado livro Killers of the Flower Moon: The Osage Murders and the Birth of the FBI, lançado em 2017 pelo jornalista americano David Granns e fala sobre os assassinatos que aconteceram na década de 1920 no condado de Osage, no Oklahoma, e a investigação que ajudou a dar destaque ao FBI, liderado por J. Edgar Hoover.

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Da terra, o ouro negro

Assassinos da Lua das Flores começa mostrando como os nativos Osage se tornaram um dos povos mais ricos dos Estados Unidos após descobrirem petróleo em suas terras. O Condado de Osage, no Oklahoma, se torna povoado por nativos agora abastados, o que atrai o povo branco para trabalhar e tentar conseguir um pouco do chamado "ouro negro" para si.

É dentro desse cenário que vemos a chegada de Ernest Burkhart, interpretado por um Leonardo DiCaprio inspirado, ainda que não seja o maior destaque do elenco. Ele é sobrinho de Willian Hale (Robert De Niro), que demonstra ter um ótimo relacionamento com os Osage, inclusive falando a sua língua.

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Desde os primeiros momentos entre eles, é possível notar uma tensão clara e uma aura de ameaça que Hale tem, começando pelo fato de querer ser chamado de Rei pelo sobrinho. Se isso não fosse suficiente, o filme mostra flashes de nativos que foram assassinados no local, sempre sem nenhum tipo de investigação por parte da polícia.

O filme deixa bem claro, logo de início, que por mais que os nativos tenham conseguido o direito de lucrar com o petróleo encontrado nas suas terras, o homem branco ainda tinha domínio sobre a lei, de um jeito ou de outro. Em dado momento, é comentado que um homem poderia mais facilmente ser preso por chutar um cachorro do que assassinar um indígena, o que mostra bem como era a realidade.

A primeira hora de filme desenvole o o início do relacionamento entre Ernest e Mollie, interpretada por Lily Gladstone. Nesse momento, eu falo algo que pode parecer ousado, mas se a atriz não se encher de prêmios pelo seu trabalho no filme, vai ser uma das maiores vergonhas dos últimos tempos no cinema (e olha que já tem bastante vergonha feia recentemente).

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O filme funciona muito bem pelo trabalho de DiCaprio e De Niro e pela própria história, mas se torna realmente especial pela força da atuação de Gladstone como a nativa por quem Ernest se apaixona e que a família se torna alvo dos esquemas de Hale.

Violência e ganância

Conforme o filme avança, o bom relacionamento de William Hale e Ernest começa a mostrar como é de verdade, fazendo com que o filme realmente se torne uma história de violência e total desprezo pela vida humana. É impressionante como o cinema tende a sempre glorificar cenas de violência, criando uma certa fantasia como esses momentos realmente acontecem, mas Scorsese faz questão de mostrar como a violência é bruta, rápida e muitas vezes realizada com uma frieza sem igual.

Isso é outro grande trunfo de Assassinos da Lua das Flores. Em momento algum, fica alguma dúvida sobre quem está errado na história, mas em várias situações, é possível notar em alguns personagens que ainda existe um fio de humanidade dentro delas, ainda que não seja forte o suficiente para impedir suas ações.

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A maneira como os personagens são construídos é muito boa e, novamente, o trio principal de DiCaprio, De Niro e Gladstone mostra exatamente o lado mais covarde, o lado cruel e ganancioso e o mais forte do ser humano. Gladstone e sua Mollie Burkhart passam por várias desgraças, mas às vezes basta um olhar para que você perceba que existe chamas nos seus olhos.

DiCaprio se destaca pelo fato de ser alguém que claramente não era um homem 100% honesto, mas que se envolveu em algo muito além do que poderia lidar. E De Niro é espetacular como uma pessoa que passa uma imagem amistosa, apenas para se mostrar desprezível com uma facilidade impressionante.

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A investigação e o FBI

Eu realmente acreditava que Assassinos da Lua das Flores teria mais sobre a investigação do FBI em torno dos assassinatos dos Osage, principalmente pela forma como a participação do Departamento de Investigação Federal dos Estados Unidos cresceu por conta do caso, mas ela se resume à última hora de filme.

A parte boa é que isso ajuda na forma como o filme se constrói, criando uma espécie de escalada ao clímax que você fica cada vez mais envolvido na forma como as coisas se desenrolam.

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É durante a investigação que boa parte dos grandes nomes do elenco aparecem, como Jesse Plemons (Breaking Bad) como Tom White, o chefe da investigação, John Lithgow (Dexter) como o promotor Leaward e Brendan Fraser (A Baleia) como o advogado W.S. Hamilton.

Scorsese mostra mais uma vez por que é possivelmente o melhor diretor em atividade em Hollywood, mesmo do alto dos seus 80 anos e cutucando um monte de nerd na internet sempre que tem oportunidade, já que ele consegue fechar as 3 horas de Assassinos da Lua das Flores com um soco bem dado no espectador, mostrando o impacto da história.

Assassinos da Lua das Flores é certamente um dos melhores filmes de 2023, traz atuações brilhantes (novamente, Lily Gladstone é um absurdo) e Scorsese mostra que ainda tem muito a oferecer para o cinema.

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O filme estreia nos cinemas brasileiros no dia 19 de outubro.