Pesquisadores descobrem forma de criar lentes de contato com visão noturna
Por Victoria Thibes | 27 de Março de 2014 às 08h45
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, publicou um estudo detalhando uma nova forma de aplicar visão em infravermelho. Utilizando grafeno, a tecnologia permite design ultrafino que pode ser aplicado em celulares, câmeras digitais e até lentes de contato.
Além do uso conhecido para encontrar pessoas e animais durante a noite, a visão em infravermelho pode ser utilizada por médicos para monitorar o fluxo sanguíneo, identificar químicos no ambiente e até mesmo verificar todas as pinceladas de um artista em um quadro. Atualmente, essa tecnologia depende de óculos pesados e um grande equipamento de refrigeração.
As lentes de grafeno desenvolvidas pelo grupo de pesquisadores, no entanto, são tão finas que poderiam ser aplicadas a qualquer superfície. "Nós podemos fazer um design ultra-fino", explicou Zhaohui Zhong, líder do projeto. "Se nós a integrarmos a lentes de contato e outros eletrônicos vestíveis, ela [visão em infravermelho] expandirá a sua visão e proporcionará uma nova maneira de interagir com o ambiente".
Esta não é a primeira pesquisa a utilizar o material com o propósito de permitir visão em infravermelho - já se sabia há tempos dessa capacidade do grafeno -, mas é revolucionária pela forma diferente de captar a luz.
"O desafio da geração atual de detectores baseados em grafeno é que a sua sensitividade é tipicamente muito pobre", explica Zhong. "É de cem a mil vezes mais baixa do que um aparelho de uso comercial iria requerer".
Essa dificuldade é explicada pela própria natureza do material: por se tratar de uma fina camada de átomos de carbono, o grafeno absorve apenas 2,3% da luz que o atinge. Para driblar esse problema, o grupo pensou em uma maneira diferente de captar a energia, utilizando uma corrente elétrica entre duas folhas de grafeno.
"Nosso trabalho é pioneiro em uma nova forma de detectar luz", disse Zhong. "Nós acreditamos que as pessoas poderão utilizar esse mesmo mecanismo em outros materiais e plataformas", concluiu o cientista.