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Viajar ao passado só é possível se mundos paralelos existirem, diz estudo

Por| Editado por Rafael Rigues | 28 de Abril de 2022 às 13h00

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Pixabay
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A viagem no tempo é um tema amplamente discutido na física teórica — afinal, a própria Teoria da Relatividade Geral permite fórmulas que sugerem a possibilidade de ir para o futuro ou voltar ao passado. Mas será que isso é realmente possível? O que a ciência sabe atualmente?

Se você pensa que a viajem temporal não é levada a sério por cientistas, pense novamente. Há muitos teóricos que desafiam os aparentes limites da física e tentam encontrar meios de “trapacear” as regras do relógio. Mas parece que o mais provável é conseguirmos apenas ir ao futuro, nunca ao passado.

Viagens ao passado são proibidas?

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De acordo com Sean Matt, especialista em astronomia e astrofísica da Universidade de Exeter, no Reino Unido, “a seta do tempo no nível macroscópico é considerada assimétrica, ou seja, ela só vai em uma direção, do passado para o futuro e não pode ser revertida”. Portanto, seria impossível voltar no tempo para ver algum evento ou salvar a vida de alguém.

Mas essa convicção não é unânime. Alguns cientistas, como o astrofísico Ron Mallett, dedicam muito tempo de suas vidas para demonstrar que a viagem ao passado é possível. O problema é que, na Relatividade Geral, isso só pode ser feito se tivéssemos grandes quantidades de algo chamado “matéria exótica” — e não temos.

Outras teorias apontam para possibilidades mais animadoras, principalmente na mecânica quântica. Contudo, ainda não sabemos muito (ou melhor, nada!) sobre a gravidade quântica, e isso parece um grande problema para compreendermos do que o espaço-tempo é realmente feito, ou se o tempo sequer existe.

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Se algumas dessas teorias de viagem no tempo estiver correta, iremos nos deparar com um problema ainda maior: os paradoxos. Não aqueles apresentados em alguns filmes de ficção científica, como “você não pode encontrar seu ‘eu’ do passado ou algo terrível acontecerá”, mas paradoxos que realmente tornam a viagem no tempo impossível.

Um desses paradoxos é o seguinte: se eu entrar em uma máquina do tempo, voltar ao passado e destruir a máquina, ela não existiria antes da viagem. Portanto, eu não poderia usá-la para viajar no tempo, para começo de conversa. Mas se não posso usar a máquina do tempo, não posso voltar no tempo e destruí-la.

E se a máquina não foi destruída, então posso voltar no tempo e destruí-la. Esse é um ótimo cenário para ficção científica, mas, para cientistas, não poderia acontecer. A própria ideia de encontrar um “eu” do passado parece implicar em problemas elementais nas leis da termodinâmica e entropia do universo.

Mundos paralelos

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Apesar de tudo isso, ainda há uma saída, e os físicos Barak Shoshany, Jacob Hauser e Jared Wogan estão trabalhando nisso. O estudo deles mostra que até mesmo os paradoxos mais difíceis de resolver desapareceriam se nosso universo permitir a existência de algo conhecido como “muitos mundos”.

Formulada na década de 1950, a hipótese dos muitos mundos afirma que universos paralelos se ramificam uns dos outros constantemente, momento a momento, a cada decisão que tomamos. Apresentada por Hugh Everett, essa ideia é uma interpretação da mecânica quântica e muitas versões diferentes surgiram depois.

Isso nos leva ao gato de Schrödinger, um problema que trata das inúmeras possibilidades e do fato de que só podemos descobrir qual delas se concretizou por meio de observação. Ao abrir a caixa, saberemos se o gato sobreviveu. Mas, até lá, as incontáveis possibilidades estão em suspensão. Não sabemos, portanto, tudo pode ser real ao mesmo tempo.

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Para a mecânica quântica, isso é algo trivial, mas não parece fazer muito sentido no universo macro. Por outro lado, a interpretação de Everett nos abre as portas para vários mundos, cada qual com um gato dentro de sua caixa. Em cada um dos mundos, aconteceu algo diferente com o animal.

Cada um desses mundos foram gerados, como um mapa procedural gerado por um algoritmo matemático. A diferença é que uma realidade paralela se formará até que as possibilidades se esgotem. Isso implica que, na verdade, nenhuma delas foi eliminada, como a mecânica quântica originalmente diria.

Aceitar as observações da mecânica quântica — como um elétron em uma nuvem de possibilidades, por exemplo — é muito diferente de concluir que os muitos mundos existam de fato. Será que há outras versões de nós mesmos, tomando decisões diferentes? Se isso for verdade, haverá muito mais perguntas do que respostas.

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Seja como for, Shoshany, Hauser e Wogan continuam trabalhando na ideia de muitos mundos. Afinal, ela é, até agora, a única capaz de eliminar todos os paradoxos de uma só vez. E já que não podemos simplesmente aplicar a realidade quântica no mundo macro, a hipótese terá que se tornar totalmente compatível com a relatividade geral, que descreve o universo macro.

Este será um trabalho árduo e interessante de se acompanhar, mesmo que os autores admitam que a nova teoria não seria suficiente para provar que a viagem no tempo é possível. “Mas pelo menos significaria que a viagem no tempo não é descartada por paradoxos”, diz Shoshany.

Fonte: The Conversation