Carro projetado para atingir velocidade de 1600 km/h fará teste em outubro
Por Felipe Ribeiro | 10 de Julho de 2019 às 15h12
O Bloodhound LSR, carro britânico projetado atingir a velocidade de 1.600 km/h, finalmente terá uma oportunidade de mostrar seu real potencial. Até agora, a máquina, que possui um motor a jato e um foguete acoplados em seu chassi, só tinha sido capaz de fazer testes em "baixas" velocidades, mais precisamente em uma pista no Reino Unido onde ela conseguiu atingir 338 km/h. Mas, em outubro, a equipe de desenvolvimento vai levá-lo para um trecho especialmente preparado em Hakskeen Pan, na África do Sul, para testes em condições propícias.
O Bloodhound é equipado com um motor a jato Rolls-Royce EJ200 (de um Eurofighter Typhoon) e um foguete híbrido (combustível sólido, oxidante H2O2) da Nammo que juntos fornecerão mais de 20.900N de força, o que pode ser comparado apenas a aeronaves comerciais. Além do alto desempenho, o carro possui muita tecnologia embarcada e transmitirá dados sobre sua performance em tempo real, graças a um sistema chamado CFD (Dinâmica Computacional de Fluidos, em tradução livre).
Mas, para atingir uma velocidade dessa, não é tão simples. Além de ter um projeto avançado para tal, é necessário que haja um lugar adequado para executá-lo. No caso do Bloodhound, em específico, o sítio está localizado em um leito seco no deserto de Kalahari, na Província do Cabo Setentrional da África do Sul, perto da fronteira com a Namíbia. Mais de 300 voluntários locais ajudaram a preparar parte do Hakskeen Pan, limpando 16 milhões de toneladas de rochas de um trecho de 22 quilômetros quadrados para criar uma pista adequada.
Serão 12 trilhas, cada uma com 16 quilômetros de comprimento por 500 m de largura. Esse tamanho é necessário porque o Bloodhound vai castigar a superfície enquanto cruza em alta velocidade. A dureza do solo também resultou em um pequeno redesenho do carro, então ele usará rodas mais estreitas do que o originalmente planejado, o que reduzirá um pouco o arrasto aerodinâmico.
No entanto, o maior desafio de todos não tem a ver com engenharia ou preparação do local, mas sim com os gastos. No final de 2018, as coisas pareciam extremamente sombrias e o carro parecia destinado à vida em um museu, mas, em março deste ano, ele foi comprado pelo empresário britânico Ian Warhurst, o que fez com que o projeto fosse retomado. Os valores, no entanto, não foram divulgados.
"Estou muito feliz que possamos anunciar a primeira viagem de Bloodhound à África do Sul para esses testes de alta velocidade", disse Warhurst, em um comunicado à imprensa. "Esta campanha mundial de recordes de velocidade terrestre é diferente de qualquer outra, com as oportunidades abertas pela tecnologia digital que permitiram que a equipe testasse o projeto do carro usando dinâmica computacional de fluidos (CFD) e isso nos permitirá coletar e compartilhar dados sobre a o desempenho do carro em tempo real", complementou o empresário.
Vale lembrar que o atual recorde de velocidade em solo é do supercarro Thrust 2, também britânico, que chegou aos 1.228 km/h.
Fonte: ARS Technica