Exército digital pró-Ucrânia atrapalhou monitoramento sobre russos, dizem EUA
Por Felipe Demartini | Editado por Claudio Yuge | 13 de Junho de 2022 às 19h20
O celebrado exército digital ucraniano, que reuniu especialistas e interessados de todo o mundo em atividades digitais contra estruturas e sites da Rússia, não foi tão bem visto assim pelo governo dos Estados Unidos. De acordo com o diretor de cibersegurança da NSA (Agência de Segurança Nacional, na sigla em inglês), Robert Joyce, as atividades dos Ativistas dificultaram o monitoramento de possíveis ofensivas contra a infraestrutura americana.
- Mercado de ransomware deve gerar US$ 100 milhões em prejuízos até 2027
- Bluetooth pode ser usado para rastrear celulares e notebooks
A fala veio durante uma palestra na RSA Conference, um dos mais prestigiados eventos de segurança digital do mundo. De acordo com Joyce, o grande desafio dos primeiros dias do conflito entre Rússia e Ucrânia foi trabalhar na cooperação entre países e organizações internacionais, para que eventuais ataques contra aliados fossem identificados e mitigados antes de causarem prejuízos. De acordo com Joyce, houve aumento significativo nas ofensivas e, também, nas operações de espionagem.
Enquanto o diretor da NSA enxerga avanços nas alianças e no compartilhamento de informações, na medida em que todos tentavam se preparar para possíveis ataques, o exército digital formado pela Ucrânia representou um desafio adicional. “Por mais que a gente quisesse torcer por eles, o lançamento de ataques causou problemas no monitoramento e dificultou a adoção de normas [para cooperação internacional]”, explicou Joyce.
O principal obstáculo, apontou ele, foi diferenciar o volume de ataques realizados pelos ativistas — a quem chamou de “cibervigilantes” — e eventuais operações vindas da Rússia ou de países aliados a ela. Daí, afirmou, veio um dos motes da vigilância durante o período de conflito, com os envolvidos nos trabalhos trabalhando de acordo com uma filosofia de “ter medo e esperar o pior”.
Felizmente, de acordo com ele, não existiram ofensivas significativas como as esperadas pelo governo dos EUA, principalmente contra infraestruturas e serviços essenciais do país. Por outro lado, Joyce considerou positivo o aumento na cooperação entre países e empresas, além da elevação do nível de alerta, que devem aumentar a resiliência e a vigilância contra ataques iminentes.
O jornalista acompanhou o evento em formato digital, a convite da Tenable.