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Há um ano morria Stan Lee, o pai dos heróis mais humanos dos quadrinhos

Por| 13 de Novembro de 2019 às 17h08

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Stan Lee
Stan Lee
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Quais são as maiores diferenças da Marvel Comics para a DC Comics? Bem, a primeira são como humanos querendo ser deuses, enquanto a segunda é justamente o contrário. Em vez de Gotham City, Coast City, National City, seus heróis são baseados em Nova Iorque, San Diego, Los Angeles. O maior ícone da Casa das Ideias não tem o queixo quadrado e é milionário. Sua maior cria é um adolescente bipolar pobre que é órfão e mora com a tia. E grande parte da caracterização desses personagens mais falíveis e mundanos, nós devemos a Stan Lee, que há mais de um ano nos deixava — ele morreu aos 96 anos, no dia 12 de novembro de 2018.

Inicialmente conhecido como Stanley Martin Lieber, o cara simplesmente está por trás das criações mais populares dos quadrinhos de super-heróis. X-Men, Quarteto Fantástico, Homem-Aranha, Hulk, Homem de Ferro, Demolidor, Thor, Homem-Formiga, Pantera Negra, Doutor Estranho… ele, literalmente, criou personagens aos milhares.

Há um ano morria Stan Lee, o pai dos heróis mais humanos dos quadrinhos
(Imagem: Reprodução/Marvel Comics)

Sua grande característica era fazer justamente o que ele diz, interpretando a si mesmo, a Brodie (Jason Lee), em Barrados no Shopping, de Kevin Smith: “Eu segui com minha vida, criando alguns novos super-heróis especiais. Eles eram personagens que refletiam meu próprio coração partido e arrependimento. Doutor Destino usa uma armadura para esconder seu corpo mutilado. Era eu embaixo da armadura. O Hulk, em um minuto é um cara normal e no outro é um mar de emoções. Era eu, pensando no que já perdi”, disse.

Fase turbulenta

Muita gente esquece, mas Stan viveu muitos altos e baixos, especialmente a partir de meados dos anos 80. Depois de já ter feito revolucionado a Marvel Comics dos anos 50 a 70, quando parou de escrever quadrinhos, ele passou a participar dos planos de expansão da Marvel Entertainment, grupo que começou a cuidar de tudo que girava em torno das marcas popularizadas nas revistas — brinquedos, desenhos animados, games, camisetas, enfim, tudo envolvendo merchandising, e, claro, as adaptações.

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Suas tentativas de levar os personagens para a TV e o cinema tiveram alguns acertos, a exemplo das animações do Homem-Aranha e da série do Hulk, ambos nos anos 70. Mas a maioria não teve êxito, incluindo filmes do Capitão América, Quarteto Fantástico e do Hulk, que, em 1989, teve um filme digno da fileira trash, O Julgamento do Incrível Hulk. Aliás, essa foi a primeira vez que Stan fez suas hoje famosas aparições.

Há um ano morria Stan Lee, o pai dos heróis mais humanos dos quadrinhos
(Imagem: Reprodução/Alan Light)

Nos anos 90, ele teve divergências sobre ações e direitos autorais, inclusive com o parceiro de criação do Homem-Aranha, Steve Ditko; e passou a ser mais uma figura de representação da Marvel mundo afora do que um executivo com algum controle sobre a empresa. Muitos de seus personagens passaram a década sendo deturpados, o que até acarretou a falência do grupo.

Ele até mesmo chegou a se desligar da empresa, criando sua própria companhia, com seus novos heróis — e chegou a reimaginar alguns ícones da rival DC Comics.

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Seu sonho realizado nas telonas

A recuperação da Marvel Comics com a revitalização de franquias como Vingadores, Thor e Capitão América, juntamente com o crescente sucesso das adaptações, a partir de X-Men (2001), voltou a torná-lo relevante aos poucos. E então, a partir de Homem de Ferro (2008), ele definitivamente retornou ao posto de “cara da Marvel”.

Stan resolveu boa parte de seus problemas com ações e direitos autorais e passou a se dedicar da mesma forma que fazia ao deixar os roteiros para levar suas criações a um público mais abrangente. Ele fez questão de participar de todos os filmes que pôde, inclusive na divulgação, seja pela Fox, Sony, Universal ou Marvel Studios.

Há um ano morria Stan Lee, o pai dos heróis mais humanos dos quadrinhos
(Imagem: Reprodução/US Embassy Tokyo )
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Nos últimos anos de vida, ele já tinha dificuldade de viajar e muitos diziam que vinha sendo maltratado pela própria filha. Seu ex-assistente também teria se aproveitado de seu estado de idade avançada para falsificar assinaturas para empréstimo bancário. No final, Stan chegou a negar tudo, talvez porque apenas estivesse cansado e querendo se despedir.

Stan Lee apareceu em mais de 60 filmes e seriados sobre suas criaturas e a última vez que o vimos foi em Vingadores: Ultimato. Dá para dizer que ele foi com seu sonho realizado. O cinema, o entretenimento e a vida de milhares de fãs — inclusive os que ainda não nasceram — nunca mais serão as mesmas depois dele ter nos mostrado que nós, no final, temos algum em comum: no fundo, todos temos algo dos heróis da Marvel; todos somos humanos querendo ser deuses, e, no fim, podemos ser interessantes justamente porque somos falíveis.