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A polêmica dos leilões de fósseis de dinossauros

Por| Editado por Luciana Zaramela | 24 de Março de 2023 às 15h00

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Fausto García-Menéndez/Unsplash
Fausto García-Menéndez/Unsplash

Em abril, está previsto para acontecer o primeiro leilão de um Tyrannosaurus rex na Europa. O evento estará aberto para todos, mas o "item", muito provavelmente, será arrematado por um colecionador particular, impedindo que a peça seja futuramente analisada por centros de pesquisa e cientistas, além de limitar o acesso do público a uma parte da história do planeta. Não existem regras que regulem o que pode ser feito (ou não) com estes vestígios tão raros.

Afinal, estamos falando de um T. Rex. Famoso pelos braços estranhamente curtos perto de sua altura de aproximadamente 4 metros, o dinossauro é, talvez, o mais icônico que já viveu sobre a Terra. Cientistas calculam que a espécie tenha vivido há aproximadamente 65 milhões de anos, na América do Norte, e chegava a pesar 8 toneladas.

Ponto curioso do leilão que irá ocorrer na Suíça é que não se trata de um espécime puro de T. rex, o que é muito, muito raro. Na verdade, a peça leiloada é a junção dos ossos de três exemplares, montada como se fosse um quebra-cabeça do animal pré-histórico. Por isso, foi apelidado de Frankenstein.

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Aqui, a polêmica se torna ainda mais complexa, já que a venda de peças formadas de diferentes ossos, com possivelmente diferentes origens, dificulta a rastreabilidade. Em tese, a popularidade dessas vendas pode incentivar ainda mais o tráfico ilegal de fósseis, prática que acontece no Brasil.

Leilão histórico do T. rex na Suíça

Para além do leilão agendado para acontecer, leilões envolvendo animais pré-históricos raros já são algo como uma tendência nesse mercado, onde alcançam cifras exorbitantes e geram imenso interesse. Por exemplo, o valor recorde obtido por uma casa de leilão com esses fósseis envolveu também um exemplar deT. rex, batizado como Stan, nos Estados Unidos.

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O maior (e vitorioso) lance foi de 31,8 milhões de dólares — aproximadamente 167,4 milhões de reais. Neste caso específico, a raridade será exposta e poderá ser apreciada pelo público no Museu de História Natural de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, que deve ser inaugurado em 2025. No entanto, o comprador não tem nenhuma obrigação em garantir esse acesso.

Mercado ilegal de fósseis

Além da limitação do acesso, outro aparente problema associado com o alto retorno financeiro é que isso privilegia o tráfico e o mercado ilegal de fósseis. Para ilustrar a questão, vale citar o caso brasileiro, em que, desde 1942, todo fóssil encontrado em território nacional — independente da propriedade ser privada ou não — passa a ser da União. Mesmo assim, a medida é pouco respeitada.

Entre os casos mais icônicos, está o do dinossauro Ubirajara jubatus, descoberto na Bacia do Araripe (interior do Ceará). O espécime foi encontrado no Brasil, mas levado ilegalmente para a Europa, muito provavelmente, no ano de 1995. Toda a história só foi descoberta quando, no final de 2020, pesquisadores alemães publicaram um artigo descrevendo a descoberta da nova espécie, com fósseis brasileiros.

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Após anos de polêmica e uma intensa campanha liderada por pesquisadores brasileiros, o Museu de História Natural de Karlsruhe, na Alemanha, se comprometeu em desenvolver o fóssil. Só que este não é um caso isolado, anteriormente, o Campus Planaltina da Universidade de Brasília (UnB), já recebeu 13 mesossauros que retornaram da França após serem retirados ilegalmente do Brasil.

Embora estes casos sejam emblemáticos, outras centenas e até milhares de fósseis brasileiros (de menor magnitude) são enviados ilegalmente para outros países e podem, eventualmente, terminar em casos de leilões, onde o controle da origem não é tão rígido.

Fonte: Público e UNB