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Drones "semeiam" nuvens e podem fazer chover em lugares secos

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 07 de Maio de 2021 às 09h15

Reprodução/Envato
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Os cientistas estão literalmente tentando fazer chover no deserto. Um novo método para provocar chuva em locais com pouca água começou a ser testado nos Emirados Árabes Unidos por pesquisadores da Universidade de Bath, no Reino Unido. Eles utilizam drones não tripulados para “semear” as nuvens com descargas elétricas.

Técnicas mais antigas usam aeronaves voando em baixa altitude ou foguetes lançados do solo para levar partículas sólidas, como sal ou iodeto de prata, para dentro das nuvens. Já os drones são equipados com instrumentos e sensores que emitem cargas elétricas e podem ser direcionados para o interior de nuvens mais baixas.

Como as nuvens já possuem naturalmente cargas positivas e negativas, a alteração provocada pelos drones no equilíbrio dessas cargas estimula a fusão de gotas suspensas a fim de produzir chuva.

Descargas elétricas estimulam a produção de chuva (Imagem: Reprodução/University of Bath)
Descargas elétricas estimulam a produção de chuva (Imagem: Reprodução/University of Bath)

O escolhido

O drone eleito para entregar cargas elétricas no meio das nuvens é um Skywalker X8 adaptado para o serviço. Ele é capaz de realizar operações de longo alcance, incluindo a capacidade de escalar a altitudes de até três quilômetros.

Com uma envergadura de pouco mais de dois metros entre uma asa e outra, o X8 pesa cerca de 5 kg e foi projetado para carregar os equipamentos científicos sem comprometer a estabilidade de voo. Ele também voa de forma autônoma, com um sistema alimentado por baterias de polímero de lítio.

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Skywalker X8 e seus sensores (Imagem: Reprodução/University of Bath)
Skywalker X8 e seus sensores (Imagem: Reprodução/University of Bath)

Para garantir um maior contato entre a carcaça do drone e as condições atmosféricas dentro das nuvens, os sensores foram instalados no nariz e nas asas da aeronave, e todo o controle do X8 é feito por radiofrequência, em terra firme.

Os testes

Os primeiros testes para demonstrar que o drone era capaz de estimular a precipitação de chuva foram feitos no Reino Unido. "Fizemos os testes aqui e mostramos que podemos liberar a carga da aeronave e controlá-la do solo. O próximo passo é repetir esses experimentos nos Emirados Árabes Unidos, onde o ambiente elétrico é muito diferente do Reino Unido, devido aos altos níveis de poeira e partículas de aerossol", diz o professor Keri Nicoll.

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A precipitação média nos Emirados Árabes é de aproximadamente 100 milímetros por ano, quantidade extremamente baixa quando comparada com o Reino Unido, onde a pluviosidade média anual é de 885 milímetros.

“O estresse hídrico é um grande problema na maior parte do mundo árabe. A escassez de água também é um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta, e as mudanças climáticas estão proporcionando mais incerteza em relação às chuvas", acrescenta o professor Nicoll.

Deserto de Dubai nos Emirados Árabes Unidos é um dos mais secos do mundo (Imagem: Reprodução/Envato)
Deserto de Dubai nos Emirados Árabes Unidos é um dos mais secos do mundo (Imagem: Reprodução/Envato)

Na prática

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Os primeiros voos de drones semeadores de chuva nos EAU devem acontecer nos próximos meses, período em que a falta de chuva é ainda mais severa na maioria dos países da região.

“É provável que a descarga elétrica nas gotículas de nuvem não substitua os métodos de semeadura já estabelecidos, mas pode funcionar junto com essas técnicas para maximizar a eficiência”, diz a diretora do Centro Nacional de Meteorologia do país, Abdulla Al Mandous.

Em todo o mundo, cerca de 50 países possuem programas de incentivo para estimular a produção de chuva em seus territórios. Em 1950, o estado do Ceará realizou experimentos de semeadura de nuvens para tentar contornar a seca no Semiárido. Mas o programa foi encerrado no ano 2000 por não apresentar resultados significativos.

Outras tentativas foram feitas nos estados da Bahia, Paraná e em São Paulo, mas os projetos não foram adiante por serem caros demais e ainda levantarem muitas dúvidas sobre sua real eficácia.

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Fonte: University of Bath