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Resultado de análise laboratorial revela o que há nas sementes da China

Por| 06 de Outubro de 2020 às 16h25

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Reprodução: Pezibear/Pixabay
Reprodução: Pezibear/Pixabay

Em meados de setembro, algo misterioso começou a intrigar muitos brasileiros que compravam produtos em e-commerces da China. Após concluir a compra, os pacotes com as mercadorias chegavam normalmente até suas casas, mas, estranhamente, acompanhados de saquinhos com sementes — todas vindas da Ásia.

Quando mais pessoas começaram a relatar o acontecido, logo foi recomendado pelas autoridades estaduais brasileiras que as embalagens não fossem abertas e, muito menos, que essas sementes fossem plantadas, justamente por não haver informações sobre a sua procedência. Foram confirmados, até o momento, os recebimentos de 258 pacotes de sementes em 24 estados brasileiros e no Distrito Federal, ficando de fora apenas o Amazonas e o Maranhão.

O caso começou a intrigar a população, chamando a atenção da Secretaria de Defesa Agropecuária, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que investigou o caso. Nesta terça-feira (6), o órgão revelou o resultado da primeira investigação em laboratório: "foram encontrados fungos, bactérias e possibilidade de pragas quarentenárias (que não existem no Brasil) em pacotes de sementes não solicitados que chegaram ao país e foram encaminhados ao Ministério", diz o site oficial.

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As sementes que chegaram ao poder público foram encaminhadas para procedimentos laboratoriais, que identificaram a existência de ácaros vivo em uma das amostras, três tipos diferentes de fungos em 25 amostras, além da presença de bactérias em duas amostras e a possibilidade das ditas pragas quarentenárias, como plantas daninhas, em quatro das amostras. Os estudos foram conduzidos no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária no estado de Goiás, referência no Brasil.

Sementes misteriosas

Ainda não se sabe exatamente o que tem motivado os asiáticos a enviarem sementes junto às encomendas, mas a principal suspeita é de uma fraude conhecida como "brushing". Essa tática já existe há tempos no comércio online, e consiste no envio de encomendas não solicitadas para o registro de compras falsas. No golpe, cibercriminosos criam cadastros e compram em lojas online como se fossem clientes comuns, usando dados de clientes de sites de compra e venda.

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Esses dados (endereços, e-mail, nome, telefone) são roubados de pessoas de vários países. Os criminosos conseguem monitorar o momento em que a encomenda não desejada vai chegar, já que muitas plataformas de comércio eletrônico exigem o registro de um número de rastreio em cada pedido. Quando o produto chega, eles acabam fazendo avaliações positivas para as suas próprias lojas, enganando seus futuros consumidores e aumentando a sua reputação como comerciante.

Sendo assim,  as sementes recebidas pelos brasileiros não possuem nenhum intuito além de "preencher" uma encomenda vazia com um produto barato. Mesmo assim, o Mapa não descarta a possibilidade de bioterrorismo, o que seria uma tática intencional para trazer alguma praga para o Brasil. "Estamos falando de material não solicitado, que não tem controle e não sabemos a origem nem o que está carregando. Apesar da pequena quantidade, podem trazer pragas para a nossa agricultura, como plantas daninhas, fungos, outras doenças como bactérias, vírus", afirmou José Guilherme Legal, secretário de Defesa Agropecuária nesta terça.

Daqui a 30 dias, novos resultados das análises serão divulgados, e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento reforça que a população não abra esses pacotes e os encaminhe diretamente ao órgão para análise.

Fonte: Governo Federal, G1