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É do Brasil! Cientistas descobrem fóssil de nova espécie de peixe pré-histórico

Por  • Editado por Melissa Cruz Cossetti | 

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Ilustração/Maurílio Oliveira/Uerj
Ilustração/Maurílio Oliveira/Uerj

Pesquisadores brasileiros identificaram o fóssil de uma nova espécie de peixe pré-histórico na Península Antártica. Os detalhes da descoberta do fóssil mais bem preservado da região foram divulgados em um estudo publicado nesta segunda-feira (11) na revista Nature.

A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em parceria com o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O exemplar aquático foi batizado de Antarctichthys longipectoralis e viveu entre 145 e 66 milhões de anos atrás, durante o período Cretáceo. O animal pertence à extinta família Dercetidae, formada por peixes de cabeça longa, corpo delgado e espinhos neurais reduzidos.

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O fóssil foi encontrado durante o verão de 2018 e 2019 na Formação Snow Hill Island, localizada na Ilha James Ross. A expedição fazia parte do projeto Paleoantar, iniciativa que reúne pesquisadores de diversas instituições brasileiras.

Microtomografia do Antarctichthys

A reconstrução do peixe pré-histórico foi realizada por meio de microtomografia, método que permitiu aos pesquisadores obter imagens internas do fóssil por meio de raios X, sem danificar o exemplar.

Essa técnica gerou projeções em alta resolução do vestígio fossilizado, que foram digitalmente integradas para a reconstrução dos tomogramas — “fatias” em alta resolução.

Foram gerados mais de 2 mil tomogramas do Antarctichthys, que serviram de base para a modelagem em 3D do animal. Com isso, foi possível estimar que o espécime tinha cerca de 8 a 10 centímetros de comprimento.

“A microtomografia é extremamente eficaz para espécimes pequenos e permite acessar estruturas internas da matriz rochosa ou do próprio osso. Conseguimos ainda obter informações em alta resolução sobre o volume e formato das estruturas. Provavelmente, sem essa técnica, não conseguiríamos nomear a espécie”, afirma em comunicado o paleontólogo Arthur Souza Brum, pós-doutorando do Departamento de Zoologia da UERJ e cientista envolvido na pesquisa.

As investigações revelaram ainda que o peixe da Antártica tinha nadadeiras peitorais extremamente longas, ausência de dentes e uma conexão otofísica no neurocrânio — estrutura óssea relacionada à articulação entre partes do crânio, importante para a movimentação da cabeça e sensores auditivos.

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Clima e biodiversidade na Antártica

Os pesquisadores destacaram que, até então, os espécimes da família Dercetidae tinham sido encontrados apenas no hemisfério Norte e em alguns poucos locais do hemisfério Sul, como na Bacia de Pelotas, no Brasil. Isso revela detalhes sobre a ampla distribuição desses peixes, bem como indicações de como era o clima na Antártica.

“A presença desse fóssil sinaliza que a região da Península Antártica provavelmente possuía um clima mais quente e maior biodiversidade durante o Cretáceo”, ressalta Valéria Gallo, bióloga e professora titular do Departamento de Zoologia da UERJ e uma das autoras do estudo.
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A pesquisadora acrescenta que a Antártica guarda pistas importantes sobre a evolução da vida no hemisfério Sul, demonstrando que o continente antártico já foi um ecossistema rico em florestas e vida marinha.

“Descobertas como essa revolucionam nosso entendimento sobre como ecossistemas antigos responderam às mudanças ambientais, conhecimento cada vez mais relevante em tempos de transformações climáticas aceleradas”, conclui Gallo.

Confira o estudo na íntegra na Nature.

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Fonte: Agência Brasil

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