Custo de bateria para carro elétrico caiu 90% desde 2008
Por Paulo Amaral • Editado por Jones Oliveira |
A bateria continua sendo o principal tabu quando o assunto é carro elétrico. Para muitas pessoas, um problema grave no equipamento ainda é considerado suficiente para “condenar” o veículo e obrigar o proprietário a se desfazer dele, pois a troca “custará o preço de um carro novo”. Isso até já foi verdade, mas o cenário mudou nos últimos 15 anos.
Um estudo divulgado pelo Escritório de Tecnologia Veicular do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE), em julho de 2024, revelou que o custo de uma bateria para carro elétrico em 2023 era equivalente a 10% dos valores cobrados em 2008.
Segundo o órgão, o custo de uma bateria de íons de lítio, que em 2008 era de US$ 1.415 por kWh (cerca de R$ 7.705, na conversão direta), hoje gira em torno de US$ 139 por kWh (R$ 756.9).
Para ilustrar em termos práticos o que a queda de 90% no preço das baterias para carros elétricos significa, vamos utilizar um Tesla Model Y como exemplo. Em 2008, a troca do componente, que é de 81 kWh, custaria US$ 114.615 (R$ 624 mil). Em 2023, a reposição ficaria em US$ 11.259 (R$ 61,3 mil).
Por que o custo das baterias caiu tanto?
A redução de quase 90% no preço da bateria foi causada por uma série de fatores, que englobam o surgimento de novas tecnologias, o aumento na produção, ligado diretamente à maior demanda por carros eletrificados e, também, pela modernização dos processos de manufatura.
Essa redução nos preços também contribui para que, em breve, os preços dos carros elétricos se equiparem aos dos modelos a combustão. O estudo da Kelly Blue Book, empresa especialista em analisar o mercado para compilar preços de carros novos e usados nos Estados Unidos, apontou justamente a redução no custo das células de baterias como um dos motivos para prever o novo cenário.
A redução no custo das baterias passa pela queda nos preços de um dos principais componentes utilizados em sua fabricação: o lítio. Segundo o analista de mercado Evan Hartley, “essa redução permitirá às montadoras venderem seus carros elétricos produzidos em massa com preços comparáveis aos ICE [a combustão]”.
Além do lítio mais barato, a análise da Kelly Blue Book apontou uma outra chave para que os carros elétricos possam, a partir de 2025, se equiparem aos a combustão em valor de mercado: uma técnica chamada gigacasting.
Adotada pela Tesla e, mais recentemente, pela Toyota, ela consiste em utilizar peças maiores na fabricação dos carros. Isso implica em uma redução no número total de peças e, consequentemente, em um processo mais barato. Segundo a KBB, um carro pode custar até 20% menos se adotar a gigacasting.