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Como funcionam esquemas de campanhas de disparos em massa no WhatsApp?

Por| 22 de Outubro de 2018 às 11h19

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Tudo sobre WhatsApp

Faltando poucos dias para o segundo turno das eleições, foi revelado, na semana passada, uma série de esquemas que usam o número de telefone dos usuários do Facebook para criar grupos no WhatsApp e, então, enviar mensagens em massa. A controvérsia foi tamanha que a BBC News decidiu investigar como funciona essa ação.

Ferramentas que fazem esse tipo de trabalho são encontradas facilmente na internet, custando até R$ 1.300, seja de forma legal ou ilegal. Também é possível encontrar vídeos explicativos nos sites das fornecedoras do serviço ou em canais no YouTube, que explicam passo a passo como executar a ação.

A reportagem da BBC News entrou em contato com diversas pessoas que, de alguma forma, estiveram ou estão envolvidas no esquema, desde marqueteiros e militantes, até usuários que foram adicionados sem consentimento. Para alguns especialistas, a prática pode ser considerada crime eleitoral e, em resposta, o WhatsApp disse estar investigando a denúncia e tomando medidas legais, que começaram a acontecer na semana passada com o banimento de centenas de milhares de contas suspeitas. Também procurado pelo veículo, o TSE não deixou claro se a prática se trata de um crime eleitoral.

Disparos

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De acordo com a apuração da BBC News, o usuário do WhatsApp precisa selecionar previamente qual será o público-alvo dos disparos com a ajuda de palavras-chave, páginas ou grande público. Os dados, então, são coletados e inseridos em uma planilha. Todo esse processo, que consegue angariar quase mil números de telefone de cada vez, leva menos de 10 cliques e 10 minutos. O próximo passo é criar automaticamente grupos com até 256 pessoas.

As listas ainda contam com números de usuários que informaram os telefones voluntariamente, adquiridos com a compra de bases de dados vendidos legalmente, como da Serasa, ou com o furto de informações de companhias telefônicas.

A reportagem também conta com relatos de pessoas que foram inseridas em grupos sem autorização e que não haviam informado seus números em nenhuma lista ou campanha, mas que estavam cadastrados no Facebook.

"Depois de um ou dois dias, fui colocada em outros oito grupos. Todos com nome Bolsonaro 2018 ou Lula Livre 2030. Isso nunca tinha acontecido comigo ou com nenhum outro amigo. Eu tirei print das telas e bloqueei todos [os grupos]", disse uma das entrevistadas.

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Regras de uso

A BBC News relatou que a comercialização de bancos de dados para campanhas eleitorais são proibidas, significando que isso só pode ser feito com bancos de dados do próprio político, com informações cedidas pelos próprios eleitores.

O Facebook afirma que as ferramentas violam suas regras de uso, mas não informou se executou medidas para evitar que os números de telefones sejam coletados ilegalmente dos cadastros. "Nós levamos isso muito a sério e estamos investigando este caso em específico", contou a plataforma à reportagem.

Mas, em nota, o WhatsApp já havia informado que está implementando medidas para evitar a desinformação.

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"O WhatsApp baniu proativamente centenas de milhares de contas durante o período das eleições no Brasil. Temos tecnologia de ponta para detecção de spam que identifica contas com comportamento anormal para que não possam ser usadas para espalhar spam ou desinformação. Também estamos tomando medidas legais imediatas para impedir empresas de enviar mensagens em massa via WhatsApp e já banimos contas associadas a essas empresas", revelou o mensageiro.

Já o TSE afirmou que "não há uma legislação eleitoral específica para o WhatsApp e correlatos", mas que a propaganda eleitoral na web é regida pelo Marco Civil da Internet, que trata de questões de conteúdo de terceiros, mas não de aplicativos. Com isso, a responsabilidade pela informação circulada na internet não é da plataforma.

Fonte: BBC News