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Einstênio: elemento radioativo descoberto há 70 anos é medido pela primeira vez

Por| 09 de Fevereiro de 2021 às 16h30

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vubp/Pixabay
vubp/Pixabay

Quase 70 anos após a descoberta do einstênio, o Laboratório Nacional Lawrence Berkeley finalmente conseguiu reunir quantidades suficientes para fazer medições sobre algumas propriedades importantes do elemento. Desde o final da década de 1950, época em que o einstênio foi identificado pela primeira vez, cientistas tiveram dificuldades de estudá-lo, mas a nova pesquisa foi bem sucedida e os resultados foram publicados na revista Nature.

O elemento foi encontrado por um grupo de pesquisa na poeira deixada pela explosão da primeira bomba de hidrogênio, em 1952, que detonou com força equivalente a dez megatons. Trata-se de um transurânico, ou seja, é mais pesado que o urânio, e seus isotopos são altamente radioativos e perigosos à saúde. O nome foi uma homenagem ao físico teórico Albert Einstein.

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Existem grandes barreiras que impediram os pesquisadores de estudá-lo, como o fato de ser um elemento muito difícil de se produzir e de meia-vida bem curta — menos de um ano. Isso significa que o pouco einstênio criado começa a se destruir devido à radioatividade intensa. O isotopo mais comum do einstênio é o 253Es, produzido em maiores quantidades usando reatores nucleares de alta potência, mas não o suficiente para uma análise mais profunda sobre as propriedades do elemento.

Entretanto, essas dificuldades parecem ser agora coisa do passado. O Laboratório de Berkeley — que inclusive foi o instituto por trás do trabalho do físico nuclear Albert Ghiorso, um dos três cientistas responsáveis pela descoberta do einstênio — conseguiu obter cerca de 200 nanogramas do isótopo. Até então, a produção era de quantidade muito inferior, com 10 nanogramas durante a década de 1960, e pouca coisa mais que isso nos anos seguintes, com algumas impurezas em meio às moléculas. O einstênio tem massa atômica de 252 e 99 prótons, por isso exige muita física para ser produzido.

Como não existe nenhuma fonte natural para simplesmente ir buscar um punhado de einstênio, o Laboratório de Berkeley precisou produzi-lo em um reator nuclear em um processo que também demandou bastante paciência. A contaminação por elementos menores e a pandemia de COVID-19 também foram fatores que dificultaram o processo, já que o einstênio dura pouquíssimo tempo. Apesar dos obstáculos, o resultado positivo foi “uma conquista notável”, de acordo com a pesquisadora Rebecca Abergel.

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Ela explica que o trabalho ajudará não apenas a entender melhor o elemento, mas também pode levar à compreensão de como aplicá-lo em novos materiais ou novas tecnologias. Ela também afirma que essas aplicações podem ser colocadas em prática “não necessariamente apenas com o einstêinio, mas o resto dos actinídeos também”. Por fim, ela lembra que o estudo ajudará a “estabelecer tendências na tabela periódica”.

Por fim, Abergel afirma que mesmo com o einstênio no limite do que pode ser produzido com a química e física atual, é importante entender o potencial de se encontrar meios de construir elementos como este, e até começar a analisar outros elementos ainda mais pesados.

Fonte: Science Alert