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Sangue quente: estudo finalmente descobre temperatura corporal dos dinossauros

Por| Editado por Luciana Zaramela | 26 de Maio de 2022 às 12h15

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national geographic
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Por muitos anos, uma dúvida pairou sobre os paleontólogos e seus objetos de estudo: seriam os dinossauros seres de sangue quente, como mamíferos e aves, ou de sangue frio, como os répteis de hoje? Pois um novo estudo diz ter a resposta para a pergunta de séculos. Segundo cientistas do California Institute of Technology, a maioria dos bichões tinha sangue quente — mas não todos.

Animais de sangue quente, ou homeotérmicos, tem uma taxa metabólica alta, consumindo muito oxigênio e calorias para manter a temperatura corporal. Já os pecilotérmicos, ou animais de sangue frio, precisam respirar menos e comer menos. Segundo o novo estudo, predadores grandes, como o tiranossauro, e herbívoros de grande porte, como o braquiossauro, eram homeotérmicos.

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Esquentando o debate

A questão da temperatura corporal dos dinos é uma das mais antigas da paleontologia, e já vinha tentando ser respondido por uma série de métodos, como análise de marcas circulares de crescimento ou sinais deixados por isótopos químicos nos ossos. O problema é que os resultados sempre foram ambíguos, já que o processo de fossilização pode mudar os marcadores, além dos métodos danificarem os fósseis.

O método da cientista Jasmina Wiemann, principal autora, e de seus colegas, é mais definidor, segundo eles. Ele consiste na análise dos restos, ou subprodutos formados quando o oxigênio é inalado pelo corpo e reage com proteínas, açúcares e lipídios. A abundância desses restos moleculares — que se mostra como manchas escuras nos fósseis — é proporcional à quantidade de oxigênio inalada e um indicador da característica térmica de um animal.

As moléculas são extremamente estáveis e não dissolvem na água, sendo preservadas no processo de fossilização. Os cientistas, então, analisaram o fêmur de 55 animais diferentes, incluindo 30 já extintos e 25 criaturas modernas. Entre eles, havia ossos de pterossauros (répteis voadores), plesiossauros (répteis marinhos) e pássaros, mamíferos e lagartos dos dias atuais.

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Foi utilizada, então, espectroscopia de infravermelho, cujo alvo é a interação entre as moléculas e a luz, permitindo quantificar a quantidade delas nos fósseis. Comparando os resultados com os dos animais modernos, foi possível saber a taxa metabólica dos bichos extintos.

O resultado foram taxas altas e até mesmo maiores nos animais pré-históricos do que nos mamíferos atuais, cuja temperatura corporal fica em torno de 37 ºC, chegando mais próximas às dos pássaros, cuja taxa gira em torno de 42 ºC. Sabemos, agora, quais dinossauros tinham sangue quente e que sua temperatura corporal era alta: há, no entanto, exceções.

Os ornitísquios, ordem que tem cinturas parecidas com as dos pássaros, como triceratopes e estegossauros, tinham taxas metabólicas baixas, como os animais de sangue frio da atualidade. Eles provavelmente tinham de migrar para lugares mais quentes durante estações frias e "lagartear" sob o sol para se aquecer, além de ter o clima como um definidor importante para habitats possíveis.

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Altas taxas metabólicas eram parte uma teoria para a sobrevivência dos pássaros à extinção em massa que atingiu os dinossauros há 66 milhões de anos, mas os cientistas do estudo acreditam tê-la desbancado, já que dinos com metabolismos parecidos também foram extintos.

Especialistas consideram os resultados bem definitivos e com implicações drásticas no modo como a biologia interpreta os animais extintos, o que deve ser utilizado em estudos sobre comportamento, ecologia e evolução dos antigos répteis. O estudo foi publicado nesta quarta-feira (25) na revista científica Nature.

Fonte: Nature