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WhatsApp | Agências cobram até R$ 0,24 por envio de mensagem em massa

Por| 22 de Outubro de 2018 às 12h13

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WhatsApp | Agências cobram até R$ 0,24 por envio de mensagem em massa
WhatsApp | Agências cobram até R$ 0,24 por envio de mensagem em massa
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Empresas que realizam a distribuição em massa de mensagens pelo WhatsApp cobram até R$ 0,24 por envio. Por meio de sistemas automatizados, que teriam sido usados ativamente na atual campanha eleitoral em favorecimento ao candidato Jair Bolsonaro (PSL), contratantes podem submeter suas próprias bases de números telefônicos ou, então, utilizar aquelas fornecidas pelas próprias companhias do ramo, com os contatos segmentados por localização, gênero, idade, renda e escolaridade, entre outras métricas.

Neste final de semana, uma reportagem do UOL mergulhou mais fundo em plataformas desse tipo depois de uma denúncia do jornal Folha de S.Paulo revelar um esquema em que empresários pagaram pela disseminação de fake news e mensagens de apoio ao presidenciável do PSL pelo WhatsApp. De acordo com os veículos, três empresas trabalharam nessa empreitada e todas já foram bloqueadas do mensageiro, tendo recebido notificações do WhatsApp para que interrompessem a distribuição de spam.

Antes disso, entretanto, o sistema funcionou de vento em popa, estando disponível não apenas a Bolsonaro, mas também para outros políticos e qualquer um interessado em levar sua mensagem adiante por meio de spam. A Yacows, uma das envolvidas, funciona por meio de um sistema de créditos, com valor fixado em R$ 0,12 cada e gastos diferentes de acordo com a categoria do conteúdo enviado.

Uma mensagem de texto simples com até mil caracteres, por exemplo, custa uma unidade, enquanto a inclusão de fotos, vídeos ou áudios vale dois. Pacotes especiais, que permitem a compra de créditos em grande quantidade, reduzem os valores. No maior deles, 200 mil créditos saem a R$ 24 mil e não há diferenciação entre o tipo de conteúdo enviado.

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Para realizar o envio, basta acessar o sistema, escrever o texto e anexar os arquivos. Na sequência, é preciso selecionar quem receberá as mensagens, por meio do upload de um banco de contatos próprio ou, então, de bases de dados das próprias agências responsáveis. Aqui, por exemplo, já estaria uma instância de crime eleitoral, uma vez que esse envio só seria permitido para os cidadãos que concordaram com isso, uma diferenciação inexistente nos sistemas das companhias do setor.

Escapando da vigilância

O uso de robôs para disseminação de spam vai contra os termos de uso do WhatsApp e, mais de uma vez, a empresa já revelou ter medidas contra essa prática. Mas as empresas responsáveis por esse serviço também têm seus meios de burlar a proteção do mensageiro, de forma a fazer parecer que seus sistemas, na realidade, são pessoas reais utilizando o aplicativo normalmente.

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Entre os métodos estão um trabalho de moderação, de forma a deixar os textos com menos “cara” de spam, e o uso de DDDs nacionais. Além disso, tentam ao máximo individualizar os envios, utilizando os mesmos números uma quantidade limitada de vezes e tentando, ao máximo, evitar o rastreamento. Mesmo as recentes medidas implementadas pelo WhatsApp, com maior controle sobre compartilhamentos e encaminhamentos de mensagens, parecem ter surtido efeito.

Tanto que, em seu site, a Yacows afirma já ter realizado mais de 25 milhões de envios em massa a partir de sua lista de 100 milhões de telefones ativos. Na página de seu serviço, chamado Bulk, a companhia afirma ainda estar em sua segunda campanha eleitoral, já tendo trabalhado em mais de 1.500 ações que envolveram a disseminação de mensagens através do mensageiro.

Em resposta ao UOL, tanto a Yacows quanto a Croc Services, também citada na reportagem da Folha de S. Paulo como responsável pelos envios em massa, negaram a disponibilização de bancos de dados de telefones. Além disso, o responsável pela Bulk afirmou ainda não ter acesso ao conteúdo das mensagens disparadas por seu serviço, enquanto a outra disse averiguar o conteúdo dos textos, sem citar quais atitudes toma quando irregularidades são encontradas.

Após as revelações do último final de semana, o WhatsApp enviou notificações a todas as empresas citadas pela reportagem para que elas se afastem da plataforma e interrompam seus serviços. Enquanto isso, o Tribunal Superior Eleitoral abriu uma investigação sobre o uso de spam em uma campanha de desinformação para interferir nos resultados das eleições, enquanto a Polícia Federal acatou pedido de Raquel Dodge, procuradora-geral da República, para a abertura de um inquérito para apurar o caso.

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Já em entrevista, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, disse não ter “nada a ver” com as campanhas que teriam sido pagas por empresários favoráveis à sua candidatura. Ele disse não precisar de fake news em sua campanha nem manter esse tipo de “contato com bandidos”.

Fonte: UOL Tecnologia, Folha de S. Paulo