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Teoria da relatividade é validada mais uma vez em observação de buraco negro

Por| 29 de Julho de 2019 às 14h00

ESA
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Investigando o buraco negro supermassivo Sagittarius A*, que fica no centro da Via Láctea, astrônomos da Universidade da Califórnia validaram, mais uma vez, a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein, que segue como a melhor descrição de como a gravidade funciona em todo o universo.

A teoria diz que a gravidade resulta de como a massa distorce o "tecido" do espaço-tempo – quanto maior a massa de um objeto, mais forte será sua atração gravitacional. As previsões de Einstein já foram testadas amplamente nos últimos 100 anos em campos gravitacionais mais fracos, como o da Terra e demais objetos do Sistema Solar, e as observações em objetos muito mais massivos, como os buracos negros, são importantes pois, em campos gravitacionais muito intensos, seria possível, de repente, descobrir violações da relatividade geral a ponto de se criar novas teorias para explicar mistérios cósmicos como a matéria escura e a energia escura, por exemplo.

Mas "Einsten está certo, ao menos por enquanto", conforme afirma Andrea Ghez, co-autora principal do estudo publicado na revista Science. Ela segue dizendo que "as observações são consistentes com a teoria da relatividade geral de Einstein; entretanto, sua teoria está definitivamente mostrando vulnerabilidades: não pode explicar completamente a gravidade dentro de um buraco negro, e em algum momento precisaremos ir além da teoria de Einstein para uma teoria mais abrangente da gravidade".

Para o estudo da vez, os cientistas monitoraram a estrela S0-2 em 2018, quando ela se aproximou de Sagittarius A* durante sua órbita de 16 anos. Ela chegou a 120 unidades astronômicas (AU) do buraco negro, viajando a 2,7% a velocidade da luz. Vale lembrar que uma AU é a distância média entre a Terra e o Sol, pouco menos de 150 milhões de quilômetros. O Sagittarius A* tem cerca de 4 milhões de vezes a massa do Sol e tem cerca de 23,6 milhões de quilômetros de diâmetro.

Imagem conceitual mostra a estrel S0-2 (azul e verde) se aproximando de Sagittarius A*, com o enorme campo gravitacional distorcendo o espaço-tempo (Imagem: Nicolle R Fuller / National Science Foundation)
Imagem conceitual mostra a estrel S0-2 (azul e verde) se aproximando de Sagittarius A*, com o enorme campo gravitacional distorcendo o espaço-tempo (Imagem: Nicolle R Fuller / National Science Foundation)

Então, contando com os observatórios Keck, Gemini e Subaru, a equipe rastreou a órbita completa da S0-2 em 3D, combinando depois esses dados com medições feitas nos últimos 24 anos. Os pesquisadores analisaram o chamado redshift gravitacional, presente na teoria de Einstein, no qual a gravidade pode distorcer a luz — a luz "caindo" em direção a um campo gravitacional é deslocada para o extremo azul do espectro, enquanto a luz que escapa do campo gravitacional fica avermelhada (no chamado redshift).

"Estas medições sinalizam o início de uma era onde podemos finalmente testar a natureza da gravidade usando as órbitas de estrelas ao redor do buraco negro supermassivo no centro de nossa galáxia. Isso tem sido previsto há muito tempo teoricamente, mas é realmente emocionante que possamos finalmente observá-lo. Este é um marco no caminho para futuros testes mais poderosos da relatividade geral e outras teorias da gravidade", declarou outro principal autor do estudo, Tuan Do.

O estudo mostra, então, o redshift sofrido pela estrela S0-2 por conta da aproximação com a gravidade extrema do buraco negro supermassivo da Via Láctea, com os resultados sendo consistentes com a teoria de Einstein. "Foi surpreendente ver previsões da teoria da relatividade geral funcionarem mesmo que os buracos negros não fossem sequer conhecidos quando Einstein as criou", disse Do.

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Outro alvo da equipe para continuar seu trabalho de investigar a relatividade geral em buracos negros é a estrela S0-102, que tem a menor órbita entre as mais de 3 mil estrelas que estão próximas ao Sagittarius A*, com uma órbita completa de apenas 11,5 anos.

Fonte: Space.com