Estranha bactéria produz minúsculas pepitas de ouro para sobreviver
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

Já pensou na existência de um organismo que transforma "qualquer coisa" em ouro, como a mítica galinha dos ovos de ouro? Bem, existe algo muito próximo disso na natureza: a bactéria Cupriavidus metallidurans em forma de bastonetes, mas não adianta jogar o nome dela no Google, encomendar uma porção e começar uma startup-fazenda de ouro. Isso porque as condições necessárias para que a estranha mágica aconteça são bem específicas.
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Segundo os pesquisadores da Martin Luther University Halle-Wittenberg, na Alemanha, a bactéria C. metallidurans se desenvolve apenas em ambientes tóxicos, ricos em metais pesados. Este é um espaço inóspito para a maioria das formas de vida, o que significa que este patógeno tem pouco ou nenhuma concorrência pela sobrevivência.
Como a bactéria consegue produzir ouro?
Para se alimentar e viver, a bactéria depende de microelementos de cobre. O problema é que este metal é tóxico em grandes quantidades. Como estratégia de defesa, quando o organismo detecta altas concentrações, a bactéria ativa a enzima CupA e, literalmente, manda para fora o cobre.
Eventualmente, a estranha bactéria pode absorver também o ouro. Aqui, cabe destacar que a combinação do ouro com o cobre é bastante tóxica para o organismo. Só que, diferente do que poderíamos pensar, a CupA não é capaz de eliminar os compostos tóxicos.
Em contrapartida, entra na equação a CopA. "Essa enzima transforma os compostos de cobre e ouro em suas formas originalmente difíceis de absorver", explica Dietrich H. Nies, um dos autores do estudo publicado na revista Metallomics, em nota. Basicamente, a bactéria devolve ao ambiente pepitas minúsculas (nanométricas) de ouro.
Na natureza, esse mecanismo é responsável por formar o ouro secundário, ou seja, aquele que surge após a quebra dos antigos minérios de ouro primários, criados geologicamente. Em outras palavras, a bactéria transforma as partículas de ouro tóxicas — formadas pelo processo de intemperismo — em partículas de ouro inofensivas, que não causarão nenhum tipo de problema ao organismo.
A seguir, confira imagens das minúsculas pepitas de ouro:
O ouro é valioso para quem?
É inusitado pensar que este metal é muito valioso para os humanos e inúmeras guerras já foram movidas pelo brilhante metal, mas é algo completamente perigoso, inútil e indesejado para estas bactérias produtoras. Tão descartável que elas simplesmente o eliminam para o ambiente.
Fonte: Metallomics e Martin Luther University Halle-Wittenberg