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iFood é acusado contratar empresa para boicotar paralisação dos entregadores

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 04 de Abril de 2022 às 19h31

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O iFood foi acusado de criar perfis falsos em redes sociais, manipular assuntos e infiltrar agentes em manifestações para atrapalhar o movimento de greve dos entregadores. Segundo apuração da Agência Pública o esquema que envolveria empresas de publicidade e estratégias orgânicas para disfarçar a manipulação.

Segundo a denúncia, um funcionário de uma agência de inteligência e monitoramento digital prestava serviços em uma campanha contratada pelo iFood. O objetivo dele seria mudar o foco da greve para a vacinação prioritária para os motoristas, em uma tática para fazer a pauta pró-vacina se sobrepor às reivindicações contra as condições ruins de trabalho.

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Durante o ato, o homem teria divulgado um abaixo-assinado que pedia a vacinação prioritária. Essa petição online foi criada cerca de sete dias antes pela equipe da agência, quando souberam da possível greve marcada. O fato ocorreu em abril de 2021, quando o processo de vacinação ainda estava no início para muita gente, o que chamou a atenção da imprensa.

Para legitimar tudo, conforme a Pública, perfis falsos foram criados para disseminar publicações manipuladas e comentários construídos por agências a serviço do iFood no Twitter e Facebook. Até páginas teriam sido usadas para suporte à narrativa: a fanpage de conteúdo político Não Breca Meu Trampo e a página de memes Garfo na Caveira.

A denunciante teve acesso a mais de 30 documentos das campanhas, como relatórios de entrega, cronogramas de postagens, vídeos, atas de reuniões e troca de mensagens entre profissionais. A Pública garante ter conversado com quem trabalhou nas agências envolvidas que confirmaram a campanha, com duração de 12 meses.

Manipulação da opinião pública

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O passo a passo relatado na matéria, supostamente criado pelo iFood e agências parceiras, visava taxar a greve como um movimento político, associado à esquerda, para tentar afastar os entregadores. A estratégia parece ter dado resultado em 2021, mas neste ano foi realizada outra manifestação ainda maior.

Conforme a matéria, tudo teria sido feito com bastante cautela para não parecer artificial. Memes, conteúdos publicitários e outras estratégias foram usadas sem a assinatura do iFood para favorecer os ideais da empresa.

Ideias e opiniões foram criadas em um estilo que copia a escrita e a forma de comunicação dos entregadores. Com a narrativa bem construída, ninguém desconfiaria de publicações com erros de português e formas próprias de falar. Em uma das conversas publicadas, dá para ver a diretriz de um chefe para "criar um leve rumor" nas redes sociais sobre o assunto de interesse do cliente.

Esses rumores foram claramente mencionados por um briefing que elencava o uso de páginas de Facebook e perfis do Instagram, Twitter e Facebook para consolidar essa estratégia. Em dado momento de uma conversa de WhatsApp, um dos interlocutores menciona o fato de essa ser uma prática bem comum das empresas de publicidade.

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Além dos documentos e conversas de WhatsApp, a Pública também tem depoimentos em áudio, vídeo e texto que comprovam a denúncia.

O que diz o iFood?

O iFood se manifestou diretamente na matéria e o Canaltech reproduzirá a resposta na íntegra:

"A respeito da solicitação da Agência Pública, o iFood informa que não teve acesso aos documentos mencionados e, portanto, não pode opinar sobre o conteúdo destes. A empresa recebe regularmente abordagens e propostas de campanhas de diversas agências de comunicação, porém nunca teve relação comercial com a empresa SocialQi. A atuação do iFood nas redes sociais se dá estritamente dentro da legalidade, não compactuando com o uso de perfis falsos, geração de informações falsas, automação de publicações por uso de robôs ou compra de seguidores. O iFood realiza suas comunicações institucionais apenas por seus canais oficiais e contrata agências, como a Benjamim Digital, especializadas em pesquisa de opinião, campanhas de comunicação e monitoramento de redes sociais que acompanham temas em diferentes plataformas.”
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Fonte: Agência Pública