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Já é possível identificar DNA humano pelo ar

Por| Editado por Luciana Zaramela | 15 de Maio de 2023 às 18h46

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iLexx/Envato
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O teste de DNA é normalmente associado com uma amostra de sangue ou outro tipo de material biológico do indivíduo, como um fio de cabelo. No entanto, este tipo de identificação está ficando no passado, com a melhora das análises do DNA ambiental, conhecido como eDNA. Através dessa técnica, cientistas conseguem identificar o material genético humano de qualquer amostra, incluindo sinais da respiração dispersos pelo ar.

O isolamento, a extração e a identificação do DNA humano de qualquer lugar ainda é uma técnica nova, mas a capacidade dos cientistas em identificar esses marcadores já é considerável. É o que aponta um recente estudo, publicado na revista científica Nature Ecology & Evolution.

“Ficamos surpresos ao longo deste projeto com a quantidade de DNA humano que encontramos e a qualidade desse DNA”, afirma David Duffy, professor de genômica da Universidade da Flórida (UF), nos Estados Unidos, em comunicado. “Na maioria dos casos, a qualidade é quase equivalente à de uma amostra [tradicional] de uma pessoa”, acrescenta o cientista, que é um dos responsáveis por aperfeiçoar o método de sequenciamento genético.

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Em paralelo ao avanço do eDNA, surgem as questões éticas. Afinal, quando é justo analisar o DNA de uma pessoa sem consentimento e o que se pode fazer com esses dados? Por exemplo, em cenas de crime, presume-se que a autorização poderia não ser necessária. Só que a relação não é tão direta em casos de amostras coletadas, ao acaso, no transporte público, por exemplo.

De onde os cientistas conseguem identificar o DNA humano?

É curioso pensar que, inicialmente, o grupo da UF não estava estudando amostras de DNA humano. Inicialmente, os pesquisadores coletaram apenas amostras de eDNA para estudar tartarugas marinhas ameaçadas de extinção e os tipos de câncer a que são suscetíveis. Só que, no amontoado de material genético capturado, era possível identificar e distinguir aqueles pertencentes aos seres humanos.

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Após o primeiro achado de eDNA humano encontrado na praia, oficialmente chamado de captura acidental genética humana (HGB), os cientistas passaram a coletar essas amostras que em nada pareciam testes de DNA de outros ambientes, como:

  • Amostras das águas de um rio, provenientes de um ponto próximo do laboratório e outro distante, ambas nos EUA;
  • Amostras encontradas em pegadas na areia de uma praia dos EUA;
  • Amostras de ar ambiente de um hospital veterinário nos EUA;
  • Amostras das águas de um rio na Irlanda;
  • Amostras de uma ilha desértica.

Na maioria dos casos, era possível sequenciar pelo menos um DNA humano a partir das amostras ambientais coletadas. No caso do hospital veterinário, foi possível recuperar o DNA da equipe, dos animais e dos vírus que mais comumente infectavam os pacientes. A exceção envolvia pontos ermos da natureza, como a nascente de um rio ou a ilha desértica, onde a frequência humana é nula ou muito baixa.

Segundo Duffy, com as informações obtidas pelo atual estudo, as autoridades e as comunidades científicas deveriam discutir questões como a privacidade, o direito de ser anônimo e os limites da lei no uso do eDNA.

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Fonte: Nature Ecology & Evolution e UF