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Tiranossauro Rex era tão inteligente quanto um babuíno

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Fausto García-Menéndez/Unsplash
Fausto García-Menéndez/Unsplash

Esqueça a ideia de que dinossauros não eram inteligentes, apenas brutamontes colossais e sem cérebros. Pelo menos, é o que um novo estudo norte-americano revela sobre o Tiranossauro Rex. Se comparado com os animais deste século, o T. Rex seria tão inteligente quanto um primata moderno, como um babuíno. Inclusive, o número de neurônios seria semelhante entre as espécies.

A hipótese sobre o "novo" nível de inteligência do Tiranossauro Rex foi desenvolvida por Suzana Herculano Houzel, cientista e professora associada da Vanderbilt University, nos Estados Unidos. O estudo, no mínimo curioso, foi publicado na revista The Journal Of Comparative Neurology.

"O T. Rex tinha um número de neurônios cerebrais semelhante ao de um babuíno, o que significa ter o necessário para construir ferramentas, resolver problemas e viver até os 40 anos — o suficiente para construir uma cultura própria", afirma a autora nas redes sociais.

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Como foi possível estimar o nível de inteligência do Tiranossauro Rex?

Aqui, cabe se perguntar: como a cientista Houzel conseguiu estimar a quantidade de neurônios do T. Rex, sendo que os tecidos moles do cérebro não "sobreviveram" nos espécimes descobertos até hoje? Para contornar o problema, ela recorreu a um exercício proporcionalidade e usou como base o cérebro dos pássaros — também conhecidos como os descendentes vivos dos dinossauros.

Obervação: embora o tamanho do crânio das aves seja realmente pequeno, estes animais têm neurônios densamente compactados. Isso proporciona a esses seres uma alta capacidade cognitiva e bom raciocínio.

Dessa forma, a autora calculou matematicamente quantos neurônios poderiam ser colocados dentro dos cérebros dos terópodes — uma subordem que agrupa os dinossauros bípedes e as aves. A partir disso, Houzel comparou o cérebro do T. Rex com o de animais modernos.

Tamanho do crânio não é mesmo sinal de inteligência?

É tentadora a ideia de que o tamanho do crânio se reflita na capacidade de inteligência de um animal, mas essa ideia não se sustenta. "O tamanho do corpo não tem nenhuma relação obrigatória com o número de neurônios cerebrais", pontua a autora.

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"Meu ponto é exatamente que os primatas são pequenos, então normalmente se espera que tenham poucos neurônios, mas eles não têm. O mesmo [ocorre] com os pássaros", acrescenta. Se a proporcionalidade existisse, o T. Rex seria muito mais inteligente que os humanos, o que, até o momento, não é verdade.

O que o Tiranossauro Rex poderia fazer com tantos neurônios?

Para Houzel, com a capacidade intelectual de um babuíno e uma vida longa — estimada em 40 anos —, o T. Rex poderia ter sua própria cultura. Vale definir que, segundo a autora, "uma cultura é qualquer corpo de conhecimento e tecnologia que é transmitido de geração em geração e construído sobre ele. Quanto mais capaz cognitivamente você for e quanto mais viver, mais oportunidades para construir uma — e ambos [vida longeva e inteligência] vêm com mais neurônios".

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Em um exercício de imaginação sobre o nível de inteligência estimado, a cientista sugere que o Tiranossauro Rex poderia desenraizar árvores e usá-las como espetos e lanças. Também seria possível desenvolver estratégias para emboscar, de forma furtiva, uma presa, apesar das suas dimensões colossais.

Também entraria na equação a capacidade de economizar energia ou distinguir quais animais poderiam ser ingeridos — evitando os doentes, já que poderiam provocar intoxicações. "As possibilidades [comportamentais] são infinitas", completa.

Fonte: The Journal Of Comparative Neurology