Telegram virou centro de informações sobre a crise na Ucrânia, mostra pesquisa
Por Igor Almenara • Editado por Douglas Ciriaco |
Um dos principais rivais do WhatsApp na atualidade, o Telegram se tornou um grande centro de divulgação de notícias desde que a Rússia começou a atacar a Ucrânia, no último dia 24, apontou o site Check Point Research (CPR) nesta quinta (3). A partir da data, o número de grupos relacionados ao tema aumentou seis vezes, seja com comunidades focadas no compartilhamento de informações, grupos de hacking contra a Rússia ou canais focados em grupos de apoio e donativos para os ucranianos.
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“O Telegram tem tomado a vanguarda digital do conflito, e é a plataforma na qual as pessoas se posicionam online”, disse o head de pesquisa de vulnerabilidade de produtos da Check Point Software, Oded Vanunu. “Vemos países de todas as partes do mundo se mobilizarem para obter recursos para apoiar ou a Rússia ou a Ucrânia”, pontuou.
Dos grupos criados, a CPR definiu quatro categorias: chats para notícias de última hora (71%), hacking ou hackitivismo contra a Rússia (23%), grupos de apoio e doações para a Ucrânia (4%), outros assuntos relacionados ao tema (2%).
Segundo a pesquisa, os grupos vivem em constante atividade, sendo aqueles relacionados a notícias os mais ativos, com “milhares de mensagens por dia, diariamente”. Enquanto os canais relacionados a hackitivismo focam na coordenação de ataques em alvos específicos da Rússia, os papos sobre doações visam receber recursos em criptomoedas, na maioria das vezes.
Comunidade nem sempre é “do bem”
Embora existam grupos para manter pessoas do mundo inteiro informadas sobre os acontecimentos na Ucrânia, não há filtros sobre o que aparece por lá — muito menos checagem de fatos. O mesmo vale para doações: será que o dinheiro realmente vai para quem os usuários dizem que vai?
O impulso de engajamento acerca do tema foi tanto, que o próprio CEO do Telegram, Pavel Durov, considerou suspender parcial ou integralmente a atividade de canais do mensageiro relacionados à invasão. Contudo, atendendo a apelos da própria comunidade, ele desistiu da ideia, mas pedindo que todos fiquem atentos ao que leem na internet.
A CPR repete a recomendação do fundador do mensageiro, recomendando atenção aos pedidos de doações suspeitos, os links de origem desconhecida e, obviamente, o teor das notícias que circulam na plataforma. “Os cibercriminosos aproveitam qualquer oportunidade para explorar a situação e tentar roubar credenciais, detalhes pessoais e outras informações sensíveis ao enviar malware ou links de phishing”, disse o veículo.
“Eu recomendo às pessoas que estejam atentas à sua atividade no Telegram e que tenham cuidado com o tipo de pessoas com as quais mantêm contato”, disse o executivo da CPR. “Há uma parte do Telegram que procura tirar proveito de ambos os lados, sejam aqueles que apoiam a Rússia ou a Ucrânia.”