Review Cadence Gran Italiana | Cafeteira boa, mas não é italiana
Por Bruno Bertonzin | Editado por Léo Müller | 08 de Abril de 2024 às 18h00
A Cadence tem uma proposta interessante para os amantes de cafeteiras Moka — ou as populares cafeteiras italianas: estou falando da Gran Italiana, uma cafeteira elétrica que tem como destaque o sistema de percolação para passar o café.
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Mas será que ela atinge essa expectativa? Eu testei a Gran Italiana nos últimos dias e conto o que achei dela.
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Design e construção
A Gran Italiana da Cadence é dividida em duas partes: uma base, que é conectada à tomada, e a cafeteira, aquecida por indução.
O jarro é quase todo em inox, com exceção de uma “janelinha” em acrílico na parte superior — que permite ver os jatos de café durante o preparo —, e da base e alça, de plástico.
Na parte interior, a cafeteira tem um bastão que faz o sistema de percolação, puxando a água de baixo para cima, onde entra em contato com o pó de café, que fica em um recipiente também em inox.
Esse compartimento é repleto de furos, sendo consideravelmente grandes. Assim, não é recomendável usar pó de café comum. Mas explicarei mais essa questão a seguir.
Há apenas um botão na jarra com a função de liga/desliga. Já uma dupla de LEDs permite acompanhar o preparo: a luz vermelha indica que o café está sendo feito e a verde, que está pronto.
Usabilidade
Nos “contras” logo no começo deste review eu destaquei que a Cadence Gran Italiana não é uma cafeteira "italiana de verdade”, e agora explico o porquê.
Uma cafeteira “quase” italiana
Uma cafeteira italiana, também conhecida como “Moka”, consiste no preparo do café por pressão: coloca-se a água em um reservatório na parte de baixo do aparelho e o café em um reservatório intermediário.
Fechada, a moka tem uma vedação completa e, quando quente, a água sobe por pressão, passa pelo café e termina em um reservatório na parte superior. Ou seja, ela é formada por três compartimentos diferentes.
O funcionamento da Gran Italiana é parecido, porém, diferente. A água sobe pelo bastão, passa pelo café e termina coada de volta à jarra, onde estava antes. Outro ponto é que ela não é vedada como uma italiana, logo, a água não sobe sob pressão.
Em compensação, a Gran Italiana é mais versátil quanto à capacidade de preparo. Você pode fazer tanto 500 ml quanto 1,5 litro. Na Moka, você precisa encher o compartimento de café completamente e usar a quantidade correta de água, sem meio-termo. O resultado é um café não tão encorpado quanto em uma moka
Experiência de uso
Explicada essa questão, posso partir para o funcionamento da Gran Italiana. Apesar de ela não cumprir os requisitos para ser chamada de “cafeteira italiana”, temos uma ótima forma de preparo de café, principalmente para famílias grandes.
O café não fica tão forte se usar a proporção recomendada de pó e água, mas ela permite “customizar” isso — algo que seria um ponto fraco da verdadeira Moka.
Eu gostei bastante do funcionamento geral da cafeteira e a única coisa que preciso frisar é que ela não é feita para preparar o café moído que encontramos com facilidade no mercado. Isso porque os furos do filtro são muito grandes e passam as partículas de pó com muita facilidade.
Então, ela é uma cafeteira indicada para quem tem um moedor e compra cafés em grãos. Dessa forma, dá para escolher uma moagem maior para contornar o “problema” dos furos muito grandes. Isso já é comum em uma cafeteira italiana ou francesa, por exemplo.
Por fim, esclareço um ponto que me “assustou” e que pode chamar sua atenção caso compre uma Gran Italiana: ela emite um barulho bem peculiar, gerado pelo sistema de percolação. Não é um defeito, mas uma característica comum.
Consumo de energia
Para passar 1 litro de café, a Gran Italiana levou cerca de oito minutos e meio e, nesse tempo, consumiu 0,106 kWh. Assim, se ela for usada uma vez por dia, o gasto mensal será de aproximadamente R$ 2,30.
Para essa conta, usamos os dados da Copel para a cidade de Curitiba. Usamos esta companhia pois ela tem uma taxa mais fixa e, portanto, facilita mais na hora de dar uma estimativa de gasto.
Cuidados e limpeza
A limpeza da jarra é um pouco complicada, principalmente porque o reservatório de água é o mesmo para onde o café passado vai. Assim, algumas pequenas partículas de pó podem ficar grudadas ao redor da base do bastão de percolação. Além disso, a jarra não solta da parte “elétrica”, que aquece a cafeteira por indução.
Dessa forma, não é recomendável molhá-la completamente: é preciso limpar a parte interna e depois enxaguar com cuidado para não deixar a parte de baixo molhar. Já a parte externa, em inox, pode ser limpa com um pano úmido.
Concorrentes diretos
Não há, no mercado brasileiro, uma concorrente direta para a cafeteira Gran Italiana da Cadence por conta da proposta diferente. No entanto, achei alguns modelos de cafeteiras Moka elétricas no AliExpress. Por ser modelos genéricos, porém, não posso atestar suas qualidades.
Assim, as melhores alternativas são cafeteiras italianas comuns — com preços que variam de R$ 50 a R$ 300, dependendo da marca, ou cafeteiras elétricas “normais”.
Uma boa opção de cafeteira elétrica na mesma faixa de preço da Gran Italiana — ou seja, entre R$ 200 e R$ 280 — é a Electrolux ECM30, modelo que oferece várias opções de configurações e uma boa capacidade de preparo.
Vale a pena comprar a Cadence Gran Italiana?
Se você procura uma cafeteira elétrica para preparar em abundância e fazer o café de forma prática, a Gran Italiana é uma boa opção e vale a pena. No entanto, não se engane pelo nome. Se você quer um café mais encorpado, parecido com o de uma Moka, ela não irá te atender tão bem quanto o esperado.
Outro ponto é que você precisa de um moedor de café para ter essa cafeteira. Se você compra o café já moído nos mercados, ela não é uma boa opção. Neste caso, opte por uma cafeteira comum, como a Electrolux ECM30.