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CES 2020 | Empresa de cannabis leva prêmio na feira mas não pode falar da erva

Por| 06 de Janeiro de 2020 às 09h15

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(Imagem: Divulgação/Keep Labs)
(Imagem: Divulgação/Keep Labs)

O primeiro dia da Consumer Electronics Show (CES) 2020 não foi livre de situações estranhamente controversas: a organização da feira – o grupo comercial CTA – concedeu à empresa Keep Labs um prêmio de inovação, uma honraria desejada por diversos expositores do evento. Mas a premiação não veio sem consequência: a Keep Labs estaria proibida de exibir seus produtos ou mencionar uma cerca palavra em seu material de divulgação – a cannabis.

O problema: a Keep Labs é uma empresa ao armazenamento responsável de produtos derivados da maconha, que possui uma indústria regulamentada nacionalmente no Canadá, onde está situada.

Essencialmente, a Keep Labs é a fabricante do “Keep”, uma espécie de caixinha que mais parece um case de fones de ouvido ou um alto-falante menorzinho. Toque em sua trava biométrica, porém, e o topo da caixinha abre, revelando uma série de espaços e entradas desenhados para guardar produtos derivados da cannabis. A ideia é oferecer um dispositivo de armazenamento com selagem hermética, e inclui no pacote um aplicativo de gerenciamento via smartphone e até uma balança digital para peso dos produtos relacionados.

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A história da empresa resume-se a, bem, qualquer outra história por aí, só que voltada à maconha: basicamente, duas pessoas precisaram de algo e, vendo que esse “algo” não existia no mercado, decidiram criar o seu próprio produto. O “algo”, no caso, era um contêiner próprio para o armazenamento de produtos derivados da cannabis. Ambos os fundadores da empresa – Ben Gliksman, um advogado do setor de venture capital; e Philip Wilkins, que já havia criado e vendido duas empresas – tinham a vantagem de que o governo do Canadá liberou o consumo da maconha para fins recreativos e medicinais em caráter nacional, ao contrário dos EUA, que fez isso apenas em alguns estados.

A tal caixinha possui destravamento via impressão digital ou reconhecimento facial e, diante de qualquer tentativa indevida de acesso, o dono recebe uma notificação no smartphone. O produto também é desenhado para manter a selagem firme e previne até mesmo odores. A Keep Labs está promovendo a própria campanha de financiamento coletivo para poder produzir o material em massa.

Os fundadores da empresa conversaram com o Techcrunch sobre a proibição imposta pela organização da CES. Segundo eles, a notificação do prêmio de inovação veio em outubro, e em dezembro, chegou a ordem de não veiculação do produto ou da comunicação centrada na cannabis. Wilkins, um dos fundadores, disse ao site que, sem poder mencionar ou falar sobre a erva, eles não estariam fazendo justiça à marca que criaram. A CTA posicionou a Keep Labs em seu site oficial, sob a categoria de “soluções e aplicações de armazenamento para o lar”, algo que não foi bem aceito pela empresa, que não tem atuação voltada para a casa, mas para o consumidor. “Não foi por isso que ganhamos o prêmio”, ele disse.

Essa não é a primeira vez que a Keep Labs teve que superar um obstáculo relacionado ao estigma dos produtos derivados da cannabis. Segundo o site oficial da empresa, nenhuma marca conhecida de financiamento coletivo lhes permitiu a hospedagem de sua campanha, forçando-os a desenvolver sua própria plataforma, que até o momento, conta com 805 apoiadores que adquiriram a pré-venda da caixinha. A campanha atingiu 77% de seu objetivo, dentro do prazo de 1 de março de 2020.

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Em um comunicado, a CTA, organização por trás da CES, disse o seguinte: “Não há produtos voltados à cannabis ou cigarros inteligentes na CES, já que a feira não possui uma categoria apropriada para esse mercado. Dado o fato de que a cannabis não tem uma categoria pertinente na CES, a empresa seria capaz de exibir, sob os termos, o seu produto como um dispositivo de armazenamento”, adicionando o comentário de que a “Keeps Lab (sic) se encaixa na categoria de dispositivos para o lar no que tange ao prêmio de inovação”.

Apesar das regras impostas pela CTA, é importante citar que o estado de Nevada, onde está situada a cidade de Las Vegas, é um dos que possuem legislação amigável ao consumo recreativo e medicinal da maconha, com dispensários espalhados por toda a região e incluindo os condados de Reno e Sparks, vizinhos à cidade.

Normalmente, empresas que queiram aproveitar o fluxo de mídia e turismo trazido pela CES organizam eventos próprios, alugando salas de reunião em um dos diversos cassinos espalhados por Las Vegas. A Keep Labs, porém, preferiu ausentar-se totalmente da ocasião, não comparecendo à cidade neste ano, mas exibindo o prêmio que obteve em sua página oficial.

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Fonte: Techcrunch