Teste revela se celular escuta conversas para direcionar anúncios
Por Guilherme Haas |

A sensação de que o smartphone monitora conversas presenciais para sugerir produtos não é apenas coincidência. Em entrevista ao Podcast Canaltech, Madu Melo, especialista da NordVPN, confirma que dispositivos podem captar áudio ambiente para direcionamento publicitário. A prática, no entanto, ocorre mediante permissões concedidas pelos próprios usuários ao aceitarem termos de uso sem leitura prévia.
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Segundo dados do Teste Nacional de Privacidade, citados por Melo, 37% dos brasileiros nunca leem as condições de serviço de aplicativos. "É nessas entrelinhas que os aplicativos obtêm nosso consentimento para coleta de dados pessoais e voz", explica a especialista. Ao clicar em "aceito", o usuário autoriza legalmente o acesso ao microfone, muitas vezes permitindo a escuta em segundo plano.
Experimento de verificação
Para comprovar a captação de áudio, a NordVPN sugere um teste prático que pode ser realizado por qualquer usuário. O procedimento consiste em escolher um tema aleatório e distante da rotina habitual — como "orangotango" ou um destino de viagem específico — e conversar sobre o assunto próximo ao aparelho durante alguns dias.
Melo ressalta que é fundamental não interagir digitalmente com o tema escolhido: não se deve pesquisar no Google, em redes sociais ou utilizar ferramentas de IA como o ChatGPT. Apenas a fala deve ser utilizada.
"Em um dos testes realizados, os anúncios começaram a aparecer depois de dois dias", relata a entrevistada, indicando que a resposta dos algoritmos pode variar entre 48 horas e duas semanas.
Riscos e medidas de proteção
Além da publicidade direcionada, a coleta excessiva de dados pode expor usuários a fraudes. Anúncios falsos, moldados conforme os interesses captados, representam riscos financeiros.
"O anúncio que pode parecer seguro pode machucar no bolso", alerta Melo.
Para mitigar a exposição, a especialista lista sete práticas de segurança cibernética:
- Baixar aplicativos apenas de lojas oficiais e verificadas;
- Revisar as permissões de acesso (câmera e microfone) de cada app instalado;
- Remover aplicativos desconhecidos ou sem uso;
- Limpar regularmente o histórico de assistentes de voz (Siri, Alexa);
- Manter softwares do aparelho atualizados;
- Utilizar autenticação de dois fatores;
- Usar VPN para criptografar o fluxo de dados.
A entrevista completa, com aprofundamento sobre os riscos da escuta passiva e detalhes técnicos de proteção, está disponível no episódio do Podcast Canaltech:
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