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Por que acordes menores soam tristes e acordes maiores soam alegres na música?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 16 de Julho de 2022 às 17h30

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Siddharth Bhogra/Unsplash
Siddharth Bhogra/Unsplash

Acordes maiores soam felizes e acordes menores soam tristes. Ou, ao menos, trazem esses sentimentos quando os ouvimos: a emoção reconhecível é um fenômeno já conhecido pela ciência, mas o mistério para os psicólogos, físicos e até matemáticos é justamente a razão para que isso aconteça.

Um acorde maior é um conjunto de notas tocadas juntas. O mais simples deles pode ser feito ao tocar a primeira, a terceira e a quinta nota de uma escala maior, e — ao menos por adultos e crianças ocidentais — é reconhecido facilmente como um "acorde alegre". Ao abaixar um semitom da terça (nota do meio), o que pode ser feito ao mover para uma tecla branca ou preta de um piano à esquerda, temos um acorde menor, tipicamente considerado "triste".

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Acordes, choros e sorrisos

Essa percepção é, provavelmente, ligada à linguagem natural: pesquisas mostram que falas e discursos tristes tendem a usar notas de acordes menores, e falas mais felizes preferem acordes maiores. Eles também provocam padrões distintos de atividade no cérebro quando nós os ouvimos, agindo nos centros de emoção. Mas por que isso acontece?

Alguns cientistas creem que a explicação seja física. No século XIX, o alemão Hermann von Helmholtz mostrou que acordes menores criam ondas sonoras mais complexas, menos harmônicas e menos confortáveis de se processar, o que poderia ser uma explicação para nossa "tristeza" ao ouvi-los.

Mas há um problema com essa hipótese: se o fenômeno é estritamente biológico, seria lógico esperar que tais percepções fossem observadas igualmente em diferentes lugares do mundo. Isso, no entanto, não acontece — tribos Khowar e Kalash, nativas do noroeste do Paquistão, têm um padrão completamente oposto ao ocidental. Para eles, acordes menores se relacionam a emoções positivas, e os maiores, a emoções negativas.

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Assim, mesmo que algumas das razões para usarmos acordes dessa forma tenham alguma base matemática ou física, a pesquisa envolvendo as tribos sugere haver, no mínimo, uma tendência cultural no processo. Nossa exposição prolongada e precoce a associações de acordes com emoções na música — e, principalmente, nas falas — nos condiciona a projetar sentimentos àquilo que escutamos.

Embora o mistério não esteja completamente solucionado, é inegável que a música desperta emoções em nós, humanos, e que vamos buscar escrever canções que tragam toda a sorte de sensações, misturando acordes da forma que os sentimos. Afinal, a música se assemelha à linguagem, e pode atuar como forma de comunicação.

Fonte: Annals of the New York Academy of Sciences, Science Focus