Voos de madrugada no Brasil têm explicação lógica; saiba qual é
Por Danielle Cassita |

Já percebeu que a maioria dos voos com destino à Europa, África e Oriente Médio, bem como os que vêm ao Brasil, chegam ou saem entre meia-noite e 3h da manhã? O horário pode parecer estranho, mas não foi escolhido por acaso: a explicação está na falta de slots nos grandes aeroportos do país, bem como as longas distâncias percorridas.
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A chegada e partida de voos nestes horários nos aeroportos de São Paulo e do Rio de Janeiro, conhecidos pelo grande fluxo de passageiros, se deve às restrições de slots (as janelas de horários para pousos e decolagens) e às demandas das companhias aéreas.
O que acontece é que, ao realizar voos noturnos, as áreas conseguem ampliar as possibilidades de conexão — existem aeroportos que concentram voos vindos de diferentes regiões e países, e a partir deles, as companhias fazem as conexões com voos de empresas parceiras.
Além disso, os voos que duram mais de 13 horas podem exigir partidas diurnas em seus países de origem para chegarem aos aeroportos brasileiros no início da madrugada.
O horário é vantajoso também para as companhias aéreas: quando estes voos decolam nas primeiras horas do dia, as aeronaves chegam em horários melhores para conexões, o que permite aproveitar melhor a aeronave nas demais operações do restante do dia.
Voos de madrugada
Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o aeroporto de Guarulhos abrigou 37 mil voos internacionais em 2019. Deste total, 22 mil deles foram realizados entre 18h e 6h.
O aeroporto de Recife (PE) vem se destacando nesse cenário. A cidade abriga voos noturnos da TAP Air Portugal desde 2017, e agora recebe 12 operações semanais da companhia, todas com chegadas entre meia-noite e 3h. Entre os motivos do cronograma está a dificuldade em conseguir slots no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.
O fenômeno também é observado nas rotas oferecidas pela Turkish Airlines entre Istambul e Cidade do México: dos dez voos semanais ao país, três chegam à 1h35. A operação segue até Cancún como uma estratégia para evitar restrições de decolagem causadas ela altitude da capital mexicana.
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