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Besouros estão associados com a produção da própolis vermelha; entenda a relação

Por| Editado por Luciana Zaramela | 19 de Abril de 2022 às 17h10

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Seva_blsv/Envato Elements
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Pela primeira vez, uma equipe de pesquisadores brasileiros conseguiu entender os processos envolvidos da produção da própolis vermelha, que está diretamente relacionada com uma espécie de besouro recém-descoberta, o Agrilus propolis. Marcado pela cor vermelha, este tipo de própolis possui propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antitumorais, sendo bastante usado no país.

O estudo que revela os caminhos da produção natural da própolis vermelha foi publicado na revista científica The Science of Nature e contou com a participação de cientistas do Museu de Zoologia e da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), ambos da Universidade de São Paulo (USP). Também participou da descoberta membros do Museo Civico di Storia Naturale em Carmagnola, na Itália, e da Cooperativa de Apicultores de Canavieiras (Coaper), na Bahia.

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“Esse artigo é de importância primordial, uma vez que o agente indutor da produção da própolis vermelha pela planta hospedeira foi finalmente identificado. Até então não se tinha qualquer informação sobre qual espécie de inseto poderia estar provocando esse fenômeno”, afirma Sônia Casari, chefe do laboratório de Coleoptera do Museu de Zoologia, para a Agência Fapesp.

Entenda a função do besouro na produção da própolis

A pesquisa sobre a origem da própolis começou quando o professor da FCFRP, Jairo Kenupp Bastos, escutou relatos sobre o composto em uma viagem para Canavieiras, na Bahia. “Os apicultores da região me contaram sobre um bichinho [a nova espécie de besouro] que faz furos em uma planta chamada Dalbergia ecastaphyllum, um tipo de leguminosa, de onde sai uma resina que serve de matéria-prima para a fabricação da própolis vermelha”, detalha.

Tal resina surge no processo de desenvolvimento das larvas do besouro no interior da planta, conhecida popularmente como rabo-de-bugio ou marmelo-do-mangue. Quando o ciclo de vida dos insetos se completa, os adultos saem da planta através de pequenos orifícios por onde ela vaza. Cientificamente, a substância recebe o nome exsudato, já que representa um líquido orgânico que extravasa através das membranas celulares de plantas ou animais por causa de lesões.

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Em seguida, o pesquisador explica que esta resina é capturada pelas abelhas Apis mellifera e, por fim, será combinada com cera, pólen e enzimas. A mistura é que, então, origina o tipo específico da própolis. Durante as fases da pesquisa, algumas larvas do besouro e espécimes adultos foram coletadas para o estudo em laboratório.

“Em paralelo a isso, análises fitoquímicas foram realizadas no laboratório de farmacognosia [da FCFRP-USP] para confirmar que a composição química da resina e a da própolis é a mesma, comprovando, assim, a sua origem botânica e a participação dessa nova espécie de besouro na produção da substância medicinal”, completa Gari V. Ccana Ccapatinta, integrante da equipe de Bastos.

Fonte: The Science of NatureAgência Fapesp