Kaspersky é acusada de espionagem e recebe sanções nos EUA; empresa nega
Por Igor Almenara • Editado por Douglas Ciriaco |

A Kaspsersky Lab foi adicionada à lista de entidades que impõem “risco inaceitável para a segurança nacional dos Estados Unidos” pela Comissão Federal de Comunicações (FCC) do país norte-americano. Além da empresa de tecnologia russa, também foram incluídas duas empresas chinesas, a China Telecom e a China Mobile International USA, todas acusadas de impulsionar espionagem internacional.
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Segundo a Bloomberg, a medida é parte dos esforços da FCC no “fortalecimento das redes de comunicação dos EUA contra as ameaças à segurança nacional”. Uma vez na lista, as empresas são impedidas de usar subsídios federais para adquirir equipamentos e serviços.
“Estou satisfeito que nossas agências de segurança nacional concordaram com minha avaliação de que a China Mobile e a China Telecom pareciam atingir o limite necessário para adicionar essas entidades à nossa lista”, anunciou a presidenta da FCC, Jessica Rosenworcel, em comunicado enviado à imprensa. “A adição delas, assim como a da Kaspersky Labs, ajudará a proteger nossas redes contra ameaças representadas por entidades apoiadas pelos Estados chinês e russo que buscam se envolver em espionagem e prejudicar os interesses dos Estados Unidos” completa de forma acusatória.
Em resposta, a dona do antivírus se disse “decepcionada” com a decisão da autoridade estadunidense. “Essa decisão não se baseia em nenhuma avaliação técnica dos produtos Kaspersky — que a empresa defende continuamente —, mas está sendo tomada por motivos políticos”, disse a Kaspersky em nota.
“A Kaspersky continuará a garantir a seus parceiros e clientes a qualidade e a integridade de seus produtos e continua pronta para cooperar com agências governamentais dos EUA para atender às preocupações da FCC e de qualquer outra agência reguladora”, completou a empresa.
Há anos na mira
A relação das autoridades estadunidenses com a Kaspersky está ferida há anos: em 2017, a empresa foi acusada de vazar informações da Agência de Segurança Nacional (NSA) para a Rússia. Na época, a empresa até confirmou o acesso aos dados, mas negou o roubo.
Naquele mesmo ano, o então presidente dos EUA Donald Trump proibiu o uso do antivírus russo pelo governo. A tensão foi alimentada pela suposta interferência da desenvolvedora de software nas eleições do país, na promoção de desinformação e na colaboração com os serviços de inteligência do Kremlin.
A decisão, embora não impedisse o uso do antivírus por pessoas físicas e companhias, ecoou sobre o mercado local: varejistas do país iniciaram um boicote contra o programa, tirando-o das prateleiras.