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Conheça a Yassification, a febre das redes que zomba dos padrões de beleza

Por  • Editado por Douglas Ciriaco | 

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@yassifybot/Twitter
@yassifybot/Twitter

Yassification é uma gíria da Internet que significa "tornar algo mais LGBTQIA+" e não é exatamente uma novidade, mas o tema está em alta nos últimos dias. Na prática, significa exagerar propositalmente no uso de filtros para criar características físicas irreais ou tornar pessoas irreconhecíveis. O conceito é uma forma de criticar a "ditadura da beleza" imposta pelas redes sociais com a exigência de se estar sempre com visual impecável no uso das plataformas.

Em uma mistura de imagens engraçadas e assustadoras, a yassification deve ser feita no aplicativo FaceApp e utilizar o máximo de filtros de beleza possíveis — quanto mais exagerado, melhor. Para "yassificar" alguém vale praticamente tudo: cílios, lápis nos olhos, blush, batom, encurtar ou alongar os cabelos, trocar a cor dos olhos e o que mais o seu aplicativo de edição fotográfica possibilitar.

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A tendência já se espalhou e levou pessoas a modificarem figuras da história, pinturas clássicas, políticos e ícones da cultura pop. Todos eles só tem uma coisa em comum: o exagero extremo dos padrões de beleza contemporâneos.

O termo Yassification é derivado de Yass, uma expressão informal que representa animação exagerada, e circula na comunidade LGBTQIA+ nas redes sociais desde 2020, mas ganhou impulso após a publicação de uma foto da atriz Toni Colette, de Heriditário, receber o tratamento de yassificação. A mudança foi tão absurda que virou meme e fez com que a imagem fosse compartilhada exaustivamente no TikTok e no Twitter. Veja abaixo uma das várias versões do meme:

Yassify Bot

Foi essa imagem que inspirou o usuário do Twitter denominado @YassifyBot a reproduzir o tratamento visual a outras figuras populares da mídia, o que fez com que houvesse uma explosão do assunto. A primeira postagem foi feita no dia 13 de novembro de 2021 e mudou a aparência do presidente dos Estados Unidos Joe Biden e da vice-presidente Kamala Harris:

Desde então, são 136 mil seguidores acumulados e uma legião crescente de fãs que curtem, compartilham e comentam as fotomontagens postadas no perfil. A conta do Bot é administrada por Denver Adams, estudante de arte de apenas 22 anos, de Nebraska, nos Estados Unidos.

Quando começou a brincadeira, suas edições altamente exageradas e artificiais eram despretensiosas, sem a intenção de criar tendência nas redes sociais.. Em entrevista ao site TeenVogue, Adams disse que a ideia é ridicularizar as tecnologias de IA de beleza para mostrar a superficialidade disso. "Iniciei a conta depois que comprei a versão profissional [do FaceApp] e estava vendo todas as coisas que eu poderia yassify. Eu estudo história da arte na escola, então estava colocando todos os retratos clássicos de história da arte no app. Achei que eram hilários", diverte-se.

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Bizarrice com fundo social

Adams diz que recebe vários pedidos diariamente para yassificar várias personalidades, como músicos e artistas, mas são as criaturas de filmes as suas favoritas. Um retrato do Dobby, o simpático elfo da franquia Harry Potter é um claro (e bizarro) exemplo disso:

"Eu recebi tantos pedidos de K-pop, e essas pessoas só querem ver uma versão feminina de seu garoto K-pop favorito e eu fico tipo, como isso é divertido? Não estou julgando, só não entendo como isso é engraçado", declarou à Teen Vogue.

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Todas as edições do Yassify Bot foram feitas na versão Pro do FaceApp, que custa R$ 19,99 por mês ou R$ 119,00 por ano. Adams disse ter comprado apenas a assinatura de um mês, o que significa que só haverá conteúdo por mais alguns dias, pois não pretende renovar a assinatura. Como o assunto ainda está em alta, nada impede que o estudante ou alguma outra pessoa decida continuar "yassificando" pessoas.

O resultado pode ser engraçado, assustador, estranho ou o que mais você quiser, mas não há como negar que a yassification é um meme com um pano de fundo importante de crítica social. Basta ver como os aplicativos de beleza são populares nos dispositivos móveis para ter uma ideia de quanto essa indústria dos retoques digitais movimenta todos os anos — o FaceTune, por exemplo, figura entre os softwares pagos mais comprados da App Store em 2021 aqui no Brasil.

Se a yassificação será uma moda passageira ou não isso ninguém sabe, mas o legado do meme pode permanecer (e incomodar) muita gente...

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Fonte: The New York Times, Teen Vogue, Dazed Digital