Fundador da Kaspersky critica pedido de desinstalação de antivírus por alemães
Por Alveni Lisboa • Editado por Douglas Ciriaco |

O fundador e presidente da Kaspersky, Eugene Kaspersky, publicou uma carta aberta na qual comenta sobre a decisão do Escritório Federal de Segurança da Informação (BSI) da Alemanha de recomendar que empresas desinstalem produtos da companhia. A alegação seria que a firma russa poderia ser usada pelo governo de Vladimir Putin para espionar inimigos.
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Para piorar, usuários foram às redes sociais para questionar a empresa e exibir prints com supostos links que direcionariam para um endereço .ru vinculado aos militares da Rússia. Esse conjunto de acontecimentos levou muita gente a ficar com um pé atrás com uma das maiores empresas de cibersegurança do mundo.
Sem entrar em detalhes, Eugene disse que tais afirmações são meras especulações que não têm fundamentação objetiva ou técnica. "Nos vinte e cinco anos de história da empresa, nunca se descobriu nem se provou nenhuma evidência de uso ou abuso da Kaspersky para fins maliciosos, apesar das inúmeras tentativas nesse sentido", ponderou o executivo.
Na avaliação de Kaspersky, a decisão do BSI foi motivada unicamente por motivos políticos. Ele criticou o fato de que a organização defende "a objetividade, a transparência e a competência técnica",mas abandonou os princípios "da noite para o dia".
Falta de diálogo do BSI com a Kaspersky
O executivo afirma ainda que teve apenas algumas horas para entender e responder às acusações feitas pelo BSI. "Isto não é um convite ao diálogo, isto é um insulto", criticou. Ele reforça que a decisão do órgão alemão seria apenas um ataque injustificado contra Kaspersky e todos os seus colaboradores, especialmente os que trabalham na Europa.
Ele lembrou que o BSI ou qualquer outro órgão regulador pode visitar os Centros de Transparência da Kaspersky na Europa, onde estariam localizados servidores e a infraestrutura dos produtos da companhia, para realizar auditorias no "código-fonte, mecanismos de atualização, arquitetura e processos". O executivo ressalta que todos os dados de clientes europeus ficam armazenados na Suíça e não na Rússia.
Eugene Kaspersky relata também que o dano causado à reputação do seu negócio foi significativo. "A única pergunta que faço é: com qual finalidade? Não ter a Kaspersky na Alemanha não fará com que a Alemanha ou a Europa estejam mais seguras", concluiu.
Por fim, o fundador da empresa de cibersegurança disse que está aberto ao diálogo e disposto a esclarecer tudo "de forma objetiva, técnica e honesta". "Estou totalmente empenhado em fornecer qualquer informação e cooperação que sejam necessárias da Kaspersky durante este processo", finalizou.
A invasão da Ucrânia pela Rússia é um marco na história que vai além da destruição e das mortes. Empresas ocidentais aplicaram sanções pesadas contra os russos, o que inclui também as empresas fundadas no país. Resta saber agora se o BSI e outras entidades regulatórias vão buscar uma aproximação com a Kaspersky ou se manterão a recomendação.
Fonte: Kaspersky